TEMAS

quarta-feira, dezembro 31, 2008

BOAS ENTRADAS!

«Les 400 Coups» (1959). François Truffaut



terça-feira, dezembro 30, 2008

RECORD NACIONAL

O homem que mais vezes apareceu na televisão pública do país em 2008.


JMN é uma figura digna de um musical inspirado na sua cruzada politica, nacional, televisiva, discursiva ... um musical já escrito no Ala Marginal, a ser encenado no Café Margoso, com Bianda como contraregra. Inevitável, meus caros!

segunda-feira, dezembro 29, 2008

RACCORD NACIONAL

Ontem estive a ver um daqueles vídeo amadores feitos com a tal vontade de cinema. Bom, uma das coisas mais difíceis de se conseguir no cinema /vídeo amador é, de facto, o raccord**. A maior parte desses vídeos realizam falsos raccords (é por esse facto que são video-amadores). A transição perfeita de um plano para o outro trabalha-se, ao ínfimo pormenor, se houver paciência. Mau é quando na tentativa de evitar esse defeito incorrer-se no tal vício de artificialismo por artificialismos, camuflando as coisas pelo uso de efeitos de fusão (seja ela por fusão a negro, encadeada, a íris, sobreimposições, ou outros).
Nos videos nacionais, um dos maiores esforços no sentido desse perfeito raccord, talvez seja a mais recente publicidade de Cola, da Cavibel, em que um grupo de acrobatas parkour executa movimentos sincronizados num processo de montagem criteriosa. Interessante!
Ontem exibiu-se mais um filme, produzido com poucos recursos e á revelia de uma política para esse sector - um puro acto de reivindicação em prol do cinema nacional. Chama-se Pegadas e é da responsabilidade da equipa de produção Fladu Fla. Espero vê-lo numa próxima oportunidade. Não sei é se é Bom ou Mau. Já agora, alguem viu-lhes as pegadas?!

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** O raccord, que se estabelece ao nível da imagem, do som e da luz, constitui em muitos casos o fermento teórico do realizador para definir a sua visão de cada cena, nos casos em que não se trata de uma simples tarefa para o montador. O raccord perfeito de som vi-o (não, ouvi-o) numa cena de «Leaving Las Vegas». Á primeira, Ben (Nicolas Cage) se embebeda e ouve-se o som de fundo – o jazz misturado com ruidos de copos. Mas para quem estiver atento percebe nas profundezas desse magma sonoro uma transição quase imperceptível entre o som de um trompete, o grito abafado do personagem Ben ( Nicolas Cage) e dali para para o ruído das ruas. O raccord de luz mais longo e subtil vi-o em «Primavera, Outono, Verão, Inverno» de Kim Ki Duk - talvez o mais comprometido cineasta contemporâneo, neste aspecto.

sexta-feira, dezembro 26, 2008

PENSAMENTO DO ANO!



10 Desejos para 2009

Formulei dez desejos que gostaria de ver realizados no ano 2009. Umas são deveras irrealistas outras concretizáveis outras mais do tipo: okay, va lá!... Não estão por ordem de importância; escrevi-o, entre um suspiro e outro, na ressaca do Natal, num pedaço de guardanapo salpicado de migalhas de bolo de mel:


1 - Que se faça realidade pelo menos metade das ideias culturais propostas por João Branco em Sítios da Cultura I;

2 - Que se traduza F. Nietszche e Goethe, directamente do alemão para crioulo ALUPEC;

3 - Que todo o Plateau se transforme num espaço cultural nocturno, sui generis, para noctívagos e amantes do bonheur;

4 - Que esses putos misóginos de rap deixem, finalmente, as raparigas cantar rap (já estão gastos esses discursos de meia-tigela, sejam elas de boa ou de má consciência);

5 - Que tenhamos verdadeiramente uma Praia limpa e segura (estou a referir-me aos thugs);

6 - Que os jornalistas da TCV acabem com essa mania de nos vender três notícias num só ocorrido, como postas de um mesmo peixe;

7 - Que Obama realize 1/3 daquilo que prometeu, já este ano;

8 - Que «Bianda» não pare de atirar tomates podres ao governo sempre que houver motivo;

9 - Que o Carnaval (assim como é conhecido) aconteça, pela primeira vez, na cidade da Praia;

10 - Que se produza com orçamentos chorudos a primeira ópera crioula «Cabo Verde 2008» com uma cereja em cima do bolo: um coro apoteótico de crianças, como querubins, rodeando o JMN no final da peça.

quarta-feira, dezembro 24, 2008

BON NATAL

Bon Natal Pa Nhôs. Nu ta odja dipós na ressaka. Tchau!

terça-feira, dezembro 23, 2008

AQUELA MULHER

Se você quer mesmo saber

Por que que ela ficou comigo

Eu digo que não sei

Se ela ainda tem seu endereço

Ou se lembra de você

Confesso que não perguntei

As nossas noites são

Feito oração na catedral

Não cuidamos do mundo Um segundo sequer

Que noites de alucinação! Passo dentro daquela mulher

Com outros homens, ela só me diz

Que sempre se exibiu

E até fingiu sentir prazer

Mas nunca soube, antes de mim

Que o amor vai longe assim

Não foi você quem quis saber?






Se você quer mesmo saber

Por que que ela ficou comigo

Eu digo que não sei

Se ela ainda tem seu endereço

Ou se lembra de você

Confesso que não perguntei

As nossas noites são

Feito oração na catedral

Não cuidamos do mundo

Um segundo sequer

Que noites de alucinação

Passo dentro daquela mulher

Com outros homens, ela só me diz

Que sempre se exibiu

E até fingiu sentir prazer

Mas nunca soube, antes de mim

Que o amor vai longe assim

Não foi você quem quis saber?





Chico Buarque

segunda-feira, dezembro 22, 2008

O RACCORD DE JIM JARMUSCH

Desde o emblemático «Coffee and Cigarettes» (2003) e «Broken Flowers» (2005) que Jim Jarmusch não realiza. Já lá vão três anos desde que ganhou o Grande Prémio de Júri no Festival de Cannes. Dormindo á sombra da bananeira? Imagino-o mais como um Luke Luke (ainda com a pontinha de cigarro na boca) deitado numa ilha deserta com umas latas de cerveja e uma canoa vazia que chega, já sem o seu «Dead Man». O que é que nos trará o mais minimalista, melancólico, independentista dos realizadores americanos (adjectivos unânimes quando se fala dele)? No cinema em cena já há cinéfilos a «arriscar» o título da próximo obra prima: «The Limits of Control» - uma estória centrada num fora da lei que está próximo de terminar um trabalho em Espanha (?).
Bem, até que faz raccord com o ultimo «Broken Flowers», no qual a personagem interpretada por Bill Murray, em busca do suposto filho, saído de uma relação do seu passado de playboy, perde a cabeça na ultima cena: dada por uma incrível câmara em plongée rodando por cima da cabeça do personagem. Um filme em que o vazio, experimentado pela personagem, ao longo do filme, «cola-se» á tela com planos monótonos, em jeito de documentário.
Sem perder a cabeça a especular qual será o plot point no seu próximo trabalho o meu favorito na sua filmografia continua a ser esse fiasco comercial que é «Ghost Dog» (1999) com Forest Whitaker em grande estilo: a frieza do samurai em atmosfera gangsta rap e máfia. È tambem a película com a maior banda sonora assente na música rap, composta pelo RZA (ex-Wu Tang Klan) .
Faz raccord...

BlogJoint

Subscrevo com frontalidadi a ideia de Redy Wilson em «escrevermos a nossa humilde opinião sobre as prioridades do Governo, das Câmaras Municipais da nossa região ou da sociedade civil». Um balanço na primeira semana de 2009 como mote para o arranque da blogjoint.

RETRATO DO POETA ENQUANTO ESCAVA

Só, com o espanto por companhia;

embora co'a morte por fiel vizinha.

Seus olhos, sonhando claro o absoluto,

se espedaça onde a treva é mais

combusta; que á alma em busca

até a estrela mais augusta

traz presságios de delita angústia.


Sombras sem além, a núbila ternura

onde se espojando transitara a solidão;

a que é névoa esgarçando o coração;

por quantos dias o céu é avaro em bençãos.



Mas se perto advinha a candura

de um ido jubiloso estio, embora

astral cúpula donde o brilho desertou,

tal o céu de outubro e seu matiz adulto,



até onde o silêncio é canga

lucila essa luz veneranda

vincando na alma exangue

o lustro das gloriosas madrugadas.



José Luis Tavares


terça-feira, dezembro 16, 2008

"I can't get no satisFASHION!" - MITO

o corpo envolve a alma, mas é esta quem o agasalha
Valentinous Velhinho


«Neste natal dê as suas velhas roupas, que já não usa, a quem de mais agasalho precisa».

Esta é a saudação do Mito nesta quadra natalícia.

NA RESSACA

«Tenho confiança na juventude cabo-verdiana»
José Maria Neves

Na teoria económica existe aquilo a que se chama lei rendimento decrescente que afirma que o produto marginal de uma determinada produção diminui à medida que a utilização do insumo aumenta, quando a quantidade de todos os demais fatores de produção se mantêm constantes. Por exemplo um determinado terreno de cultivo quando cultivado intensamente e sempre com o mesmo cultivo, sem variação na utilização de adubos, fertilizantes e insecticidas, esgota-se rapidamente e rende cada vez menos. Reduzida a sua capacidade de reprodução o terreno definha e acaba em pedregulhos.

Passa-se o mesmo com a maioria da nossa actual juventude. Bombardeadas continuamente por mensagens unilaterais e campanhas intoxicantes sobre álcool, sida, programas altamente institucionalizados, festivais acaba «aparvalhado», boçal, destituída de espírito crítico. A maioria desses jovens cabo-verdianos, que vivem que nos centros urbanos, está a perder a capacidade de pensar por si próprio, operando mais por clichés culturais, publicitários ou políticos.


Essa apatia cresce perante a enormidade de factos políticos, do ritmo avassalador de desenvolvimento imposto ao país pelos interesses internacionais porque não coabita neste momento com um ensino universitário de qualidade. Jovens alunos universitários, em conversas informais, que trazem queixas acerca dos professores, de cenas que ultrapassam o nosso entendimento. Professores que andam a recitar apontamentos aos alunos sem nenhuma troca de ideias; outros que afrontados com questões mandam os alunos procurarem na internet; uns que chegam mesmo a dizer descaradamente com desplante que não entendem nada de números quando a aula que ministra é a contabilidade. Cumpridores, talvez responsáveis, mas pouco críticos: essa á a maioria jovem.


Assumir cargos políticos á frente de uma juventude politizada é mesmo a mais procurada das «responsabilidade» e aquela que se entende como elevado sentido de cidadania. Esse é o primeiro jovem. Há outro jovem comprometido que veio de gente humilde que assume com convicção os seus valores de solidariedade e entreajuda á frente de uma associação de jovens. Que comove pela opção corajosa que assume: esse é o segundo jovem. Esses dois jovens co-habitam, todavia, em vizinhanças políticas e é norma ver um deles passar o outro lado numa ponte levantada pelos interesses partidários.

Um terceiro jovem discute politica, revela inteligência e capacidade de intervenção. Compara os discursos e consegue dissecá-lo até mais não haver argumentos dissuasores. Não prova necessariamente que é capaz de assumir porventura essas mesmas funções mas é sempre algo reprodutível e algo com consequências num plano moral e opinativo que pode até se materializar numa figura política posterior. Opinion maker, spindoctor, no matter, vale o respeito e o efeito que suscita nos demais.


Mas eu pergunto: onde é que está esse jovem que procura caminhos mais longos, mais tortuosos mas gratificantes por aquilo que trazem de sabedoria. Onde é que está aquele jovem que segue os poetas e não os políticos? Melhor, onde é que está aquele jovem que segue os poetas contra os políticos? Estará, neste momento, «enfiado» no seu quarto fazendo uma incursão silenciosa na poesia cabo-verdiana e misturando-a com o velho cinema europeu nas horas vagas em «permanent vacation», em permanente apatia?


Nem estou a falar daquele alien que se vangloria com um verso recém-descoberto do universo de Holderlin se ainda não tem maturidade para o sentir no peito mas aquele outro que se afunda na poesia de um conterrâneo seu, levado pela velha asserção filosófica «conhece-te a ti mesmo». Esta postura, aparentemente passiva e apática, pode revelar-se extremamente interventivo se ele começar a utilizar jargões literários/filosóficos em camisolas e não clichés de mera «javardice» moral e prevenção a qualquer «doença do fim do mundo»; ou no melhor dos casos se souber cortar esse cordão umbilical que o une ao status quo dos seus pais e afirmar uma cultura nova, contemporânea nos seus valores, liderando em espaços culturais da nossa praça.


Não. A sua apatia é diferente da apatia dessa maioria silenciosa que abunda as universidades nacionais. A sua raiva é diferente. Ele é a minoria «amordaçada» porque tem razão. Conheci-o a esse jovem. Mas já lhe perdi o rasto...

NA RESSACA DE ANTEONTEM EM IRAQUE





Editado por Mário V. Almeida

sexta-feira, dezembro 12, 2008

A VERDADE DE JOAQUIM ARENA

«Nalguns aspectos, V.S. Naipaul fez-me lembrar o nosso saudoso João Varela (pseud. João Vário, T Tiofe): a irrascibilidade e misoginia e algum complexo de superioridade que lhe eram conhecidos. Poucos sabem da sua zanga com o poeta Corsino Fortes, de longos anos, depois de este o ter apelidado de Poeta Negro Greco-Latino. O mesmo Corsino conta como numa viagem para Angola, o então neurocirurgião Varela dizia que esperava convencer as autoridades angolanas a permitir-lhe fazer experiências em pessoas, testando as suas teorias, com cujos resultados acreditava poder vir a receber o Nobel da Medicina.

Lembrei-me dele, também, pela qualidade superior da sua poesia e da enorme capacidade de análise teórica que o caracterizava.»



Isto é o que vem escrevendo meu amigo Joaquim Arena, o homem que está por detrás do selo cabo verde blog . Talvez promovendo outros esqueceu-se de si própio mas o pessoal da Sapo CV convenceu-lhe a fazer um blog em forma de bloco-notas. E já o temos aí ao seu estilo low profile, sem delírios de vaidade: Mar de Kepóna ou a verdade de Joaquim Arena aqui

«O GRANDE SILÊNCIO» - PETER GRÕNIG

Um colosso de documentário realizado quase como uma profissão de Fé. Se este género audiovisual alguma fez sentido é com este este trabalho prodigioso de Philip Grõnig, que esperou 15 anos para finalmente ter autorização de entrar no santuário dos ascetas de um mosteiro, a norte de Grenoble, em França. Realizado com toda a paciência do mundo, é o primeiro filme sobre a casa-mãe da Ordem dos Cartuxos.
Fala-nos da presença do absoluto e a vida dos homens que aí dedicam a sua existência a Deus. Seduz ,pelo rigor, na escolha dos momentos de rezas, rituais e confissões e tambem pela subtileza com que revela um modo de vida, apartir de um subtexto donde emana a própria ideia da ascese. Utilizando interítulos como «Senhor tu me seduziste e eu me deixei seduzir por Ti» ou Se não és capaz de largar tudo e vires então não és meu discípulo» Philip Grõnig quis sublinhar o sentido de todo o trabalho de ascese praticado nesse mosteiro. Querendo perseguir o Absoluto, conduz-nos, ao longo de duas horas e meia de absoluta contemplação, com planos memoraveis da Natureza e dos rostos dos ascetas. A mim nunca o céu me pareceu tão pleno de sentido no cinema como agora. Aliás, só por acaso é que o filme termina porque na verdade não chegamos a apercebermo-nos disso: este filme é a arte da contemplação no seu auge e revela que o artista é, na verdade, mais parecido com um asceta, algo que não chegamos a entrever noutros trabalhos. Imprescindível para quem quer entender o porquê e para quê se fazem documentários.

INCONGRUÊNCIAS

I

as palavras fecham-se
numa cápsula cinzenta
sobre a cabeça de scharansky

e contudo
o ar que expira txibita
não tem química particular nenhuma
e é incolor e dolorido

por isso
txibita deixou
de aspirar a brisa da beira-mar,
o seu barulho
de respirar as palavras
e os alaridos dos outros
entre as flores da praça grande

por isso
txibita deixou
de conversar com o alcatrão das ruas
de conspirar com a esquizofrenia da cidade
de cativar-se com a intimidade do fedor circundante

por isso
txibita deixou
de inspirar quaisquer noites
de serenatas de musas ao luar
ou de revoltas de mendigos

por isso
txibita mais não faz
do que afagar deleitado os cabelos crespos
do seu crânio e do seu turbilhão de ideias
de acariciar o seu corpo
sem fronteiras sem limites
sem margens sem dimensões

por isso
txibita mais não faz
do que suster-se
na trôpega dimensão
da miséria

e txibita
é apátrida na sua pátria c.v.

II

o amor enclausura-se
num tempo exausto
em torno de scharansky e avital
e dos seus lábios lacrados
com nove anos de espera e de esperança

e txibita
com a sua vívida ternura
com a sua lívida carícia
nem sabe das pontes
que podem estender-se
entre a agonia e o abraço
de kiev a tel-aviv

e txibita
com os alvoroçados gestos
com os seus precários monólogos
nem sabe das labaredas
que se ateiam
do gulague ao colonato

e txibita
com a sua diária e introspectiva estupefacção
nem sabe das vozes dissidentes
que se extenuam em incendiários clamores
de aguerridos inventores de povos eleitos
e devastam o silêncio as oliveiras as almas
e as profecias inúmeras e férteis de terra prometida
e conspurcam o mel e o leite as águas escassas
do chão dividido das pátrias ensanguentadas da palestina
alimentadas
a holocausto nakba e jihad
endurecidas
pela intifada dos corpos
pela incandescência dos corações
na busca do afago materno
dos lares antiquíssimos
inscritos nas pedras sagradas
do muro das lamentações
da esplanada das mesquitas
e das suas memórias
indeléveis assassinas…

JOSÉ LUIS HOPFFER ALMADA

Lisboa, 2003/Agosto e Setembro de 2008

(versão reformulada do poema com o mesmo título constante do volume I de À Sombra do Sol, Praia, 1990)

quinta-feira, dezembro 11, 2008

NÔ GORDIANO

Depois de uma antologia de escritores e poetas pos-claridosos o que é que se faz com Vadinho Velhinho, José Luis Tavares e outros poetas (irreverentes) da nossa praça?

LEIGUS Y DOUTORIS

Há uma expressão em inglês «it's sound good to me» que no português significa mais ou menos «soa melhor». Na lingua crioula não há ainda uma expressão parecida, pelo menos que eu saiba. talvez equivale a algo como «ta txigan drêtu na nha obídu». Mas vendo bem a expressão hiperpragmática na sua origem inglesa penso que « dá ku nha sal» ta fika medjor na nos kultura, se ativermos apenas à parte que diz respeito ao som (sound). Enfim sem muitas confusões linguísticas ou impropérios de qualquer natureza vejam lá se não soa melhor isto assim:


«

(...)

Artigu 12


Ningen ka pode ser invadidu na se vida privadu o de si família, na se kaza, o na se korespondensia, nen ser atakadu na se onra y bon nomi. Tudu algen ten direitu di proteson di lei kontra intromison o ataki di kes tipu li.


Deklarason Universal di Direitus Umanu

(Livrinhu di bolso publikadu pa CNDH na dia Internasional di direitus umanu) »



Assim sim dja ta sirbi pa Leigus y Doutoris, ka si? Se isso é só pa ken ki pôde ê ôtu stória ...

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Dia Internasional do Direitus Umanus



PROJECÇÃO DE DOCUMENTÁRIO SOBRE ESTUDANTES CABO-VERDIANOS EM PORTUGAL E DEBATE



‘Redefinições’,


de António Santa Maria e Redy Wilson Lima, 90’


Convidados
CATARINA ALVES COSTA e JOSÉ LUÍS HOPFFER ALMADA


dia 11 de Dezembro às 18 horas


AUDITÓRIO I - TORRE B - 1º PISO


Faculdade de Ciências Sociais e Humanas - Universidade Nova de Lisboa
_____________________________________________________________
Organização: NEA - Núcleo de Estudos Africanos CEMME - Centro de Estudos de Migrações e Minorias Étnicas / CRIA Departamento de Antropologia, FCSH - UNL

terça-feira, dezembro 09, 2008

OUTRA VEZ!!

Para quem já não se lembra recorda-se, aqui, que no livrinho do Programa de Governo VII Legislatura 2006-2011 editado em 2007 [ logo na página inicial (7)] estava, Á PRIMEIRA, isto:

«ASSEMBLEIA NACIONAL

Moção de Confiança n.º 1 / VII / 2006
de 24 de Abril

Por mandato do povo, a Assembleia nacional vota por termos da alínea c) do artigo 179º da Constituição, a seguinte

Moção de Confiança

O povo cabo-verdiano no dia 22 de Janeiro ultimo expressou, de forma inequívoca, em eleições livres e justas, a sua soberana vontade de manter a actual maioria na governação do país nos próximos cinco anos (…)

Cabo Verde está num momento crucial da sua história. O futurro depende essencialmente da nossa capacidade de ousar, de criar, de inovar, de empreender, de competir e de ganhar.»

(...)

e por aí adiante

Posto isto, o Governo de JMN, ou melhor, o próprio JMN teve um golpe de génio: fez um soberbo salto acrobático entre o seu ego governativo e o seu ID instigado pelas «selváticas» declarações de Jorge Santos.
Algo como isto:

Com este salto JMN e o seu governo passam a ver o seu programa numa nova dimensão e numa posição de quase omnisciência, com um olho clínico sobre o seu próprio texto.

APLAUSOS!!!

É UM PÁSSARO? É UM AVIÃO? NÃO! É...

... o SUPER SUJEITO!

Este fenómeno ocorreu em 2007 na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, na apresentação de «Mitografias». Segundo uma testemunha ocular: «...Arménio Vieira (o alter ego do SUPER SUJEITO) apareceu-me como uma revelação. Poeta nos modos e nos gestos, sobremaneira silencioso, metido consigo mesmo, na Casa Fernando Pessoa sustentou um debate curioso em torno das questões identitárias que se colocam à actual Literatura Cabo-verdiana, dando resposta pronta àqueles que o interpelaram».

segunda-feira, dezembro 08, 2008

OLHA QUE ...!


1º plano (esq. á dir.): criança, Arnaldo Andrade, José Hopffer Almada e Mito


Que espectáculo anda a assitir esta ilustre plateia? O que é que anda a espantar uns e a deixar outros completamente indiferentes?

COUNTDOWN TO BASIE'S BLUES

COUNTDOWN TO BASIE'S BLUES


Uma exposição do Mito inspirada na musica do mítico Count Basie, o pianista de jazz que liderou a segunda maior orquestra middle jazz nos anos 30/40, depois de Duke Ellington.

A contagem apoteótica do Mito até One O'clock Jump - uma das canções-temas de Basie mais populares na história do jazz.

sábado, dezembro 06, 2008

É VITAL

È preciso alguma coragem para se pegar no dossier crime ecológico em Cabo Verde e no mundo inteiro, onde quer que haja ganância e capitalismo selvagem.
Os malefícios causados a ecologia e á biodiversidade do planeta começam a assumir contornos dantescos no nosso país. Só a título de exemplo: no caso específico de apanha de areia, a agua do mar quando desagua numa praia não encontra areia que deveria funcionar como filtro protector; e em vez de areia encontra pedras por onde se infiltra pelas frestas até desaguar em terra batida e apartir daqui já não há retorno: mete-se pelo subsolo que se estende até aos campos de cultivo, vai, daí, ganhando terreno até que chegue a um pé de papaia ou de feijão fazendo estragos consideráveis. Muitos terrenos de cultivo já sofrem com este desequilibrio ecológico. Aquilo que no principio começara, apenas, como um acto de sobrevivencia de familias carenciadas (que deveriam e devem ser protegidos por uma politica social mais justa, salve-se!) teve (e tem) as suas concequências, podendo resvalar em catástrofe ecológica se se reverter em actividade empresarial/industrial.

Diga-se de passagem, que essa atitude predatória está já a ser avaliada pelo nosso realizador de documentários Mário Benvindo que anda agora com um projecto sobre a preservação das tartarugas marinhas - «Tarturismo». O realizador pretende revelar uma certa «hipocrisia» á volta desta questão, pois ao mesmo tempo que se fala em protecção das tartarugas marinhas as motos de praia - aquelas de duas rodas - andam a espezinhar os ovos de tartarugas e tartaruguinhas que começam a nascer. Isso sem esquecer a matança de tartarugas.

Esta delapidação da reserva ecológica do país causado por actividades empresariais ilícitas e pelo turismo perverso é resultado das opções políticas. Não é á toa que o poder judicial (?) custa a munir-se de uma verdadeira Magistratura. Sem tirar nem pôr.
... como diz «Bianda» estamos FU...

PETICÃO! APROVADU.


sexta-feira, dezembro 05, 2008

ÕNTI Y ÔJI - Parte II

Numa das minhas longas temporadas em Lisboa entrei por acaso na Sociedade de Geografia de Lisboa, na Rua Portas de Santo Antão, no Rossio, para pesquisar um assunto do meu interesse e fiquei maravilhado com a quantidade de coisas que se pode retirar do baú da nossa história. Fui dar com um daqueles grandes livros cheios de pó servidas por uma dessas funcionárias «libidinosas». Mas naquela hora ninguém me podia tirar a concentração! Acotovelei-me por sobre a tampa da mesa (okay, agora sou Ulisses amarrado pelos seus homens no mastro do navio) e li como se nunca o tivesse feito antes.

Fui folhando e relendo o Boletim de Propaganda e Informação de Cabo Verde até chegar ao n.º 125 Ano XII, de 1961. Parei aí, porque entrevi um caso que me pareceu um desses episódios literários pouco comuns. Escrevia no referido boletim um jovem Arménio Vieira no mês de Janeiro de 1961 um poema que foi censurado de forma hedionda por um tal de Emílio Machado, obscuro português, que re-escreveu o poema de novo e á sua maneira! [algo como uma espécie de censura poética (isso existe?!)]. Sentida uma vez sentida sempre, não há volta nem justificações]. Pensei «mas que brincadeira é essa!?». Isso é como se a natureza do poema ou da pessoa que o escreveu fosse «corrigível» ou «empadronizável». Acho que o poema se chamava «Nem sei o que daria» (corrija-me o leitor, se este leigo no assunto estiver em erro).

Bom, nesse mesmo ano no mesmíssimo referido boletim Corsino Fortes, publicava um poema no qual, a meu ver e na minha modesta visão literária, «vingava», poeticamente o seu compatriota numa asserção ontológica que não admitia quaisquer «amarras»:

Só as palavras vencem
A inércia do esquecimento
Só elas lavam
O sangue do presente
E só a partir delas descobriremos
O perfil do Todo e do Nada

Num momento
Apagam as estrelas
E decantam o mundo

Não lhes arranquem
Nem o jogo que as aquece
Nem o gelo que os entorpece.

Nem as vistam
De noite nem de dia
Nem os moldem
No buraco que ficou
Do furacão que passou

São outras tantas vidas
Com existência e alma própria.

Corsino Fortes

Naquele momento, na minha leitura, á luz dos novos tempos era um acontecimento que mexia com algo. Aquilo que parecia apenas uma disputa literária prefigurou-se a mim como a mais flagrante chamada de atenção, naquilo que foi desde sempre, em Cabo Verde, um campo de batalha contra o poder colonial.

Nesse mesmo ano, em Fevereiro de 1961 novos dirigentes de Rádio Clube de Cabo Verde tomavam posse a 2 de Janeiro e nesse mesmíssimo ano realizava-se no arquipélago o documentário cinematográfico «O Homem e o Trabalho» por Miguel Spiguel com a ajuda de um cameraman chamado Aquilino Mendes. Foi também em Abril desse mesmo ano que se inaugurou o Palácio da Justiça e foi no mês seguinte, que ocorreu uma série de sessões de cinema educativo promovidos pelos serviços das instituições de vários pontos das ilhas com um público formado por crianças das escolas e adultos.

Isso foi o que lá estava registado mas o que contava lá, mais do que o menear das ancas da «libidinosa» funcionária, era a minha experiência intimista, o meu diálogo com o passado, e toda a minha vã «guerrilha intimista» contra aquelas anc... evidência histórica. Nada de factível para a nossa história oficial ...


Mas sim, voltando ao nosso presente já é altura do Arquivo Histórico Nacional ter essas relíquias ou pelo menos as suas réplicas, não é? È pa traze tud de volta otu bez.


quinta-feira, dezembro 04, 2008

quarta-feira, dezembro 03, 2008

PÔ - MITO (à memória de DÉCIO PIGNATARI)

Poema gastronómico dedicado à cidade de S. Paulo Nas palavras do Mito: « o poema aconteceu acidentalmente, ao servir uma entrada de choucroute, cebola & queijo mozzarela, quando estava almoçando com a minha querida amiga Helô e seus pais no restaurante Sujinho na Consolação».


Vou mas é comer qualquer coisa, a ver se cresço mais uns centímetros... inté!


O DESTERRO DO POETA (versão cedida pelo autor)

O DESTERRO DO POETA
(versão segunda)

ao Arménio Vieira, inveterado mestre da palavra
e das incongruências do quotidiano

Num dia qualquer
de Junho ou Março
expulsaram-te da tua taverna predilecta!

Dizem
consumias demasiado café
(ah! essa tua mania
de fazer o vagar do dia
vogando na solidão
recostado ao fumo teu e dos outros)

Dizem
trazias a poesia
para o coração
dos marginais dos desesperados
das vítimas da cidade e da rotina

Dizem
enchias de vaticínios e paradoxos
a nudez das tardes e a rispidez dos enredados
nas incongruências do dia e do quotidiano

Mas
- chateiam-se -
porque enxertas a poesia
aos estádios
e a outras rotas circulares
dos fanáticos da bola?

O poeta deve ser discreto
e exemplar na sua pose austera
mas tu
-desesperam-se –
dás trela aos que no futebol
são os sábios dos sábios
(e são quase todos os habitantes
destas urbes e suburbes)
e perdes o teu lato tempo
pormenorizando os dribles
discorrendo sobre as fintas de tal e tal jogador
(afinal um simples proletário
da várzea da companhia
ou, lastimam urbanos e cépticos, de ribeirão chiqueiro!...)

Um poeta deve ser
sisudo e sorumbático
e protótipo de uma postura filosófica!

Mas tu
- arrepiam-se -
cabelos em desalinho
em mangas de camisa
as sandálias franciscanas desapertadas
o peito ao sol e à bruma
discutes futebol
e pagas bicas e água tónica
a todos os que se vangloriam
de serem cortesãos do teu condado

Será isso
digno de um poeta
ademais consagrado?

Por isso
instaram-te a mudar
o teu indeclinável percurso
de todos os dias
e proibiram-te de consumir café
na tua irremediável taverna
das tardes todas
(diacho de poeta
que não cumpre a sina da boémia
e não consome nem scotch nem ceris!)
e colocaram o teu assento predilecto
num recanto da penumbra
(agora aí se senta
um velho funcionário reformado
em matrimónio indissolúvel
com o seu imperceptível silêncio)

Oh! pior
quando o teu poema saiu
numa das revistas da cidade
negaram-se a vender a revista
e em magotes amontoaram-na
com os restos de velhas publicações ilustradas
e com os dejectos dos turistas alemães
incomodados com a tua inconfundível conversa
sobre a gramática o futebol
e o non sense do quotidiano…

Lisboa, Julho/Novembro de 2008

(versão refundida do poema com o mesmo título
publicado na revista Fragmentos, nº 5/6, 1989)

REMÉDIO (Para Bloguistas)

"Faço todos os possíveis para parecer indiferente. Quero impor silêncio ao meu coração que julga ter muito que dizer. Receio sempre ter apenas escrito um suspiro quando acreditava ter dito uma verdade."


«Do Amor*» - Stendhal


Página 41


* Cheers!

terça-feira, dezembro 02, 2008

SOLIDÁRIO

Estamos todos solidários com o Abrãao estes dias. Convenhamos, caros amigos, que não é fácil um diálogo com este país, com esta cidade e com a sua mentalidade. São atitudes de tipo boçal que não abonam a favor da arte. Não há como fugir: xungaria ás tortas e ás direitas; esquerdismos infantis em problemas de gente grande, banalidades em política séria, lugares de sentido intoxicados por uma sucessão de erros de interpretação, ... Mas digo-te uma coisa, Abrãao, de coração aberto: com esta corrida desenfreada em direcção ao non sense vale mesmo é ficar em último e sermos sempre os eternos incompreendidos... por isso não percas a lanterna, meu caro.

segunda-feira, dezembro 01, 2008

REFORMAS DE MISÉRIA

Não percebi porque é que no jornal «A Semana», da sexta-feira recente, aparecem dois orientais de chapéu, á conversa, a proposito de Reformas de Miséria em Cabo Verde. Não há fotos dos nossos reformados? Ou já morreram todos à fome?

A MORAL DOS FORTES


Stá na moda jantares de beneficiência y, por obra y grasa, tud un variedadi de diskursos sobre assunto. Ma é komoventi rapara un certu djôgu de cintura pa eskiva expressons konstrangedor, ki ta leba a un certu tipo de reason moda kel ki Mizé Badia de Renascer teve na ultimu entrevista de Abroni na 180º. Em vez de kel expreson menos dignifikanti nu ta dal uns retokis ti ki fika ka ta parce me kelá ki, na fundu, nu sta objectiva ... na verdadi é un realidadi txeu duro y txeu presenti na nos vida social y ki nu ta «maskaral» ku ideias di responsabilizason social , di sensibilizason, etc, etc, ... problema é ki é ka ten un vínkulo objectivável nes tipo de relason mas apenas un dimenson di konsciencia ki nu debe ganha dia pa dia ... sê si, nton basta nu ka torna'l un relason perversu ou kompassivu, do tipo amo y escravo...


Ka nu mésti inkomoda txeu, si nu ka kre fla'l na kriôl, na inglês anglo-saxóniku kurrectu é ta fladu «hey...pssst...just share it back».

Oferendas, jantares de beneficiência social, espectáculos de beneficiência, apadrinhagem, etc, etc

é pamodi un Bem divinu ki dêbe repôdu …

Se kel argumentu li é radikal, nton nhos ôdja kel di un autêntico incivilizado di un tribo di ôtu lado di mundo ta pápia !!. È ta txoma Papalaguiu a kes guêntis ki pôde, ki ta fazê y ta disfazê ...



I'm just sharing it back:



"Quando um homem diz: « a minha cabeça é minha e de mais ninguem!» tem razão, tem muita razão e contra isso ninguem terá nada a objectar. Aquele a quem uma mão pertence será quem mais direitos tem sobre ela. Até aqui estou de acordo com o Papalagui*. Mas ele tambem diz: «a palmeira é minha!», só porque ela cresce, por acaso, diante de sua cabana, como se tivesse sido ele a fazê-la crescer! Nunca a palmeira poderá pertencer-lhe, nunca! A palmeira é a mão que Deus nos estende, através da terra; Deus tem muitas mãos,. cada árvore, cada erva, o mar, o céu e as nuvens são outras tantas mãos de Deus. Podemos tocar-lhes e regozijar-mo-nos com isso, mas lá por isso não temos direito de dizer «A mão de Deus é a minha mão!» No entanto é isso que o Papalagui faz."


Discurso de Tuiavii - chefe da tribo de Tiavéa nos mares do pacífico Sul


Sim, nô ta faze'l sim.