O melhor de dois mundos - a ocidental e oriental apresenta-se, a meu ver, sob duas formas de consciência expansivas, uma mais racionalizante e metódica do que a outra. Ambos constituem de certo modo o alfa e o ômega da consciência e do labor humano. Isso vem a propósito de algo que li na revista «Exame» sobre gestão e economia: «Sri Sri Ravi Shankar ensina produtividade Zen - uma técnica de respiração indiana ensinada no local de trabalho promete aumentar a produtividade. A PT é uma das 30 empresas que já aderiram.» O guru Sri Sri Ravi Shankar, que já tem milhões de seguidores, criou a Fundação «Arte de Viver» e concebe cursos específicos para empresas onde são ensinadas técnicas de respiração para elevar a satisfação e a produtividade. A busca activa do satori - a libertação ou iluminação - está incluída num programa empresarial mais vasto chamado Achieving Personal Excelence. Neurologistas indianos demonstraram, até esta altura,, que a práctica regular da sudarshan kriya processo de respiração com vários ritmos tem uma taxa de sucesso de 68 a 73% no tratamento da depressão no local do emprego. Respirar com consciência e meditar são prácticas que têem vindo a prender a atenção do mundo ocidental. Com isso a práctica Zen ultrapassou as portas dos templos budistas orientais para chegar ao mundo do trabalho. São os tempos: importamos espiritualidade.
Outro mundo é aquela que parte do conceito originalmente adoptado por Weber: zweckrationalitãt (racionalidade instrumental) e que Feinberg faz recair na importância dos símbolos para a vida pessoal e para a estabilidade social. Não podemos ter uma coerência individual e vida colectiva sem avaliarmos a nós próprios como símbolos e modelos racionalizantes. Isto para a realidade quotidiana é de extrema importância. Ambos os mundos podem ser conciliados, a meu ver, se pretendermos manter-mo-nos «normais» neste tempo de lobos. Seja como for, para muita boa gente basta simplesmente pegar numa bicicleta ao final do dia e avançar em direcção ao pôr do sol...