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segunda-feira, janeiro 22, 2007

Projectos Audiovisuais Colectivos

Num sector dificil progressão, dada á escassos apoios e subvenções, e que ainda por cima requer recursos onerosos para arrancar projectos, a criação de produtos audiovisuais colectivos está ganhando cada vez mais terreno. Em Lisboa já existe a U10, um grupo de criativos na área da videoarte, que adoptou esta estratégia como método de trabalho e já conta com inúmeras exibições em espaços como a Alquimia. Em Bilbao conheci um colectivo com uma estranha postura face a Televisão pública e cujos principios e metodos estão cristalizados no próprio nome adoptado: Amatau TV [que significa, em euskera, Apaga a TV]. A sua ideia inicial era lutar contra a hiperinflação das imagens provocadas pelas televisões generalistas, criando objectos audiovisuais híbridos, estranhos e que relembram as origens da específica arte de registar imagens e movimentos. Infelizmente a trajectória desse colectivo sofreu um desvio diferencial e começou-se a pensar na criação de uma televisão pirata, traindo, desta forma, o projecto original.

O mais recente filme Paris, Je táime apoia ainda mais esta tendência: vinte bairros de Paris, 20 realizadores reinventando histórias de amores roubados, passageiros, revelado (como esse.«O Marais» visto por Gus Van Sant), assim como história vampirescas. Elucidativo, apesar de raro.

A receita é simples e práctica: um a favor de todos e todos a favor de um. Com esta filosofia se pretende escrever e filmar projectos mais humanos e criativos.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Jorge Garcia: poesia que emerge neste Tempo de Lobos

“E minha dor é teu silêncio!...”
Ovídio Martins

PORRE DE UM CORAÇÃO MAGOADO

Bateu-me à porta, a mão nefária do desamor.
Eu que pensava que fazíamos um lindo par,
vejo que afinal eras harpia, em vez de, anjo!
Messalina e não Penélope!

Oh, insensato tesouro do peito!

Desesperado, busco guarida na noite vadia
com seus milhares de olhos.
Sem tua luz para iluminar meu caminho,
vejo minha triste sina nas asas de um luz-em-cu.

Só então dou-me conta de, novamente,
estar a trilhar os escuros passos de Nalvinha,
aquela que sonhava ser modelo em Paris.

Sinto as pernas trôpegas.
Mesmo assim, continuo minha noctambulação.
Um cão azul recita litanias ao cio da lua,
o cri-cri cintilante dos grilos,
o sincopado ébrio da gaita e do ferrinho,
o cuspe do bêbado no chão do buteco,

“A rua das putas” cheia de buracos e de vida,
o aroma esmeralda do pão,
um ranger de estomâgo vazio,
o Salão “Armonia”,
o hálito fétido a felação e mijo do beco.

Letras infectas que ameaçam: “SIDA STA MATA / LIBRA!”.

Tropeço.
Vida de porre, vida de merda,
tudo mictório, latrina, excremento!

Caio.
Crash, a garrafa se parte.
Um caco de vidro entra
bem no fundo de minha alma exangue.

Estou feliz! Não sinto dor, nem vejo sangue.

Não sinto nada. Não preciso de nada:
nem futuro, nem liberdade
- se minha liberdade era estar preso em ti -,
só um epitáfio em meu túmulo: eu morto, tu viva!
Qual a sensação?

Na verdade, o que dói e interessa e faz sentido
é esta promessa de loucura do outro lado da linha.
Jorge Garcia

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Flogging

O fenómeno flogging [termo que resulta de uma contracção de fake (farsa) com blogue] já anda por aí: trata-se da criação de blogues promocionais por parte de departamentos de marketing e comunicação ou através de empresas especializadas, com o objectivo de promover productos, serviços ou marcas. O envolvimento da empresa no site nunca é revelado.
A criação destes falsos blogues insere-se no âmbito de um marketing viral, explorando a necessidade que os consumidores têem de partilhar informação e o facto dos comentários inseridos em blogues serem considerados isentos para conquistar o interesses dos leitores.
O único problema é que se as empresas forem descobertas podem ver a sua credibilidade seriamente prejudicada.

terça-feira, janeiro 16, 2007

«Isto é meu»: Mesquitela Lima

A imagem com que fiquei de Mesquitela Lima ocorreu no acto da sua jubilação na Universidade Nova de Lisboa onde ele era professor catedrático desde 1975. A dada altura da sua alocuação pegou na obra que escreveu, levantou-a a altura dos ollhos e disse «isto é meu. brinco com ela e faço o que quiser com ela.». De facto poucos catedráticos oriundo das ex-colónias portuguesas tiveram obras tão marcantes no seio dos estudantes e da comunidade científica como a que ele teve.

terça-feira, janeiro 09, 2007

Neste Tempo de Lobos

Estou preocupado porque sinto que há no ar muita pressa em matar. Há muita gente neste comboio e não há destino. Todas as estações me parecem iguais e todos estão acotovelando-se para ver quem entra. Muitos são lançados pela janela; outros lançam-se sozinhos, já fartos e rotos. Há muita pressa em matar porque já não há espaço e temos que respirar ou porque há demasiada gente á volta dos números? . Não sei ... a sério que não sei de nada ... nem sei se deveria preocupar-me... nem sei se escrevo estas linhas... nem sei... pelo menos até passar esta maldição de não sei quê...

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Os hits de 2006 na Ciência

Justo quando faltam três dias para o começo do Ano Polar a revista Science, editada pela Associacão Americana para o Avanço da Ciência (EE UU) considerou como um dos maiores acontecimentos do ano, o degelo dos pólos - concequência das Mudanças Climáticas, facto demonstrado com o informe Stern e divulgado pelo aclamado documentário de Al Gore «Uma Verdade Incômoda». O aviso vale para todo o Mundo: 2006 foi declarado o ano mais quente da História. Mas houve mais hits. Foi também o ano da resolução do teorema de Poincaré (em quatro dimensões, qualquer espaço cerrado seria equivalente a uma esfera) e do anuncio, recente, de possíveis cruzamentos entre Neanderthais e Homo Sapiens, atravéz da análise do ADN dos primeiros. Alem disso, a NASA recuperou o fólego para desvendar os segredos de Marte com as imágens da Mars Global Surveyor (já inactiva) na qual viram o que poderia ser rastos de água recente e, talvez, vida bacteriana.

«Apocalypto» de Mel Gibson

«Apocalypto» ou de como uma civilização inteira desaparece.

terça-feira, janeiro 02, 2007

2007 - Ainda vamos com sorte.

Para quem não acredita na Sorte e acha que é a Providência o que conta deve, pelo menos, desconfiar da racionalidade do Homem em se manter neste planeta.