TEMAS

sexta-feira, janeiro 30, 2009

quinta-feira, janeiro 29, 2009

A KIND OF ABSURD

«Um Chá no Deserto» (1990). Bernardo Bertolucci


Quem são os nossos turistas? Gostava que fossem esses mesmos tipos que fazem alpinismo, expedições e viajam para os recantos mais inóspitos do globo. Esses não procuram conforto mas sim a aventura nas suas vidas aborrecidas e rotineiras no primeiro mundo. Esses, sim, se contentam com uma residencial e uma casita tosca á beira mar e levam o chamado «turismo rural» mesmo a sério, agora que não podem confraternizar com nativos bravios, selvagens, todos já aborrecidamente modernos e contemporãneos.

Eu acho mesmo que só vêm para cá aqueles turistas palerminhas que acabaram de fazer a sua reentrée numa práctica que, outrora, fora de expedicionários, investigadores e poetas «malditos» que levam nos bolsos os seus parcos rendimentos. Esses não fazem turismo mas sim périplos e viagens ao desconhecido, por acharem as suas vidas demasiado absurdas para se confinarem aos quartos e piscinas de hoteis...

CRIME AMBIENTAL

«Eduardo Mãos de Tesoura» (1990). Tim Burton



«O que se passa nalgumas cabeças no arquipélago?» é a pergunta legítima que Amílcar Tavares faz a propósito do ensino superior em Cabo Verde. Como se operacionalizam 8 escolas para cerca de 499.796 habitantes?! Nada melhor do que ir ao mais básico: a Aritmética - a primeira coisa que aprendemos na escola e que serve-nos para a vida toda em todos os nosso raciocínios. Nem é preciso ser engenheiro. Vejamos o mais recente caso - Crime Ambiental + Vital Moeda + Governo + Turismo.



Divisão:
Fazemos uma divisão equitativa de projectos e construções, e respectiva distribuição por regiões do país, de forma a criar um segundo equilíbrio (já não ecológico), sem ferir susceptibilidades regionais mas mantendo, na mesma, a ambição de projectar hotéis e campos de férias. O que fica: progresso e uma falsa consciência.


Multiplicação:


Multipliquemos os projectos e construções para aumentar e consolidar o turismo em Cabo Verde. O que fica: crime ambiental e falta de consciência.

Adição:
Acrescentemos ao actual «estado ambiental» só mais um ou outro grande empreendimento turístico tapando baias, vistas, repisando as pobrezinhas das tartarugas. O que fica: progresso e uma falsa consciência.

Subtracção:
Mas então, imaginemos a Natureza assim como estava antes da era industrial. Mais atrás, antes sequer de qualquer derrube de árvores. O que fica? Um bando de indivíduos de tangas vivendo em palhotas, curtindo a natureza, de boa consciência … mas ainda sob o olhar curioso de turistas!


Acho que a nossa Aritmética não vai nada bem, amigos... á pergunta de Amilcar adiciono outra: «não temos mãos a medir?»

quarta-feira, janeiro 28, 2009

ALUPEC NA SPASU (Remake)

«Solaris» *(2002). Steven Soderbergh





Guêntis, keli é un post anterior (un remake) «ALUPEC NA SPASU» ki dja stá retifikadu pa un autoridadi nes matéria li: nha pueta kauberdianu ferénhu José Luis Tavares, ki dja traduzi pa kriolo puetas di ôtus lingua sima Camões y W. C. Auden.





Pa nu stá senpri ta prendi y ta konprendi pamôdi lingua nu ten ki lida ku el sima nu ta lida k' un mudjêr - é ka só sência não, é arte tanbé...



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"Opurtunidadi pa ALUPEC é pa literatura nasional, skrebedu na kriolu, kumesa ta kirsi na téra. Skrebe na kriolu pode ser un autêntiku finóminu si nu leba-l ku vontadi di ser konprendedu y ku bazi finkadu na raís. Pa kel novu jerason li é inportanti difini a partir di un bazi vernakular y kumesa ta abri portas di xintidu kran, mesmu pa ken ki ka ten un kursu universitáriu. É un tóxa vivu ki sta na skrita di kriolu y ki pode ba ta asumi diferentis forma, indifinidu, di akordu ku nos invistida na el. Un pensamentu struturadu na kriolu é kapás di da un avansu kuântiku pa kualker spasu literáriu, puétiku, sientífiku, ô otu. Struturas inatu na linguajen umanu moda kel ki Kant difini, kantu e fala di inperativus katigóriku, ten se faktualidadi na linguajen y é bon ntende-l nes aspetu novu di ridifini lingua kriolu .

É ka só linguistas ki ten un papel nes prusesu siklópiku di da un lingua se lugar meresidu ma tanbé sientistas, filózufus, universitárius dizinibidu na ses abordajen, skritoris di pensamentu livri. Produson literáriu debe aumenta na lingua kriolu pa kumesa ta faze sentidu. Ku Iditoras di livrus ta abri porta pa jovens ki kré skrebe na kriolu (ku algun rizerva na kualidadi di skrita y di ideias); ku más prugramas de TV y Rádio na lingua kriolu; sobritudu ku un telejornal na kriolu; ta kria un enviezamentu interesanti na nos manera di pozisiona peranti mundu (entendedu komu kuletivu). Si ten un inkonsienti kuletivu é na kriolu ki nu ta atxa-l y é na kel nó di xintidu k'e ta torna matéria di arte y pensamentu kontepurâniu... ku kel razon universal ki nu ta da-l...

N ta atxa ma luta pa afirma ALUPEC sta más na iditora y na grandis mediun moda TV y rádiu di ki na se prufunda gramatizason, istu é, na kel movimentu pa interior disputa gramatikal y mas sin na kel movimentu inversu pa fora di lingua (ki sta enraizadu na un kultura forti) na direson di novus modelu di pensamentu ki ta obriga-nu ristrutura lingua otu bes sima ta kontise na tudu lingua ki ta muda ku tenpu y na kual alguns palavra ta dexa di uzadu y otus ta toma lugar .... vulgarizason di ALUPEC y un interdisiplinaridadi ku kanpu sientífiku y filozófiku, pedagójiku, ke-la ki nu meste...

... nu faze di konta ma kriolu é nos monolitu negru... nha genti!




Tempo de Lobos "



(devidamenti rectificado pa Zé Luis Tavares)




* Remake de «Solaris» (1972) de A. Tarkovski

KRESEBACK ROCHA (II)

«De Olhos Bem Fechados» (1999). Stanley Kubrick


Cega a minha visão
A vida reflecte como um espelho ao sol
E fere-me os olhos ao encara-la,
Ando como um cego tacteando no escuro
Não é meu trabalho tentar concerta-la



Respiro pobremente esse ar deficiente
Que me embriaga os sonhos todos
Nessa minha realidade sufocante…
Deixe-me perder nessa teia
Entre o real e a fantasia,



Quero ser aquele que te odeia
Deixe-me ser o teu reflexo,
O teu lado lunar obscuro
Como a fantasia na sua noite de núpcias,
O odor imprudente depois do sexo,
A sede saciada depois do sexo sem orgasmo,
O desejo de um abraço inexistente

Quero ser a sua droga o seu espasmo…
A cicatriz no coração que ninguém vê
É sarada depois de um beijo vampiro
Que suga o sangue como nos filmes da Tv.
Nessa vida a preto e branco
Mas qualquer cor fica bem em ti,
Menos o teu sorriso que é um pouco fantasmagórico
Tudo em ti é quase perfeito
E sinto muito se o sol oculta a tua beleza….




Kreseback Rocha

terça-feira, janeiro 27, 2009

BLOG JOINT: ENSINO SUPERIOR

O Clube dos Poetas Mortos (1989) . Peter Weir



Congratulo-me com este primeiro tema no blog joint. Penso que Redy Wilson avançou, bem a propósito, e com a sua frontalidade costumeira, a situação actual do nosso ensino superior. Daí que eu prefereria arriscar o cenário possivel para este problema, criado prematuramente uma vez que já não adianta chorar sobre o leite derramado. Acho, tambem, que tudo isso é fruto do oportunismo de alguns que vêm mascarados como empreendedores de um novo desenvolvimento na educação e no ensino em Cabo Verde. Focou-se a questão da exigência de qualidade (passageiro em trãnsito) do controle, da fiscalização e monitorização do sistema de ensino superior. Uma das exigencias que se devia fazer, a meu ver, é que essas universidades estejam, pelo menos, munidos de meios tecnológicos que possibilitem a realização de video-conferencias e de e-learnings criando uma fígura híbrida de ensino, quiçá um novo modelo universitário que passa a bola para o lado dos alunos, atribuindo-lhes uma verdadeira responsabilidade na forma como aprendem. Isso deixará pelo caminho muitos mas é assim a vida. Não há lugar para todos no topo.


Sendo a figura do professor catedrático importante no processo de assimilação das matérias, urge daí criarem-se convénios com universidades mais fortes de forma a trazer autoridades na matéria e a multiplicar as palestras, workshops participados e oficinas de debate.
Não está em causa a criação de universidades que «pipocam» por aí (Bianda). Pode haver mil universidades em meio metro quadrado já que «o saber não ocupa lugar» (laughing) ... mas o que se requer é que estas universidades sejam capazes de proporcionar o grau de qualidade desejado para o desenvolvimento do país. Seja como for o esforço recairá sempre sobre aquele que se quer instruir. Penso que estes, qualquer que seja a situação criada, terão obrigatoriamente de criar laços e familiaridade imprescindível com as novas tecnologias, acompanhar o ritmo imposto internacionalmente pelas estruturars do saber e estar atento às mudanças nos paradigmas da ciencia em causa. Será que os nossos alunos que saem de um ensino secundário demasiado permissivo e postura «laxista» estarão preparados para tal?


É aqui que entra talvez o poder político e a máquina partidária. O cenario posivel é que esses novos licenciados a nivel interno criem pequenas organizações de saber co-organizado e co-financiado pelos partidos políticos com a simpes vocação de retroalimentação do sistema político. É o que já acontece mesmo com aqueles que se formam no exterior. Porque é que não há-de a máquina partidária aproveitar-se desse jogo de saber aumentando-lhe o nivel de sofisticação? Os poucos que conseguem superar-se e daí se tornarem mais esclarecidos não nos devem preocupar mas aquela maioria que simplesmente está na lógica de sobrevivência, essa maioria só tem uma unica solução: servir um ou outro interesse com a «mediocridade» que se pede nestes casos. Esta será de facto a única forma dessa nova «fornada» de licenciados internos criar um vínculo social vital legitmando o seu saber - aliando-se à práxis política e á pragmática associativa da moderna sociedade caboverdeana. Os partidos ganham, assim, responsabilidades acrescidas e vida política torna-se o refúgio para muitos que sem essa via iriam para o desemprego. Basta olhar á volta: a sociedade caboverdeana tem vindo a ser uma sociedade fortemente politizada e as soluções para os jovens, consciente ou inconscientente, são unicamente equacionadas nessa óptica. «Não se pagam sábios, técnicos e aparelhos para saber a verdade mas para aumentar o poderio.»


Admite-se outro cenário não menos provável, coexistindo ao que já foi apontei. Guiné-Bissau, S. Tomé e Príncipe, Angola receberão licenciados caboverdeanos para trabalhar nas suas estruturas, no que poderá constituir num novo fluxo histórico da emigração caboverdeana, a juntar á época da pesca da baleia, do trabalho nas roças de S. Tomé e Príncipe, e da vaga dos anos 70. Cabo Verde transforma-se, dessa forma, num país exportador de recursos humanos para os PALOP: «o saber não ocupa lugar».

sexta-feira, janeiro 23, 2009

ALUPEC NA SPASU

«2001: A Space Odyssey» (intemporal). Stanley Kubrick



Oportunidadi pa ALUPEC é pa literatura nacional, skrebedu na kriolu, kumesa ta kirsi na têra. Skrebi na kriol pode ser un autêntiku fenóminu si nu lebal ku vontadi di ser komprendidu y ku base finkadu na raíz. Pa kel novu gerason li e importanti define apartir di un base vernakular y kumesa ta abre portas di xintidu kran, mesmu pa ken ki ka ten un kurso universitáriu. É un tóxa vivu ki stá na skrita di kriolu y ki pode ba ta assume diferentis formas, indefinidu, di acordo ku nos investida na êl. Un pensamentu struturadu na kriolu é kapaz de dá un avansu kuantiku a kualker spasu literáriu, puétiku, científiku, ô ótu. Struturas inatus na linguagen humanu moda kel ki Kant define, kantu é fala di imperativus katigórikus, ten se factualidadi na linguajennes y é bon ntendel nes aspectu novu di redefini lingua kriol .




È ka só linguistas ki ten un papel nes processu siklópiku di dá un língua se lugar merecidu ma també cientistas, filósufus, universitárius desinibidus na ses abordagen, skritores di pensamentu livre. Produson literariu debe aumenta na lingua kriol pa kumesa ta faze sentidu. Ku Editoras di livrus abrindu porta pa jovens ki krê skrebe na kriolu (ku algun reserva na kualidadi di skrita y di ideias); ku mas prugramas de TV y Radio na lingua kriolu; sobretudu ku un telejornal na kriôl; ta kria un enviesamentu interessanti na nos manera di posiciona perante mundo (entendidu como colectivo). Si ten un inkonscienti kuletivu é na kriol ki nu ta atxal y é na kel nó di xintidu k'é ta torna materia di arte y pensamentu kontempurâniu... ku kel razon universal ki nu ta dál...



N ta atxa ma luta pa afirma ALUPEC stá mas na editora y na grandes mediuns moda TV y radiu di ki na se profunda gramatizason, istu é, na kel movimentu pa interior disputa gramátikal y mas sin na kel movimentu inversu pa fora di lingua (ki sta enraizadu na un kultura forte) en direson a novus modelus di pensamentu ki ta obriganu reestrutura lingua otu bez sima ta kontici na tud lingua ki ta muda ku tenpu y na kual alguns palavras ta dexa di usadu y otus ta toma lugar .... vulgarizason di ALUPEC y un interdisciplinaridadi ku kampu científiku y filosófiku, pedagógiku, kela ki nu mesti...




... nu faze di konta ma kriol é nos monolitu nêgru... nha guênti!

81º EDIÇÃO DOS OSCARS DA ACADEMIA 2009


«Mulholland Drive» (2001). David Lynch


MELHOR FILME
THE CURIOUS CASE OF BENJAMIN BUTTON - Paramount Pictures/Warner Bros.
FROST/NIXON - Universal Pictures
MILK - Focus Features
THE READER - Weinstein Co
SLUMDOG MILLIONAIRE - Fox Searchlight

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REALIZADOR
DAVID FINCHER - «
THE CURIOUS CASE OF BENJAMIN BUTTON»
RON HOWARD - «
FROST/NIXON»
GUS VAN SANT - «
MILK»
STEPHEN DALDRY - «
THE READER»
DANNY BOYLE - «
SLUMDOG MILLIONAIRE»

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CANÇÃO
"Down to Earth" (WALL-E); "Jai Ho" (SLUMDOG MILLIONAIRE);







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THE CURIOUS CASE OF BENJAMIN BUTTON
THE DARK KNIGHT
SLUMDOG MILLIONAIRE
WALL-E
WANTED
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EFEITOS VISUAIS





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ARGUMENTO ORIGINAL
FROZEN RIVER
HAPPY-GO-LUCKY
IN BRUGES
MILK
WALL-E
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*** CERIMÓNIA A
22 DE FEVEREIRO 2009

quinta-feira, janeiro 22, 2009

KRESEBACK ROCHA (I)

«Being John Malkovich» (1999). Spike Jonze



N sta ben apresenta nhôs apartir di ôji un série de puemas de um brother di meu, txeu diskretu, mas ki ten un poesia de rátxa kabesa pa djôbe lá dentu. Sê pseudonimu é Kreseback Rocha - un talentu scondidu ki krê inda mânti escondidu ti kê atxa m'e altura d' el dá kara.



Sê poesia sta apresentadu sen nenhum komentáriu ... bastá bsôt lê y ntendê ô xinti ... pamodi poesia é c'má un passarinhu: kand bo ta atxa m'el tá seguro na bo mô el ta soltá y pa bô konsigui agarra'l ôtu vez bô ten ki saltá, mas já bô ka ta podê voa ma êl ...

Xa N' apresenta nhós sê universu, nton. Primeru puema txomá precisament Uni(versos)


Universos,
Unir os versos
Sem ser controverso
Saber rezar um terço
E pedir a Deus o teu amor
Acreditar que sou merecedor
E se eu falar de ti sem pudor
Não penses que te vou causar dor,

És o meu universo paralelo
O meu sonho mais belo
A voz que me acorda em noites de pesadelo
A deusa que vem em meu apelo
A luz que me guia nas noites escuras
A sanidade entre as minhas loucuras
A minha ventura entre as desventuras

O meu universo nas alturas
Mais do que um simples sonho
Foi te encontrar pelo caminho
Como um rosa sem espinho
Perfumas o meu mundo e nunca estou sozinho

Num verso ou numa poesia
Falo de ti no meu dia a dia
Das coisas que vivo em fantasias
Dos teus olhos que só me trouxeram alegrias

Te dedico esses versos
Com gestos dispersos
Uniremos os nossos universos
E se gostares desses versos

Fica então comigo,
Sejamos mais do que amigos…

Kreseback Rocha

quarta-feira, janeiro 21, 2009

YESTERDAY & TOMORROW

«Glory» (1989). Edward Zwick
«(…) There is no white world, there is no white ethic, any more than there is a white intelligence / there are in every part of the world men who search. / I’m not a prisoner of history, I should not seek there for the meaning of my destiny. / I should constantly remind myself that the real leap consists in introduction invention into existence.” Frantz Fanon

Ontem assistiu-se ao início de uma nova era mas também ao nascimento de um Novo Homem. Uma nova concepção do humanismo tal como o foi o dos homens renascentistas. Obama demarca-se de qualquer individualidade norte-americana na forma, no fazer e no dizer. Ultracool, sempre igual a si próprio – um verdadeiro líder. Democrata na asserção mais minimalista do termo, dividindo a atenção por todos os presentes não se coibindo de ir atrás, voltar á frente, contornar as personalidades. Optar por andar a pé, nos últimos metros, até a Casa Branca. Incansável! A família é a sua fortaleza. Mesmo na hora H do acto cerimonial de juramento e tomada de posse, percebe-se que ele nunca se «desligou» da mulher e das filhas, tornando o acto cerimonial mais descontraído até.
Utopia parece ser a preocupação de Obama na medida em que o evita. De forma pragmática já tinha advertido os americanos que as coisas podem piorar antes de melhorar e que ele vai cometer erros mas que tudo será vencido enquanto os americanos se sentirem como uma nação unida, respeitando os valores tradicionais da luta, da busca persistente da felicidade, e da responsabilidade. Neste discurso da tomada de posse reafirmou esses valores apelando claramente a um revival no american way of live enquanto aponta o dedo á ganância como principal causa do seu esquecimento na última década.

OBAMA caminha sob o signo da vitória diplomática. O conflito israelo-palestiniano, inflamado na faixa de Gaza, osso duro de roer na diplomacia internacional, parece residir o seu maior desafio, algo que o catapultará, em caso de reconciliação / renegociação, á dimensão dos maiores estadistas da história, como o foi Franklin D. Roosevelt, Winston Churchill, Charles de Gaulle, Willie Brandt. Na verdade é esse o estatuto que lhe falta porque acredito que não há hipótese deste homem errar como Presidente dos EUA neste seu mandato. Todo o mundo o apoia, todos querem trabalhar com ele e, alem do mais, escolheu uma equipa governamental excepcional de ambos os quadrantes políticos.

Olho para o Ocidente e só vejo um homem: OBAMA.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

DA LIBERDADE

«Braveheart» (1995). Mel Gibson


«O texto é (deveria ser) essa pessoa desenvolta que mostra o traseiro ao Pai Político.»
Roland Barthez

sexta-feira, janeiro 16, 2009

ROTA AUDIOVISUAL CABO VERDE 2008

Minority Reporter" (2002). Steven Spielberg


Janeiro
Guennyk Pires inicia a produção do seu novo documentário «Contrato» que decorre á volta da história dos contratados para São Tomé e Príncipe quando o governo português incentivou a emigração de cabo verde para são Tomé.

Fevereiro
Tambla Almeida publica o artigo «Cinemateca ou o direito irrevogável á memória». Uma análise pungente á possibilidade de se criar uma cinemateca em cabo verde e a importância de preservação da memória.

Março
“Some kind of Funny Porto Rican - A Cape Verdean American Story” de Claire Watkins é tema de um artigo de Chissana Magalhães publicado a 21 de Março no Suplemento «Kriolidade» - uma longa reportagem sobre o carácter do documentário e as dificuldades que se enfrentam no meio. O filme (watch the video) fora exibida em Janeiro de 2006 no Museum of Fine Arts de Boston e aborda a história dos imigrantes crioulos, no bairro Fox Point, em Providence, Rhode Island, a segunda mais antiga e mais importante comunidade cabo-verdiana nos Estados Unidos.

Tim Reid chega a cabo Verde para filmar um documentário sobre a história da Cidade Velha. A produtora-executiva é a esposa Daphne Maxwell Reid. O filme foi produzido pela People of Diáspora – Entertainement Media Group. Contou também com a colaboração dos Mendes Brothers cujo concerto ao vivo em S. Vicente foi filmado pelo realizador. Tim reid registou a passagem de Amistad para futuras produções.

Os cabo-verdianos Paulo Cabral, Adilson Semedo e Mário Almeida submeteram projectos Cabo-verdianos ao AfricaDoc, programa promovido pela LX Filmes em parceria com o ICA (Portugal). Das três ideias apresentadas - «Terra Rejeitada», «Imigrante Ilustre» e «Histórico Verídico» - só a primeira, relacionada com a problemática social dos imigrantes repatriados dos EUA - ficou seleccionada para apoio em termos de produção.

Txan productions & Visual Arts Inc, sediada em Los Angeles (EUA), divulga o seu calendário de produção:
- “550 years of Cape Verde History”;
- “Deported” – Guennyk Pires, Jeremy C. Gredone e Jamal Rashada e que abordará a deportação de jovens caboverdeanos dos EUA para cabo Verde;
- “News from América to Cape Verde Islands” ( documentário televisivo de 10 episódios)
- “Roada to Sea” (Caminho de Mar)
- “Music Soul of People” (Música: a Alma do Povo)
- “Two Worlds” (Dois Mundos)
- “Contract” (Contrato)

Abril
Tambla Almeida escreve um excelente artigo «Poeira no Cinema que Pensa» no qual aborda as particularidades e a arte de se fazer documentário e cinema, redigindo críticas singelas sobre os filmes: «To Beef or Not to Beef» de Yuri Ceunink e Manuel Fortes; «Rua Banana» de Mário Benvindo; e o seu próprio filme «Poeira e Poesia».

«O Percurso de Cabo Verde» de Guennyk Pires é exibido no Community College de Massachussets (EUA)

Maio
Estreia em Cabo Verde, o filme “A Ilha dos Escravos” do realizador português Francisco Manso.

Início de produção de “Revelação dos Rabelados” de Mário Benvindo Cabral cujo filme “Rua Banana – Cidade Velha” foi exibido no Festival Lusófono de Cinema e Documentário «Mostra Língua»”

“Proud To Be Cape Verdean: A look at Capeverdean in the Golden State” do cabo-americano Mike Costa faz o retrato cultural e social da comunidade residente na Califórnia. O documentário é narrado por Danny Glover, consagrado actor norte-americano. Histórias orais, entrevistas e fotografias dos cabo-verdianos que fizeram da Califórnia a sua casa.

Junho
Maralto Produções, criado em 1993 por Leão Lopes, volta a estar activo 15 anos depois com uma carteira de projectos alguns em andamento (documentários, filmes de ficção e reanimação de circuito audiovisual). A produtora que possui autonomia financeira e em equipamentos planeia a rodagem do documentário San Jon no Porto Novo em parceria com a Real Ficção.

Centro de Estudos Brasileiros inicia actividades na Praia incluindo a exibição de filmes brasileiros na sua programação.

“O Meu Coração 2” do realizador nigeriano João Paulo Umeh é exibido no Auditório Jorge Barbosa na Praia.


*
* (ELIPSE) *


Outubro
Realiza-se a II Semana do Cinema Africano no Auditório do Centro Cultural em Mindelo. «Piéces d’identités» do congolês Mweze Ngangura é um dos filmes exibidos.



Fonte: Jornal «A Semana» e «Search for Identity».

HABEAS CORPUS

«Tudo Bons Rapazes» (1990). Martin Scorcese



Agora que o juiz conselheiro Raúl Varela emitiu um despacho que autoriza a soltura do cidadão José Barbosa, condenado em primeira instância a 25 anos de prisão por envolvimento no ataque a um bar na Holanda ( de que resultou na morte de três pessoas) é bom dar uma espiadela á onda de opinião dos juristas nacionais e da diáspora. Sugeria a leitura do texto opinativo do nosso colega bloguista Virgílio Brandão de Terra Longe . Excertos:

«(***)



Não é a função dos tribunais aplicar as leis, interpretando-as no melhor sentido, conformando essa interpretação com a Constituição e o sentido de Justiça que emana da comunidade e de arcana e constituída ciência? Mas que riscos existem para um Juiz, formado em Direito e conhecedor da Ordem Jurídica e da ciência a ela subjacentes, em interpretar a lei de acordo com o sentido de Justiça e a Constituição? Parece que o CSMJ entende que outra(s) entidade(s) que não os Tribunais deveriam se encarregar de interpretar o Direito – nomeadamente os códigos penal e de processo penal – e, depois da «papinha feita», dá-la aos Magistrados judiciais para aplicação.


(***)



É uma solução mais fina a do legislador cabo-verdiano e, de todo, mais de acordo com os direitos fundamentais dos cidadãos que a estatuição portuguesa – essa, sim, ambígua… pois tem permitido muitas interpretações no seio dos tribunais. É irónico que seja uma norma clara e esclarecedora a criar nuvens que ela mesma dissipa… e bem. Mas, pelos vistos, bastou uma pequena alteração legislativa que ultrapassa o sentido libresco e costumeiro de entender-se as leis para se fazer uma confusão desnecessária a interpretar a mesma.


(***)


A questão da prorrogação automática dos prazos não é, em si mesma, o problema; aliás, não é problema que se coloque. A questão ou problema tem sido a de saber se se aplicava a lei, de forma automática, sem necessidade de despacho judicial, ou se era necessária a intervenção do Juiz para declarar a especial complexidade. O STJ, é manifesto, não soube colocar a questão no plano da especificidade da legislação nacional – falha num simples juízo que um simples mutatis mutandis sistémico e interpretativo resolveria.

(***)


In "Comentário ao comunicado do CSMJ. A Independência dos juízes e a apologia da magistratura cábula" »

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Erros (ou Atrasos) do Sistema

«The Godfather» (1972). F.F. Coppolla

A interpretação que um juiz dá da Lei não pode ser posta em causa, esta é a justificação que BMR ex-PR do STJ. O que é feito daquela justiça simples, crua e nua como ela está definida na consciência do Homem desde os primórdios? (Digo, dentro da Lei). Onde é que está agora a consciência do sistema? Pelos vistos ela é apenas um «signo» que se redistribui de interpretação em interpretação como a própria dinâmica do poder nas sociedades modernas: sofisticado, complexo mas, por vezes, ambíguo. Acho que a partilha do poder judicial, ou de qualquer outro tipo de poder, deveria ser definida em termos mais claros e precisos, sem ser meramente opinativa ou processual. Quem age sob o signo do poder não pode só dar uma opinião.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

O QUE DEVE TRIUNFAR?

Satyricon (1969). Federico Fellini


«Ou avançamos com a criação de porcos ou com o desenvolvimento do turismo (na ilha do Sal).»


Antero Alfama - Vereador. Pelouro de Protecção Civil da Câmara Municipal do Sal




Confesso que fiquei maravilhado com esta espantosa afirmação, relativa ao derrube de barracas (quintas) de criação de porcos ( e outros animais).


Esta opção pode ser aparentemente fácil de se tomar, mas não o é ... meu caro Vereador, na verdade ambas coexistem perfeitamente em muitos lugares turísticos, diga-se de passagem...

quinta-feira, janeiro 08, 2009

HISTERIA MORAL


«Boccacio 70» - 1962. Fellini, Visconti, De Sica, Monicelli

Quem já viu «Magnólia» de Paul Thomas Anderson lembra-se de ter visto sapos a cair do céu. Depois desse filme pensei que talvez não houvesse outro cineasta que ousasse algo do género: o absurdo e o insólito dado depois de 2 horas de filme (quando toda audiência estava metida na histeria moral das diferentes estórias, acontece o quê?! Chove sapos).


Quando A. Fuqua em «Training Day» «descolou» um Ethan Hawke que parece ter caído do céu para cima do carro de Denzel Washington (como poderia a personagem ter sobrevivido a todos aqueles golpes, ainda por cima ter embatido com violência no capote do carro, áquela altura; manter-se de pé para toda a cena de captura do malfeitor, não se tratando de «cartoon»!? Inverosímil, no mínimo!) pensei, outra vez, em «Magnólia» de P.T. Anderson mas não o considerei plágio - achei-o até mais ousado. «Para grandes males grandes remédios» define na perfeição a cena.


Agora, quando vi a ultima cena do «No Country For a Old Man» de Joel e Ethan Cohen - saiu um carro vindo do nada para embater na viatura do serial killer - pensei e disse-o: uma das cenas mais inesperadas que eu já vi no cinema... algo tinha que acontecer, algo tinha que parar esse serial killer (o mais recambolesco do cinema colou-se á pele de Javier Barden) - o «diabo em pessoa» pela mão de ... Joel e Ethan Cohen.


mas lembrei-me outra vez de «Magnólia» de P.T. Anderson e só aí percebi que se tinha tornado um movimento. Estava tudo aí: na câmara lacónica e desencantada de Joel e Ethan Cohen, na intrepidez do estilo em Antoine Fuqua ... na duração que é necessária para se conseguir esse efeito...

Mas que movimento é esse afinal? - é querer o BEM a qualquer preço.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

GAZA: ABRIU-SE 3 HORAS PARA ... RESPIRAR


«Roma, città aperta» (1945). Roberto Rosselini


Depois de uma pausa de três horas, hoje, Israel retomou os ataques na Faixa de Gaza. Segundo a «GI Mundo Notícias» os ataques foram reiniciados logo após as 15 horas (de Cabo Verde).

Calcula-se que, pelo menos 680 palestinos morreram desde o início da operação militar israelense, em 27 de dezembro.




"Jerusalem will remain the capital of Israel, and it must remain undivided," disse Obama, num cenário em que um palestiniano e um israelita reclamam com a mesma convicção : Jerusalém é a capital do meu país!!.


Bem, quer queiramos ou não, temos sempre que responder nos momentos cruciais: aqueles em que nos põem contra a parede para nos fazer a pergunta fatal, imprópria para corações moderados «és por nós ou contra nós?».


Por não ter sido involuntária, acredito que a memória inteligente e voluntária de Obama encontrará uma abertura diplomática ao mais alto nível para esta crise.



Mas ainda na minha ignorância pergunto: será que Bush (friend?), metido á besta nos corredores diplomáticos, tramou alguma coisa no intervalo antes da tomada de posse? Naquela onda de pintar o sete há sempre quem goste de fazer borrões no caderno bonitinho, bem escrito em letras e linhas correctas, do colega certinho do lado, assim que ele se distrai: ... a religião, o país, que se lixe! quando é o nosso orgulho e vaidade que estão em causa. Ainda serão capazes de andar lado a lado? O republicano e o democrata; o árabe e judeu;... o padre e o comunista; ...

terça-feira, janeiro 06, 2009

TRIÂNGULO AMOROSO


«À bout de souffle» (1960). Jean Luc Godard

segunda-feira, janeiro 05, 2009

NOVO ANO! COMEÇANDO PELO EGO!

«Masculin Feminin» (France, 1966). Jean Luc Godard



Ufff!! Consegui chegar a mais um novo ano! Passar mais este portal! Eu, que tenho a mania dos riscos no tempo. Eu ... que não dou uma trégua á «educação rosa, choné, chunga, hipócrita»; eu que não entendo «patavina» de política; eu que não entendo porque Israel anda matando civis inocentes; eu que já não sei o que é um Conselho de Segurança; eu que até agora não percebo porque anda a TCV a expor, continuamente, no Jornal da Noite - horário nobre -, doentes de SIDA, miséria abjecta, caixões, entre outras narrativas macabras enquanto estou a comer! (porque não deixar isso para outro género - o documentário!); eu, que já acredito de uma vez por todas que o 7 é deveras o número mágico, que se pode tirar assim: de cartolas ( neste país estamos agora ocupados a «pintar o Sete»**); eu, que gostava de ver uma via ... na capital chamada C7, em homenagem a TSMR; eu, que aposto que os políticos caboverdeanos não conseguem rir de si próprios sem perderem a face; eu, que já não entendo nada...de nada... eu que nem sou naif...nem tão ingénuo assim...




... eu que estou de ressaca ... e que me congratulo, agora, com o regresso em 2009 da Kamia ao nosso convívio na blogosfera: aquela que justamente me incentivou a fazer este blog. ... Eu, que gosto de mim ... e que acha que um pouco de narcisismo não faz mal a ninguem.