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quarta-feira, julho 20, 2011

A LITERACIA MEDIÁTICA E OS EXPEDICIONÁRIOS DA VÍDEOSFERA (3)

"Grizzly Man" (2005). Werner Herzog

Tratando-se de uma busca activa em relação às narrativas audiovisuais (cinema e documentário) a consciência dos “futuros expedicionários” irá, provavelmente, no sentido de controlarem os efeitos de risco na constante exposição a conteúdos de natureza experimental. À medida que aumenta o factor de risco para a correcta interpretação cultural dos processos nela inscritos diminuirá o interesse em inovar no conteúdo. Hipóteses ou certezas, sabe-se para já que a quantidade de ofertas da tecnologia de edição disponíveis on line, para download, supera, em larga medida, a quantidade de câmaras na posse de jovens amadores do vídeo.

Na lógica de consumo que impera nas nossas modernas sociedades, há mais hipótese de um jovem se apoderar de um vídeo pré-fabricado na internet e recria-lo com base numa tecnologia de edição baixada na internet do que se entregar às complexidades de uma produção bem planificada com adereços e actores, ainda que seja no plano amador. O que se assiste, a esse nível, extravasa a questão ética e deontológica, para tocar os meandros da criminalidade: posse de bens produzidos por outrem e sua distorção ou desvio, numa lógica de experimentação naif irresponsável. Para além disso, o seu esforço de transformação estética acaba por incidir mai, nos aspectos formalistas da obra.

Consideramos que alguns dos nossos videastas (leia-se "futuros expedicionários") detêm uma vaga consciência das investidas intelectuais que fazem e acreditam ser isso um factor aditivo ao seu trabalho. È que, por vezes, a alta exposição à factores de risco, a nível dos recursos estilísticos e intelectuais, pode trazer mais perturbação à sua reflexão enquanto criativos, o que os leva a buscar com naturalidade zonas mais ou menos seguras de reflexão crítica e identitária.

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