TEMAS
quarta-feira, dezembro 31, 2008
terça-feira, dezembro 30, 2008
RECORD NACIONAL
segunda-feira, dezembro 29, 2008
RACCORD NACIONAL
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sexta-feira, dezembro 26, 2008
10 Desejos para 2009
quarta-feira, dezembro 24, 2008
terça-feira, dezembro 23, 2008
AQUELA MULHER
segunda-feira, dezembro 22, 2008
O RACCORD DE JIM JARMUSCH
BlogJoint
RETRATO DO POETA ENQUANTO ESCAVA
Sombras sem além, a núbila ternura
sexta-feira, dezembro 19, 2008
terça-feira, dezembro 16, 2008
"I can't get no satisFASHION!" - MITO
NA RESSACA
José Maria Neves
Na teoria económica existe aquilo a que se chama lei rendimento decrescente que afirma que o produto marginal de uma determinada produção diminui à medida que a utilização do insumo aumenta, quando a quantidade de todos os demais fatores de produção se mantêm constantes. Por exemplo um determinado terreno de cultivo quando cultivado intensamente e sempre com o mesmo cultivo, sem variação na utilização de adubos, fertilizantes e insecticidas, esgota-se rapidamente e rende cada vez menos. Reduzida a sua capacidade de reprodução o terreno definha e acaba em pedregulhos.
Assumir cargos políticos á frente de uma juventude politizada é mesmo a mais procurada das «responsabilidade» e aquela que se entende como elevado sentido de cidadania. Esse é o primeiro jovem. Há outro jovem comprometido que veio de gente humilde que assume com convicção os seus valores de solidariedade e entreajuda á frente de uma associação de jovens. Que comove pela opção corajosa que assume: esse é o segundo jovem. Esses dois jovens co-habitam, todavia, em vizinhanças políticas e é norma ver um deles passar o outro lado numa ponte levantada pelos interesses partidários.
Um terceiro jovem discute politica, revela inteligência e capacidade de intervenção. Compara os discursos e consegue dissecá-lo até mais não haver argumentos dissuasores. Não prova necessariamente que é capaz de assumir porventura essas mesmas funções mas é sempre algo reprodutível e algo com consequências num plano moral e opinativo que pode até se materializar numa figura política posterior. Opinion maker, spindoctor, no matter, vale o respeito e o efeito que suscita nos demais.
Mas eu pergunto: onde é que está esse jovem que procura caminhos mais longos, mais tortuosos mas gratificantes por aquilo que trazem de sabedoria. Onde é que está aquele jovem que segue os poetas e não os políticos? Melhor, onde é que está aquele jovem que segue os poetas contra os políticos? Estará, neste momento, «enfiado» no seu quarto fazendo uma incursão silenciosa na poesia cabo-verdiana e misturando-a com o velho cinema europeu nas horas vagas em «permanent vacation», em permanente apatia?
Nem estou a falar daquele alien que se vangloria com um verso recém-descoberto do universo de Holderlin se ainda não tem maturidade para o sentir no peito mas aquele outro que se afunda na poesia de um conterrâneo seu, levado pela velha asserção filosófica «conhece-te a ti mesmo». Esta postura, aparentemente passiva e apática, pode revelar-se extremamente interventivo se ele começar a utilizar jargões literários/filosóficos em camisolas e não clichés de mera «javardice» moral e prevenção a qualquer «doença do fim do mundo»; ou no melhor dos casos se souber cortar esse cordão umbilical que o une ao status quo dos seus pais e afirmar uma cultura nova, contemporânea nos seus valores, liderando em espaços culturais da nossa praça.
sexta-feira, dezembro 12, 2008
A VERDADE DE JOAQUIM ARENA
Lembrei-me dele, também, pela qualidade superior da sua poesia e da enorme capacidade de análise teórica que o caracterizava.»
«O GRANDE SILÊNCIO» - PETER GRÕNIG
Fala-nos da presença do absoluto e a vida dos homens que aí dedicam a sua existência a Deus. Seduz ,pelo rigor, na escolha dos momentos de rezas, rituais e confissões e tambem pela subtileza com que revela um modo de vida, apartir de um subtexto donde emana a própria ideia da ascese. Utilizando interítulos como «Senhor tu me seduziste e eu me deixei seduzir por Ti» ou Se não és capaz de largar tudo e vires então não és meu discípulo» Philip Grõnig quis sublinhar o sentido de todo o trabalho de ascese praticado nesse mosteiro. Querendo perseguir o Absoluto, conduz-nos, ao longo de duas horas e meia de absoluta contemplação, com planos memoraveis da Natureza e dos rostos dos ascetas. A mim nunca o céu me pareceu tão pleno de sentido no cinema como agora. Aliás, só por acaso é que o filme termina porque na verdade não chegamos a apercebermo-nos disso: este filme é a arte da contemplação no seu auge e revela que o artista é, na verdade, mais parecido com um asceta, algo que não chegamos a entrever noutros trabalhos. Imprescindível para quem quer entender o porquê e para quê se fazem documentários.
INCONGRUÊNCIAS
as palavras fecham-se
numa cápsula cinzenta
sobre a cabeça de scharansky
e contudo
o ar que expira txibita
não tem química particular nenhuma
e é incolor e dolorido
por isso
txibita deixou
de aspirar a brisa da beira-mar,
o seu barulho
de respirar as palavras
e os alaridos dos outros
entre as flores da praça grande
por isso
txibita deixou
de conversar com o alcatrão das ruas
de conspirar com a esquizofrenia da cidade
de cativar-se com a intimidade do fedor circundante
por isso
txibita deixou
de inspirar quaisquer noites
de serenatas de musas ao luar
ou de revoltas de mendigos
por isso
txibita mais não faz
do que afagar deleitado os cabelos crespos
do seu crânio e do seu turbilhão de ideias
de acariciar o seu corpo
sem fronteiras sem limites
sem margens sem dimensões
por isso
txibita mais não faz
do que suster-se
na trôpega dimensão
da miséria
e txibita
é apátrida na sua pátria c.v.
II
o amor enclausura-se
num tempo exausto
em torno de scharansky e avital
e dos seus lábios lacrados
com nove anos de espera e de esperança
e txibita
com a sua vívida ternura
com a sua lívida carícia
nem sabe das pontes
que podem estender-se
entre a agonia e o abraço
de kiev a tel-aviv
e txibita
com os alvoroçados gestos
com os seus precários monólogos
nem sabe das labaredas
que se ateiam
do gulague ao colonato
e txibita
com a sua diária e introspectiva estupefacção
nem sabe das vozes dissidentes
que se extenuam em incendiários clamores
de aguerridos inventores de povos eleitos
e devastam o silêncio as oliveiras as almas
e as profecias inúmeras e férteis de terra prometida
e conspurcam o mel e o leite as águas escassas
do chão dividido das pátrias ensanguentadas da palestina
alimentadas
a holocausto nakba e jihad
endurecidas
pela intifada dos corpos
pela incandescência dos corações
na busca do afago materno
dos lares antiquíssimos
inscritos nas pedras sagradas
do muro das lamentações
da esplanada das mesquitas
e das suas memórias
indeléveis assassinas…
JOSÉ LUIS HOPFFER ALMADA
Lisboa, 2003/Agosto e Setembro de 2008
(versão reformulada do poema com o mesmo título constante do volume I de À Sombra do Sol, Praia, 1990)
quinta-feira, dezembro 11, 2008
NÔ GORDIANO
LEIGUS Y DOUTORIS
quarta-feira, dezembro 10, 2008
PROJECÇÃO DE DOCUMENTÁRIO SOBRE ESTUDANTES CABO-VERDIANOS EM PORTUGAL E DEBATE
CATARINA ALVES COSTA e JOSÉ LUÍS HOPFFER ALMADA
_____________________________________________________________
Organização: NEA - Núcleo de Estudos Africanos CEMME - Centro de Estudos de Migrações e Minorias Étnicas / CRIA Departamento de Antropologia, FCSH - UNL
terça-feira, dezembro 09, 2008
OUTRA VEZ!!
«ASSEMBLEIA NACIONAL
Moção de Confiança n.º 1 / VII / 2006
de 24 de Abril
Por mandato do povo, a Assembleia nacional vota por termos da alínea c) do artigo 179º da Constituição, a seguinte
Moção de Confiança
O povo cabo-verdiano no dia 22 de Janeiro ultimo expressou, de forma inequívoca, em eleições livres e justas, a sua soberana vontade de manter a actual maioria na governação do país nos próximos cinco anos (…)
Cabo Verde está num momento crucial da sua história. O futurro depende essencialmente da nossa capacidade de ousar, de criar, de inovar, de empreender, de competir e de ganhar.»
(...)
Posto isto, o Governo de JMN, ou melhor, o próprio JMN teve um golpe de génio: fez um soberbo salto acrobático entre o seu ego governativo e o seu ID instigado pelas «selváticas» declarações de Jorge Santos.
Com este salto JMN e o seu governo passam a ver o seu programa numa nova dimensão e numa posição de quase omnisciência, com um olho clínico sobre o seu próprio texto.
APLAUSOS!!!
É UM PÁSSARO? É UM AVIÃO? NÃO! É...
Este fenómeno ocorreu em 2007 na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, na apresentação de «Mitografias». Segundo uma testemunha ocular: «...Arménio Vieira (o alter ego do SUPER SUJEITO) apareceu-me como uma revelação. Poeta nos modos e nos gestos, sobremaneira silencioso, metido consigo mesmo, na Casa Fernando Pessoa sustentou um debate curioso em torno das questões identitárias que se colocam à actual Literatura Cabo-verdiana, dando resposta pronta àqueles que o interpelaram».
segunda-feira, dezembro 08, 2008
OLHA QUE ...!
COUNTDOWN TO BASIE'S BLUES
sábado, dezembro 06, 2008
É VITAL
sexta-feira, dezembro 05, 2008
ÕNTI Y ÔJI - Parte II
Fui folhando e relendo o Boletim de Propaganda e Informação de Cabo Verde até chegar ao n.º 125 Ano XII, de 1961. Parei aí, porque entrevi um caso que me pareceu um desses episódios literários pouco comuns. Escrevia no referido boletim um jovem Arménio Vieira no mês de Janeiro de 1961 um poema que foi censurado de forma hedionda por um tal de Emílio Machado, obscuro português, que re-escreveu o poema de novo e á sua maneira! [algo como uma espécie de censura poética (isso existe?!)]. Sentida uma vez sentida sempre, não há volta nem justificações]. Pensei «mas que brincadeira é essa!?». Isso é como se a natureza do poema ou da pessoa que o escreveu fosse «corrigível» ou «empadronizável». Acho que o poema se chamava «Nem sei o que daria» (corrija-me o leitor, se este leigo no assunto estiver em erro).
Bom, nesse mesmo ano no mesmíssimo referido boletim Corsino Fortes, publicava um poema no qual, a meu ver e na minha modesta visão literária, «vingava», poeticamente o seu compatriota numa asserção ontológica que não admitia quaisquer «amarras»:
Só as palavras vencem
A inércia do esquecimento
Só elas lavam
O sangue do presente
E só a partir delas descobriremos
O perfil do Todo e do Nada
Num momento
Apagam as estrelas
E decantam o mundo
Não lhes arranquem
Nem o jogo que as aquece
Nem o gelo que os entorpece.
Nem as vistam
De noite nem de dia
Nem os moldem
No buraco que ficou
Do furacão que passou
São outras tantas vidas
Com existência e alma própria.
Corsino Fortes
Naquele momento, na minha leitura, á luz dos novos tempos era um acontecimento que mexia com algo. Aquilo que parecia apenas uma disputa literária prefigurou-se a mim como a mais flagrante chamada de atenção, naquilo que foi desde sempre, em Cabo Verde, um campo de batalha contra o poder colonial.
Nesse mesmo ano, em Fevereiro de 1961 novos dirigentes de Rádio Clube de Cabo Verde tomavam posse a 2 de Janeiro e nesse mesmíssimo ano realizava-se no arquipélago o documentário cinematográfico «O Homem e o Trabalho» por Miguel Spiguel com a ajuda de um cameraman chamado Aquilino Mendes. Foi também em Abril desse mesmo ano que se inaugurou o Palácio da Justiça e foi no mês seguinte, que ocorreu uma série de sessões de cinema educativo promovidos pelos serviços das instituições de vários pontos das ilhas com um público formado por crianças das escolas e adultos.
Isso foi o que lá estava registado mas o que contava lá, mais do que o menear das ancas da «libidinosa» funcionária, era a minha experiência intimista, o meu diálogo com o passado, e toda a minha vã «guerrilha intimista» contra aquelas anc... evidência histórica. Nada de factível para a nossa história oficial ...
quinta-feira, dezembro 04, 2008
quarta-feira, dezembro 03, 2008
PÔ - MITO (à memória de DÉCIO PIGNATARI)
O DESTERRO DO POETA (versão cedida pelo autor)
(versão segunda)
ao Arménio Vieira, inveterado mestre da palavra
e das incongruências do quotidiano
Num dia qualquer
de Junho ou Março
expulsaram-te da tua taverna predilecta!
Dizem
consumias demasiado café
(ah! essa tua mania
de fazer o vagar do dia
vogando na solidão
recostado ao fumo teu e dos outros)
Dizem
trazias a poesia
para o coração
dos marginais dos desesperados
das vítimas da cidade e da rotina
Dizem
enchias de vaticínios e paradoxos
a nudez das tardes e a rispidez dos enredados
nas incongruências do dia e do quotidiano
Mas
- chateiam-se -
porque enxertas a poesia
aos estádios
e a outras rotas circulares
dos fanáticos da bola?
O poeta deve ser discreto
e exemplar na sua pose austera
mas tu
-desesperam-se –
dás trela aos que no futebol
são os sábios dos sábios
(e são quase todos os habitantes
destas urbes e suburbes)
e perdes o teu lato tempo
pormenorizando os dribles
discorrendo sobre as fintas de tal e tal jogador
(afinal um simples proletário
da várzea da companhia
ou, lastimam urbanos e cépticos, de ribeirão chiqueiro!...)
Um poeta deve ser
sisudo e sorumbático
e protótipo de uma postura filosófica!
Mas tu
- arrepiam-se -
cabelos em desalinho
em mangas de camisa
as sandálias franciscanas desapertadas
o peito ao sol e à bruma
discutes futebol
e pagas bicas e água tónica
a todos os que se vangloriam
de serem cortesãos do teu condado
Será isso
digno de um poeta
ademais consagrado?
Por isso
instaram-te a mudar
o teu indeclinável percurso
de todos os dias
e proibiram-te de consumir café
na tua irremediável taverna
das tardes todas
(diacho de poeta
que não cumpre a sina da boémia
e não consome nem scotch nem ceris!)
e colocaram o teu assento predilecto
num recanto da penumbra
(agora aí se senta
um velho funcionário reformado
em matrimónio indissolúvel
com o seu imperceptível silêncio)
Oh! pior
quando o teu poema saiu
numa das revistas da cidade
negaram-se a vender a revista
e em magotes amontoaram-na
com os restos de velhas publicações ilustradas
e com os dejectos dos turistas alemães
incomodados com a tua inconfundível conversa
sobre a gramática o futebol
e o non sense do quotidiano…
Lisboa, Julho/Novembro de 2008
(versão refundida do poema com o mesmo título
publicado na revista Fragmentos, nº 5/6, 1989)