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terça-feira, janeiro 27, 2009

BLOG JOINT: ENSINO SUPERIOR

O Clube dos Poetas Mortos (1989) . Peter Weir



Congratulo-me com este primeiro tema no blog joint. Penso que Redy Wilson avançou, bem a propósito, e com a sua frontalidade costumeira, a situação actual do nosso ensino superior. Daí que eu prefereria arriscar o cenário possivel para este problema, criado prematuramente uma vez que já não adianta chorar sobre o leite derramado. Acho, tambem, que tudo isso é fruto do oportunismo de alguns que vêm mascarados como empreendedores de um novo desenvolvimento na educação e no ensino em Cabo Verde. Focou-se a questão da exigência de qualidade (passageiro em trãnsito) do controle, da fiscalização e monitorização do sistema de ensino superior. Uma das exigencias que se devia fazer, a meu ver, é que essas universidades estejam, pelo menos, munidos de meios tecnológicos que possibilitem a realização de video-conferencias e de e-learnings criando uma fígura híbrida de ensino, quiçá um novo modelo universitário que passa a bola para o lado dos alunos, atribuindo-lhes uma verdadeira responsabilidade na forma como aprendem. Isso deixará pelo caminho muitos mas é assim a vida. Não há lugar para todos no topo.


Sendo a figura do professor catedrático importante no processo de assimilação das matérias, urge daí criarem-se convénios com universidades mais fortes de forma a trazer autoridades na matéria e a multiplicar as palestras, workshops participados e oficinas de debate.
Não está em causa a criação de universidades que «pipocam» por aí (Bianda). Pode haver mil universidades em meio metro quadrado já que «o saber não ocupa lugar» (laughing) ... mas o que se requer é que estas universidades sejam capazes de proporcionar o grau de qualidade desejado para o desenvolvimento do país. Seja como for o esforço recairá sempre sobre aquele que se quer instruir. Penso que estes, qualquer que seja a situação criada, terão obrigatoriamente de criar laços e familiaridade imprescindível com as novas tecnologias, acompanhar o ritmo imposto internacionalmente pelas estruturars do saber e estar atento às mudanças nos paradigmas da ciencia em causa. Será que os nossos alunos que saem de um ensino secundário demasiado permissivo e postura «laxista» estarão preparados para tal?


É aqui que entra talvez o poder político e a máquina partidária. O cenario posivel é que esses novos licenciados a nivel interno criem pequenas organizações de saber co-organizado e co-financiado pelos partidos políticos com a simpes vocação de retroalimentação do sistema político. É o que já acontece mesmo com aqueles que se formam no exterior. Porque é que não há-de a máquina partidária aproveitar-se desse jogo de saber aumentando-lhe o nivel de sofisticação? Os poucos que conseguem superar-se e daí se tornarem mais esclarecidos não nos devem preocupar mas aquela maioria que simplesmente está na lógica de sobrevivência, essa maioria só tem uma unica solução: servir um ou outro interesse com a «mediocridade» que se pede nestes casos. Esta será de facto a única forma dessa nova «fornada» de licenciados internos criar um vínculo social vital legitmando o seu saber - aliando-se à práxis política e á pragmática associativa da moderna sociedade caboverdeana. Os partidos ganham, assim, responsabilidades acrescidas e vida política torna-se o refúgio para muitos que sem essa via iriam para o desemprego. Basta olhar á volta: a sociedade caboverdeana tem vindo a ser uma sociedade fortemente politizada e as soluções para os jovens, consciente ou inconscientente, são unicamente equacionadas nessa óptica. «Não se pagam sábios, técnicos e aparelhos para saber a verdade mas para aumentar o poderio.»


Admite-se outro cenário não menos provável, coexistindo ao que já foi apontei. Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe, Angola receberão licenciados caboverdeanos para trabalhar nas suas estruturas, no que poderá constituir num novo fluxo histórico da emigração caboverdeana, a juntar á época da pesca da baleia, do trabalho nas roças de S. Tomé e Príncipe, e da vaga dos anos 70. Cabo Verde transforma-se, dessa forma, num país exportador de recursos humanos para os PALOP: «o saber não ocupa lugar».

1 comentário:

Redy Wilson Lima disse...

Um apanhado geral de tudo em que concordo plenamente. Mas, para isso é necessário antes de mais coragem política em obrigar as escolas superiores e secundárias, públicas e privadas a respeitar as normas existentes ou a existir e a pensar mais na qualidade do que meter o dinheiro no bolso. Desta forma, de certeza que teremos qualidade suficiente para exportar não só para os PALOP's como para os outros recantos do planeta.