As peculiaridades da prática videográfica sempre se fizeram sentir, tendo-se registado, desde logo, as primeiras manifestações de uma certa transgressão diegética . Em 1984, Michael Klier realiza Der Riese, um marco na recente e pequena história do vídeo: uma “reciclagem” das imagens captadas pelas câmaras de vigilância de aeroportos autopistas e aparcamentos. Eram imagens roubadas e unicamente acompanhados de uma música extra-diegética envolvente que surpreenderam pela novidade e singularidade. (MANUEL PALACIO: 2005).
O vídeo vanguardista e os filmes-ensaios viriam a aparecer num conjunto mais vasto de propostas estéticas, enten-didas como processos de transgressão relativamente ao bom gosto e à aura artística estabelecida. Como refere Josep M. Català no seu artigo “Film Ensayo y Vanguardia”, cineastas independentes, que filmavam em 16 mm, tinham a consciência dessa aura artística que imperava na época mas, com muito à vontade, elaboraram projectos que não iam ao gosto do público e, consequentemente, das cadeias televisivas da época, tendo alguns deles migrado para a prática vídeográfica, tout court. (CATALÁ: 2005). Esta segunda tendência é a que caracteriza a geração que emerge da prática videográfica nos anos 60-70 nos EUA.
O nascimento do vídeo coincide com este período. Só que, em relação ao vídeo, a técnica estava lá antes dos problemas artísticos que acabaram por ser solucionados por meio desta técnica. Como observa Renato Barilli, na sua obra “Curso de Estética” (1989) “o vídeo desenvolveu-se, completamente, antes que alguém soubesse o que fazer com ela”. Em 1969 a primeira exposição integralmente consagrada aos trabalhos realizados em vídeo foi a célebre “TV as a Creative Medium” (Nova York, Howard Art Gallery, 1969). Com esse título também se denomina a primeira publicação ao tema: o capítulo que Gene Youngblood dedica a este tema em “Expanded Cinema”, em 1970.
Foto: Der Riese - Michael Kier
Sem comentários:
Enviar um comentário