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quarta-feira, maio 10, 2006

Diálogo Monologado

Mr. TRYING PEOPLE:
- Como te ia dizendo Mr. Background No Chance, este projecto teria como protagonista a rua ou seja um amontoado de elementos exteriores ( fachadas de edifícios, caixotes de lixo, carros, multidões, vendedores ambulantes, lojas, etc) e decorativos do ambiente, á noite e durante o dia. E essa rua deve ser um estímulo visual, um jogo de espaços, de linhas, de luzes, de pretos e brancos, claro e escuros, etc. É a partir do conjunto da cena anterior que poderia ser destacado um olhar de uma criança de rua – um olhar «excessivo», que revela ou intimida.
(SILÊNCIO)
- Procurar-se-ia uma montagem livre que altera enquadramentos subjectivos e objectivos, que avança mais por analogias que por uma ordem sequencial. Isto porque a estrutura (para entrar nas malhas da história) é a da averiguação. A intenção é perseguir os factos, de surpreender as ondas excêntricas dos putos de rua mas também surpreendê-los em momentos de puro desespero perante um presente que não oferece oportunidades.
(SILÊNCIO)
- A visão sintetizada seria a de uma «liberdade em estado selvagem».Como a luz e a escuridão são os sinais para alem dos quais não se pode ir [porque são o início e o final da visão] e uma vez que a voz é também um elemento estilístico podendo substituir a imagem criar-se-ia uma cena na qual a voz empedernida de uma criança ressoe como um lamento na escuridão completa de um ecrã, durante alguns segundos.
(SILÊNCIO)

- Como o olho que regista aqueles acontecimentos [o desbaratar de alimentos nos caixotes, o pedido de esmola, a corrida, os risos, as entrevistas, etc.] descreve também o progressivo alheamento da realidade, o gesto de ruptura, o «corte traumático com o consolidado, teríamos que voltar a rua num plano geral do caos na qual se perdem os putos de rua.
Todo o documentário alicerçar-se-ia em gestos, luzes, atitudes, movimentos de imagens, reflexos, depoimentos de uma mesma ideia – aquilo que não é declarado, a suspensão do juízo por parte das autoridades.

(SILÊNCIO)

- Dever-se-ia arranjar um protagonista declarado que tenha o seu esconderijo e os seus locais favoritos de vagabundagem. A partir daqui, numa atmosfera de ficção, proceder-se-ia a uma «perseguição da realidade» na qual se analisa uma evolução em acto, as mudanças na psicologia e nos sentimentos desse protagonista bem como os seus depoimentos declarados. Tudo mediante uma narração livre.

Mr. BACKGROUND NO CHANCE:
- Vejo boas intençóes no teu projecto, Mr. Trying People. Mas lamento dizer-te que näo há recursos . Alem disso a sua abordagem é muito pouco ortodoxa para o nosso público, compreendes?

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