"Tempo de Lobos" (2003) - Michael Haneke
Olho para esse cenário dos abusos da burocracia e só vejo uma coisa no enquadramento: um homem está de braços cruzados no cimo de uma estrutura de barras de ferro (algo por construir) e no piso abaixo, na parte esquerda da estrutura, um macaquinho de olhos agudos e flamejantes segura uma barra de ferro solta da instalação. Mais abaixo na parte direita da estrutura estão umas belíssimas e longas pernas crioulas. Uma Calhandra está no piso inferior com o bico voltado para leste.
Leia a seguir o que diz a malta do blog joint:
Negar a um grupo cultural a possibilidade de se aperfeiçoar é negar-lhe o ambiente, no melhor dos casos: uma descriminação. E isso já é uma praga NACIONAL. Há muito tempo que os abusos nas questões admnistrativas e burocráticas flagelam este país (com as devidas ressalvas para a CASA DO CIDADÂO, mas aí não se alugam os equipamentos sociais). A praga é tal que já atingiu ONG's e estruturas sociais que não têem nada a ver com gestão admnistrativas e que deviam estar mais preocupados com PESSOAS. È difícil lidar com as pessoas e muitos se defendem por detrás de papeladas, carimbos e trâmites vários. A praxis admnistrativa e burocrática tornou-se ela própria quase uma ciência: num processo de relativização que cria uma bombinha algures sem ninguem dar por isso. Há perfeitos peritos nesta área: amarram bem todo o processo, metem-lhe algns ingredientes de intrigazinhas, arregimentam-lhe como nó cego e esperam. Há aqueles que já o tornaram uma arte do ardil e do engano. Por vezes não há outro nome a dar a todo este imbróglio que o RAIZ DE POLON, grupo com créditos firmados, foi obrigado a engolir: é mesmo malvadez.
Quem já foi rapaz nesta cidade da Praia lembra-se certamente daqueles jogos de futebol que chamamos seca pele e que só se joga quando todo o mundo está cansado e já se exibiu o suficiente ou já deu provas de ki: «é bale o é ka bale». A bola fica isolado no meio do terreno de campo e só lá chega quem pode com a sua canela. Há sempre aquele que está pronto a partir-te a perna se puseres os pés na bola. Por isso a bola fica sempre só, no mesmo lugarzinho no centro do campo porque todo o grupo tem medo de lá pôr os pés. Pois, então, a bola é esse equipamento social.
Cenários de desolação já os vi aos pares, em conjuntos de horas e aos pulos durante a semana de trabalho. Aqui nas nossas repartições em lugares que menos desconfiamos e que deviam estar prenhes de vida e dinamismo. Funcionários obscuros, kafkianos, preenchem as funções, locais de relevante importancia para a vida social e cultural nacional estão ás moscas, com gente a desertar.
Olho para esse cenário dos abusos da burocracia e só vejo uma coisa no enquadramento: um homem está de braços cruzados no cimo de uma estrutura de barras de ferro (algo por construir) e no piso abaixo, na parte esquerda da estrutura, um macaquinho de olhos agudos e flamejantes segura uma barra de ferro solta da instalação. Mais abaixo na parte direita da estrutura estão umas belíssimas e longas pernas crioulas. Uma Calhandra está no piso inferior com o bico voltado para leste.
Como diz aquela bonita canção de Sting:
"...danzam com sus padres, sus niños tambien y con sus esposos... en soledad..."
Leia a seguir o que diz a malta do blog joint: