O caso de Carlos Pulu (ver http://www.cafemargoso.blogspot.com/), que vai ser julgado no célebre caso da TVP, auto-intitulada TV do Povo, vai ficar na história do audiovisual caboverdeano.
Para a história fica também a primeira demonstração da hegemonia da técnica electrónica que foi levada a cabo por Hilário Brito, um patrão da electrónica e tecnologia vídeo que marcou a vida social e cultural cabo-verdiana ao criar, praticamente sozinho, a “primeira emissora nacional”. Este senhor esteve à frente do seu tempo e consumou as aspirações dos videastas e experimentalistas da electrónica dos anos 60-70, como Nam June Paik, que fez esta clamorosa afirmação: “Quanto tempo falta para que o videasta tenha o seu próprio canal televisivo?”. Pode-se seguramente afirmar que, em Cabo Verde, um homem o conseguiu sem ter motivações de poder e sem haver nenhuma confluência. Mas fê-lo movido por uma paixão: a electrónica.
Vale a pena aqui ressalvar a experiencia «paralela» ocorrida em S. Vicente nos finais dos anos 60 e que se prolongou até aos anos 80: “uma história que começou com o senhor Chiberto Faria, na altura gerente do banco, ainda no tempo dos portugueses (…) De Burro ele carregava baterias e televisores para Monte Verde – ainda não havia estrada – e lá começou a captar emissões de Dakar e Canárias.” Como contou o conhecido mindelense Djibla (Daniel Pinto Mascarenhas) na revista “Ponto & Virgula”(8) e que vale a pena ler. Chegou-se mesmo a formar uma TV Galeano ou TV Supirinha com a ajuda de um engenheiro da Philips. E fez-se, em certa medida, uma pequena produção com câmaras e magnetoscópios pessoais, com a consequente corrida às antenas de captação por parte de populares. Uma história que se reporta mais à experiencia dos primeiros inventores e saltimbancos na muito particular (e um pouco anárquica) historia do cinema que começou por ser uma actividade de circo e de exibições populares.
Em Cabo Verde essas ramificações nas experiencias de vídeo e TV vão desembocar, em 1984, na criação da TEVEC (Televisão Experimental de Cabo Verde), em 1984, para abrir uma nova era na história do audiovisual cabo-verdiano.
Sem comentários:
Enviar um comentário