Começa aqui uma nova rubrica no «Tempo de Lobos». Depois de uma série de incursões por domínios da escrita criativa (alfabeto, referências cinematográficas, enquadramentos, números) vai-se passar a trazer, post por post, informações, opiniões, histórias e interpretações sobre o que já é uma presença constante nos debates da esfera pública e académica, a nivel internacional: a cultura audiovisual. Em Cabo Verde este tema é completamente ignorado e mal-entendido. A maioria dos intelectuais e opinion makers procura posições de sentido cômodas, como por exemplo, a de circunscrever essa realidade apenas ao universo das emissoras televisivas nacionais. Mas esta história já vem desde os anos 60-70, desde os EUA passando pela Europa:
A cultura audiovisual é, na sua origem, uma emancipação cultural face às emissoras televisivas, que representam o poder centralizador do media televisivo. Configurou-se, definitivamente, como um manancial de experiencias contemporâneas à volta do vídeo, “contracultura” e atitude libertária. Dela fazem parte artistas plásticos, arquitectos, engenheiros, activistas sociais, designers gráficos e os próprios cineastas que quiseram experimentar o vídeo como nova linguagem, para lá das suas preocupações com as películas de 16 ou 35 mm.
A cultura audiovisual aparece, ainda, como um dos eixos estruturantes da vida contemporânea, uma força lúdica, cultural, ideológica que interfere com a nossa concepção do mundo. Ela contém várias facetas: a cinematográfica, a televisiva, a videográfica., a multimédia e o hipermédia, constituindo-se, cada uma delas, em pequenos viveiros de relações restritas mas que só adquirem verdadeira dimensão cultural nos fluxos permanentes que existam entre eles, ligando-os essa substancia primordial, equivalente á água de rega que mantém o viveiro: o bem de consumo.
Imagem: Capa do livro "Guerrilla Television" (Novembro, 1971) - versão em livro da famosa revista sobre uso de video "Radical Software"
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