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quinta-feira, março 27, 2008

Teatro ou ... «my mental condition is illegal»

Está aí uma arte que ainda não esgotou todas as suas possibilidades. Uma pessoa está à beira da loucura e porque leu uma obra de Beckett que lhe sussura «podes aproveitar isso» ou uma frase de Nietzche que lhe segreda aos ouvido «a loucura é rara nos indivíduos mas que é norma nas colectividades» resolve, por isso, subir para palco e terapiar-se em meia ou uma hora. Mas há técnicas que é preciso aprender - a colocação de voz, o timbre, a postura corporal, o controlo de si e do público, etc, etc. Já vi muito teatro por aí que não é exactamente o que se prega á volta disso. «Será isso teatro!?» Quantas vezes fazemos essa pergunta ao sair de um espectáculo. Bem, «tudo é teatro» - responderá certamente alguem com bom senso. Não é por acaso que certos criadores têem aproveitado dos loucos e doentes mentais para a sua criação inserindo-os em contexto alheios aos estabelecimemto psiquiátricos. E as prisões? O que se faz com o facto de hoje em dia sentirmo-nos prisioneiros, refens das pessoas sem que tenhamos físicamente correntes ou mordaças . Que teatro se pode fazer apartir disso? Há algum que tenha já sido feita na cidade da Praia? Ah, espera aí não há nenhum teatro ou cinema a funcionar no país. Com o actual estado do mundo e neste tempo de lobos o teatro não deveria funcionar a tempo inteiro em várias sessões diárias para todas as idades e mentalconditions ? Ou estarei enganado? Mas não sou eu quem poderia dizer mais sobre o assunto até porque, a meu ver, alguem já disse tudo o que precisamos saber sobre as origens do teatro. E não é nenhum historiador ou director teatral. Basta ler as obras de Michel Foucault.

sexta-feira, março 14, 2008

Mulher

Estou de castigo estes dias. Chamaram-me de criança, infantil e mandaram-me escrever uma composição sobre a mulher por ter infringido uma das suas regras básicas. Por isso cá vai a composição, como as que costumamos fazer na escola primária:


Composição


«A Mulher»


A Mulher é uma criatura rara (ponto). Faz as coisas com determinação, pensa em vários assuntos ao mesmo tempo e é demasiado séria nas negociações (ponto). Decididamente ela já fez cair o mito do sexo fraco. Mas numa coisa continua sempre mulher, sempre ela: a sua própria composição (ponto parágrafo).

A necessidade imperiosa de se sentir adorada leva-a, por vezes, a trair-se nesse intento quando, por exemplo, leva involuntariamente os dedos ao cabelo a meio de uma reunião de trabalho enquanto observa o potencial admirador ou mesmo quando, abusivamente, não quer parar de falar sobre um não sei quê de inovação (ponto). Para se elevar ao pedestal de idolatrada e venerada está disposta a tudo até a transmutar-se nas suas origens e modos (ponto e continua na mesma linha). A mulher africana quer parecer-se com a latina alisando o cabelo, pintando os lábios; a mulher latina quer parecer-se nórdica, alisando ainda mais o cabelo, branqueando-a, acinzentando-a e esforça-se para que a sua expressão facial pareça mais fria e glacial possível; a mulher nórdica quer parecer-se com a africana trançando o cabelo e, não raras vezes, vestindo os seus trajes tropicais.(ponto e espera aí: onde é que está a minha mulher?). Só sei sei uma coisa sobre a mulher: de que nada sei sobre a mulher senão aquilo que me é dado saber. Eureka.(final da composição).


Nome: Mário C.F.V Turma: @ Fila: dos Traquinas e Terríveis


segunda-feira, março 03, 2008

Amistad

Ainda não percebi porquê essa euforia toda por uma réplica do Amistad, atracada no Porto da Praia? Culpa da história (que não abona a nosso favor) ou de Spielberg?

sábado, março 01, 2008

Cabo Verde: País de Desenvolvimento Médio

A UE doa um fundo de 3 milhões de euros para iniciativas culturais dos PALOP, valor esse que será gerido pela Guiné-Bissau (salva-se os escultores Joaquim e N'Djai ... espero bem que sim). A Embaixada de França doa 150.000 euros para a Associação de Cineastas Moçambicanos sendo 30 % desse valor para as primeiras produções. E nós?! Isso de País de Desenvolvimento Médio já nos está a afastar da mesa do bolo ! O sector Audiovisual em Cabo Verde será muito provavelmente da inteira responsabilidade e autoria do seu governo. Está na cara: o dinheiro não vem para cá. Os cineastas e realizadores têem que ir busca-lo a outras paragens devendo criar, para o efeito, uma associação que terá ainda que pressionar a nível interno o governo. Em Novembro próximo realizar-se-á um Fórum sobre Cultura e Economia idealizado por Leão Lopes e, em princípio, sairá desse fórum a estrutura mais adequada para gestão do sector e sua regulamentação, segundo o Ministro da Cultura, que afirmou ainda que a portaria para a atribuição de uma Bolsa de Criatividade já está aprovada desde ontem. Anualmente será atribuída 1.000.000 de escudos caboverdeanos para suportar uma obra mas apenas numa area específica. A primeira área a ser privilegiada é ... a música. Como se a odisseia da Cize não fosse prova suficiente de que somos bons nessa matéria. Valha-nos Deus!!