Diego Velásquez, Las Niñas.(1656)
O Artista e a Profissão
O esforço do Artista no sentido da sua profissionalização,
ao longo dos séculos, foi já estudado por Argan & Fagiolo (1994) autores da
obra “Guia de História da Arte” confinada ao mundo Ocidental. Segundo estes
autores, entre os séculos XI – XIV, o pintor, epítome do artista, não era tido
como um artista, como o entendemos hoje, mas sim, como uma espécie de
«medianeiro» entre a igreja e os fiéis. No século XIV, o pintor e teórico Cennini
reivindica, pela primeira vez, a personalidade do artista e classifica a
arte entre as artes mecânicas na escala hierárquica, logo a seguir à ciência.
Nessa altura o artista era, fundamentalmente, um artesão e pertencia a
corporações. Giotto organiza a 1.ª oficina com pendor comercial, no
século XV, altura em que Donatello e Michelozzo, Frei Bartolomeu e Albertinelli
organizam-se em sociedades que funcionam como estruturas operativas. Brunelleschi,
Leonardo da Vinci [e Durer] desenvolvem
a técnica, essencialmente decalques,
gravações, manequins, máquinas, etc. No seculo XVI, especificamente no ano de
1563, nasce a Academia das Artes do Desenho em Florença com Cosimo e Miguel
Ângelo. Em 1594 surge um novo modelo de Academias: escolas ligada ao centro de
propagação das artes, pela mão de Federico Zuccari. No século. XVI-XVII
assiste-se ao dealbar de diversas academias e escolas de artes que evoluíram
para fundações literárias, científicas e instituições privadas, na actualidade.
Os autores destacam, ainda, a erudição e o cultivo das letras que
caracterizavam (e caracterizam) os artistas:
“Não se pode descurar
um aspecto particular como a da cultura literária e filosófica dos artistas,
cada vez actualizados, sobre os textos: os artistas do século XVII consultam a Iconologia de Ripa, assim como os do
século XIV conheciam o tratado sobre óptica de Witelo; e quase todos se documentavam
mediante textos ilustrativos” (Argan & Fagiolo, 1994)
Só no século XVIII é que as grandes
exposições passaram a ser os canais de propagação e divulgação das artes,
começando, no mesmo século, a ligação directa do artista à sociedade que
recrudesce com a revolução francesa. No século XIX a pintura sofre um choque
que viria a transformar toda a arte plástica posterior: a invenção da
fotografia. A passagem dos séculos XIX – XX representa o período da invenção do
Cinema a 7.ª arte, que viria a configurar um novo cenário no campo das artes
que obrigará a uma nova redefinição de público, aspecto que iremos referir mais
adiante. Nessa altura ocorre a modernização dos referidos modelos de
organização nevrálgicos e a arte produzida viria a sofrer, em termos estéticos,
uma politização extrema com o socialismo soviético e, em termos criativos, uma
limitação atroz, pelo nazismo alemão, com a consequente eliminação das artes
consideradas degenerativas, em pleno século XX.
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