Os spots publicitários em qualquer televisão, pública ou privada, tem menos a ver com os mecanismos, vectores e a criatividade, em si, do que com a sua fugacidade. A comunicação publicitária na TV é uma comunicação com um ritmo imposto. Podemos comportar-nos como um flaneur nas páginas de uma revista magazine mas o ecrã da televisão não nos dá essa hipótese. Uma vez que a cada spot se segue imediatamente um outro, perdendo-se sem deixar traços, o nosso espaço mental é constantemente preenchido o que faz com que a nossa memória tenha que ser constantemente renovada a cada instante publicitário.
Sabemos que o som proporciona um nível de envolvência superior a imagem, o que se deve às nossas características perceptivas: o nosso ângulo de visão limita-se a um máximo de 180 graus enquanto que a nossa amplitude auditiva possibilita-nos a captação de sons a 380 graus. Essa capacidade de que o som tem de nos fazer emergir é, evidentemente, aproveitada para se vincar, pelo tonitruante volume sonoro, o momento em que passa o spot TV, que destoa de tudo o resto que existe na programação televisiva. Uma loucura consentida.
È cada vez maior a enorme exigência à volta da criação publicitária no que toca á mensagem e originalidade do conteúdo publicitário. Vemos frequentemente spots televisivos nos quais se ensaiam novas abordagens um tanto ou quanto deslocadas da realpolitik vivida pelos citadinos caboverdeanos. Acresce a isso o facto da rapidez de ofertas e a multiplicidade de incentivos ao consumo extravasar o próprio poder de compra dos nossos consumidores .
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