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sexta-feira, julho 08, 2011

TELEVISÃO (5): da degradação das imagens à contemplação original.

"13 Lakes" (2004) - James Benning



Equaciona-se, na actualidade, uma multiplicidade de imagens saídas da técnica e da política gestionária das imagens. A maior parte dessas imagens são geridas pela televisão, de forma sistemática. É reagindo a esta proliferação das imagens televisivas e “tecnopolíticas”, que J. Benning apresentou, ao mundo, o “Thirteen lakes” - uma dessas experiências audiovisuais mais marcantes no cinema contemporâneo que busca simplesmente combater esta tendência para a degradação progressiva da capacidade de ver e de contemplar imagens no seu sentido originário. Os treze maiores lagos do mundo são apresentados em tempos cronometrados de 10 minutos cada, ao longo dos quais nada acontece, senão a própria imagem na sua pureza idílica, um “elixir” para os olhos atravancados pelo “rio tóxico” das imagens televisionadas diariamente. Algo assim, apenas comparável, pela força imaginativa, às exigências presentes em Exercícios Espirituais de Inácio de Loyola, apresentadas por Italo Calvino na sua obra “Seis Propostas para o Novo Milénio” (1990: 104-105) e que passo a citar: “... a composição consistirá em ver com a vista da imaginação o lugar físico onde se encontram a coisa que quero contemplar. Digo o lugar físico, como, por exemplo, um templo ou um monte onde se encontram Jesus Cristo ou Nossa Senhora...”.

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