Olhemos, em 2009, para esse objecto televisivo de
elevado teor publicitário ou o programa que quis ser o mais polémico da história
da nossa televisão: o 180 graus com Abrãao Vicente. Esse foi, talvez o único talk show, digno
desse nome, a ser produzido pela TCV, apesar de não haver uma banda de serviço,
nem gags acompanhados de risos de plateia, tendo-se pautado, antes, por uma
sátira política e por um tipo (raro) de revisionismo da cultura e arte nacional. Apresentado em
prime-time, o aspecto essencial do programa teve a ver com o facto de se ter
publicitado muita gente e ter-se aproximado do modelo de fazer televisão
comparável a das networks norte-americanas. Intraduzível se tornou, a determinada altura, o desenrolar das conversas e das atitudes que
se assistiram no programa, funcionando mais a adrenalina publicitária que
necessitava para poder avançar [em vez duma análise aprofundada dos assuntos]. Essa adrenalina não provinha do nível de
discussão dos assuntos nela abordados mas, precisamente, da novidade do programa
e da áurea de polémica que pairava nele. O seu encerramento, que ficou envolto
em mistério deveu-se, provavelmente, à perda dessa adrenalina.
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