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sexta-feira, novembro 11, 2011

O CINEMA COMO CRIADOR DE REALIDADES (7): Jean Marie Straub e Daniéle Huillet .

Quintana tece um conjunto de considerações sobre aquilo que ele qualifica de «estética de resistência», clarificando as diferentes tomadas de posições cinematográficas que Straub e Huillet assumem, em diferentes momentos, perante textos literários de Ettore Vittorini, Heinricich Bõll ou peças teatrais de Bertold Brecht, e o seu «contacto perpétuo com o natural», com o que é belo e verdadeiro nessas obras.

Trata-se da mesma «estética de resistência» defendida por Robert Bresson que nas suas Notas sobre o cinematógrafo afirma num aforismo que «o cinematógrafo é uma escrita com imagens em movimentos e sons» (Bresson, 2000: 17). Esta posição levanta, porém, uma outra questão recentemente reformulada por Mario Perniola em «A Arte e a sua Sombra»:

«(…) ao lado de um pensamento linguístico existe um pensamento visível, sonoro, ritual, espacial? (…) Poderá o cinema criar uma obra filosófica total que compreenderia e coordenaria escrita, visão, audição, evento e espacialidade?» (Perniola, 2003: 62).

Nesse tipo de análises ou se abandona a questão por ser demasiado ociosa ou limitamo-nos a apresentar uma listagem de filmes que abordam estas problemáticas. É o que empreende Perniola, que, à semelhança de Àngel Quintana, tece um conjunto de considerações à volta de filmes como A Lisbon Story (1994) de Win Wenders, Blue (1993) de Derek Jarman, e Le pays des sourds (1992) de Nicolas Philibert, em cada um dos quais, os três cineastas incorrem, cada qual à sua maneira, numa operação de «filosofia visual» pela qual: ou se eliminam as imagens, os sons ou se eliminam as palavras, dando, inevitavelmente, a primazia a uma ou outra expressão artística.

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