No recente comunicado do Governo, o Ministro da Industria Energia e Transporte, Dr. Humberto Brito, referiu-se à uns contadores inteligentes que, em princípio, irão ajudar a solucionar, em parte, a problemática do roubo de energia. O ministro, que me pareceu muito melhor e mais seguro de si nesta intervenção à comunicação social (sem aquela coisa penosa de empenar para um lado ou para outro das razões governamentais), deixou claro que o problema da Electra implica toda a gente deixando, indirectamente, a ideia de que em vez de imputar tudo a medidas governamentais o cidadão deveria estar a pensar como ajudar o país a sair da crise. Aliás, esta atitude dos governantes começa a ser propalada a quatro ventos: recentemente a Ministra-adjunta, Cristina Fontes, referiu-se a isso mencionando a famosa frase de John F. Kennedy «não perguntes o que o país pode fazer por ti mas o que tu podes fazer pelo teu país». Até aqui tudo bem: as pessoas não deviam roubar energia da casa dos vizinhos e sobrecarregar, com isso, a Electra. Só que, ironicamente, isso tornou-se um problema político, neste país, em que a solidariedade, entreajuda comunitária e o «omerta» da vizinhança em relação ao desenrascanço do fulano-de-tal que roubou energia para sobreviver, configuraram todo o quadro sociológico cabo-verdiano. Como solucionar um caso assim? Separando o trigo do joio?
Convém dizer que «duas electrinhas» (como o líder do MPD o chamou) pode ser uma solução política para atacar a vaga de cortes de energia no país (uma vez que a energia renovável ainda está longe de se constituir como uma solução) mas nunca conseguirá resolver o problema na sua totalidade. Assim como está, só mesmo com uma central nuclear resolveremos o problema. Um outro país africano, a Nigéria já anunciou um controverso plano de construção de central nuclear depois de 30 anos de crise de electricidade num país em constante crescimento económico. Actualmente somente a Africa do Sul (ª) detém uma central nuclear e é preciso saber que, através de empresas especializadas e com acordos frutíferos com este país, se pode ter em Cabo Verde uma central nuclear pequenina mas que resolve tudo. Porém, o caso Fukushima no Japão abala muito essa confiança pois põe em causa o controle que se pode ter dessa energia. Portanto, energia nuclear: demasiado perigoso!
Por isso, até agora, a única solução criativa passa, sim, por contadores inteligentes, mas de histórias. Em vez da narrativa política desgastada há que saber contar histórias como antigamente, isto é, de modo criativo, que cria expectativas, provérbios e memória colectiva. È que no meio desta escuridão da Electra só nos resta mesmo: ...história...história...kem ki sabe mas konta medjor...
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(ª) A propósito da África do Sul relembramos aqui o alerta que lançamos, num outro post (aqui) para que se veja nesse país uma base frutífera para futuros acordos de desenvolvimento na área da cultura e da arte. É cada vez mais realidade, a a partir desse país do sul do continente, a ideia de que é preciso fomentar a construção de infra-estruturas e a circulação de pessoas e bens culturais entre países do continente africano que, devendo proporcionar um prazer estético de primeira ordem aos seus cultores, tanto africanos como europeus ou asiáticos, criará uma nova forma de economia. A ganância, a especulação e o enriquecimento por enriquecimento (que afundou as economias europeias e americanas) devem ceder lugar ao bem espiritual (emanados em produtos artísticos e culturais) que, ao ser valorizado, criará sustento na maior parte das economias domésticas e comunitárias. Trata-se de um novo modelo de desenvolvimento, mais consentâneo com o espírito dos tempos que vivemos, denominada economia criativa.
1 comentário:
A electra é vergonha nacional, mais o Sr. Spencer tem cara de pau, nem liga com a má gestão que realiza, e a sua incapacidade é o pão de cada dia de nos Cabo Verdianos, mais com a cumplicidade do novo governo receberá 100.000 contos, a ver si desta vez resolve alguma coisa, na minha opinião com esse dinheiro o governo deveria ter posto em funcionamento a central eólica de São Felipe e o horto foto voltaico de Palmarejo, para com essa energia de baixo custo beneficiar ás populações mais carentes e empobrecidas da Praia, dando lhes a energia de graça ou cobrando um valor simbólico, e que poderia ser racionada segundo seja a necessidade, dessa forma acabaríamos com os “gatos” serviço que o próprio pessoal da Electra faz por poço dinheiro, dessa forma nos, pessoas de classe media seriamos abastecidos pela central de sempre que ao não ter “gatos” poderia se manter com nossos pagos sem ter falta de dinheiro para combustíveis, e se for possível abaixar um pouco o preço, já que por enquanto é mais cara que América e Europa, sem ser de qualidade.
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