"(...) O fazer-se sentir näo tem nada de ruidoso e de provocatório: afirma com simplicidade e com firmeza o carácter imprescindível de uma experiência que näo é um mero resto, um resíduo de sensaçöes e afectos mais ou menos remotos, mas que se assume a todo o momento na sua plenitude, completidude, perfeicçäo. O fazer-se sentir opöe a parte do fogo: nele se acende e brilha inesperadamente a centelha seminal de quem sente que só este presente lhe é dado, e é apenas aqui e agora que ele deve vencer ou morrer(...)." Estava a ler esta passagem da obra Do Sentir (Hipóteses Actuais) do filósofo italiano Mário Perniola e, devo confessá-lo, ocorreu-me a figura de um político, em pleno discurso, e com ela José Maria Neves. Nada a opor. Ocorreu-me sem nenhum esforço.
Pouco depois soube que se abrira o pano para o 2.º Acto no grande palco político caboverdiano com todos os actores nos seus papeis. Resta saber se, desta vez, se tratará de uma tragédia, drama ou comédia e se o público (leia-se massas) se compadecerá com o resultado da peça. A crítica resguarda-se, por agora.
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