«Ser sujeito é auto-afirmar-se situando-se no centro do mundo, o que é literalmente expresso pela noção de egocentrismo.»
Edgar Morin
Quem vai dizer agora à Dona Engrácia, mulher do povo, que vive na localidade de Pensamento que não, que o Presidente que ela viu na televisão já não é o Presidente da República, se ela insiste em dizer que sim, porque o viu, ainda, a atribuir medalhas aos jornalistas ontem á noite na televisão. Não, Dona Engrácia a senhora tem que parar de ver a TCV. Ontem, a senhora apenas assistiu a uma meta-representação. «Meta-quê?».«Pois é, Dona Engrácia, a senhora não iria compreender. É que nestas coisas o povo não tem razão, não tem olhos nem ouvidos. É massa amorfa!».
O que pensar da responsabilidade para com a visibilidade das coisas quando são os próprios profissionais que aparecem no centro dessa visibilidade? Levado por quem? Conduzido por quem, à visibilidade máxima? Por um ex-Presidente altruísta ou egocêntrico? Talvez, altruísta com o ego dos outros, que o digam os jornalistas que vêem o seu ego «engordar» um bocadinho. Bem o merecem! Pelo trabalho meritório que têm desenvolvido desde sempre em Cabo Verde.
Mas porque só agora? E só para a maioria dos profissionais da RTC? E os da imprensa escrita? Porque não antes das eleições presidenciais? Bem, são coisas que devemos guardar dentro de nós: é isso a ética**. Face a isto nem é preciso a Constituição da República para validar o acto.
Edgar Morin ao falar de ética afirma que «o seu imperativo provém de uma fonte interior ao indivíduo que sente no seu espírito a imposição de um dever» mas para Wittgenstein, o senhor do Tractado Logico-Filosófico, bem vistas as coisas, «é impossível falar de ética».
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** Em “Amistad” o líder da rebelião interpretado por Djimon Hounsou, desalentado, por ainda ter que permanecer nas terras do Tio Sam, por que se remeteu recurso no tribunal, afirma com veemência que na sua terra não existe um seria, ou seja, não existe uma conjugação vital na condicional. Para ele existe um Ser e ponto final - uma coisa é ou não é. Demasiado redutor, mas constitui, igualmente, uma ética.
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