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sexta-feira, julho 01, 2011

TELEVISÃO (3): A crise da “verdade televisiva”

Estávamos a 22 de Janeiro de 2010 e o país chegava a uma tal apoteose que a TCV nem sequer “se explicou” quando o partido no governo PAICV fez emitir em directo o seu XII Congresso fazendo-o parecer um mero acontecimento, à semelhança dos jogos ou cerimónias de empossamento. Teríamos que ser ingénuos para não exigir da TCV, pelo menos, um selo identificativo do quê se tratou ali. E não é por se tratar especificamente do PAICV, mas por se tratar de um partido como qualquer outro. Mais do que isso, é pactuar com uma ideologia, o que não é prática jornalística. Isso ficou espelhado no tratamento jornalístico que se deu ao acontecimento. A narração (um "vivo" feito por uma jornalista da referida estação) conta toda a história do Partido, tendo como pano de fundo as imagens do referido Congresso onde se viam figuras importantes e destacadas da história do partido e do país. A expressividade na voz da jornalista carregava eloquência, magnanimidade com um inelutável sentido ideológico e de espectáculo. Viu-se uma estação, no mínimo, tribal com os seus líderes, que chegam sem primeiro bater, mas, logo, recebidos com pompa e circunstância. Esta é a crise da nossa televisão, a crise da sua verdade televisiva que também toca outros canais espalhados pelo mundo, sempre que um poder mais forte e obsidiante se apodera dos órgãos de comunicação social para erigir um “monumento” à guerra ou á vaidade.

2 comentários:

mrvadaz disse...

Cada país tem a televisão que merece, nós, sem excepção à regra, temos a TCV.

Redy Wilson Lima disse...

Aí está uma grande verdade meu caro.