TEMAS

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

BLOG JOINT: (IN)SEGURANÇA

"Cidade de Deus"(2002). Fernando Meirelles


Há momentos atrás andava eu com uma quantia considerável em cash para depositar e deparei-me com um dos thugs da capital: um tipo bem alto, lenço na cabeça, de chinelos, e mau aspecto. Naturalmente que qualquer pessoa sente-se-se impelido a pensar coisas perfeitamente banais do estilo «sera que ele sabe que eu tenho esse dinheiro», «será que ele desconfia de alguma coisa», «será que ele adivinha os meus pensamentos». Não cheguei a pensar essas coisas mas coloquei-me, logo, em autodefesa. Com um pouco de paciência e sangue frio ainda pude pensar «o que leva este jovem á minha frente a me atacar e roubar, nesta horita?», «claro que ele tem necessidades, mas não vou tirar o meu dinheiro que ganhei com muito suor para lhe dar. Isso nem pensar», «ou ele vai fazer esse ataque por pura vingança - para vingar os pais que tambem não foram bem sucedidos na vida. E que culpa tenho eu disso?» , «com que arma ele me vai atacar? O ódio dele vai em quantas gramas?». A distância entre nós começa a ficar mais curta, em tensão psicológica e em metros. Cruzamo-nos. Não acontece nada. Reparei até que ele levava atrás, pendurado nos calções de ganga suja, um pano seco, desses que os limpadores de carro levam sempre atrás. «Está, afinal, a ganhar honestamente o seu pão». Isso me deixa feliz mas não descansado. Porque não estudou? Quem se descuidou? Ele ou os pais?». Que consciência carrega ele enquanto anda e trabalha. Quantas revoluções já não terá pensado esse jovem, meu conterrâneo, meu desconhecido mas não meu estranho. Seguramente.




Leia a seguir o que diz a malta do blog joint:


OSCARS 2009 - AND THE OSCARS GOES TO ... "QUEM QUER SER BILIONÁRIO?" - DANNY BOYLE

"Quem Quer Ser Bilionário" (2009). Danny Boyle


... AND THE OSCARS GOES TO ...


FILME l Quem Quer Ser um Bilionário?
DIREÇÃO l Quem Quer Ser um Bilionário?, Danny Boyle
ATOR l Sean Penn, Milk - A Voz da Igualdade
ATRIZ l Kate Winslet, O Leitor
ATOR COADJUVANTE l Heath Ledger, O Cavaleiro das Trevas
ATRIZ COADJUVANTE l Penélope Cruz, Vicky Cristina Barcelona
ROTEIRO ORIGINAL l Milk - A Voz da Igualdade, Dustin Lance Black
ROTEIRO ADAPTADO l Quem Quer Ser um Bilionário?, Simon Beaufoy
FILME ESTRANGEIRO l Departures, Japão
ANIMAÇÃO l WALL-E, Andrew Stanton
DOCUMENTÁRIO l Man On Wire, James Marsh
FOTOGRAFIA l Quem Quer Ser um Bilionário?, Anthony Dod Mantle
MONTAGEM l Quem Quer Ser um Bilionário?, Chris Dickens
DIREÇÃO DE ARTE l O Curioso Caso de Benjamin Button, Donald Graham Burt e Victor J. Zolfo
FIGURINO l A Duquesa, Michael O’Connor
MAQUIAGEM l O Curioso Caso de Benjamin Button, Greg Cannom
TRILHA ORIGINAL l Quem Quer Ser um Bilionário?, A.R. Rahman
CANÇÃO ORIGINAL l “Jai Ho”, Quem Quer Ser um Bilionário? (A.R. Rahman, Gulzar)
EFEITOS VISUAIS l O Curioso Caso de Benjamin Button, Eric Barba, Steve Preeg, Burt Dalton, Craig Barron
EDIÇÃO DE SOM l O Cavaleiro das Trevas, Richard King
MIXAGEM DE SOM l Quem Quer Ser um Bilionário?, Ian Tapp, Richard Pryke, Resul Pookutty CURTA-METRAGEM l Spielzeugland (Toyland), Jochen Alexander Freydank
CURTA DE ANIMAÇÃO l Le Maison en Petits Cubes, Kunio Kato
DOCUMENTÁRIO CURTA l Smile Pinki, Megan Mylan

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

$ 800.000.000.000: NÚMERO "BLOCKBUSTERS"

"The Pursuit of Happyness" (2006).Gabriele Muccino



... é o Big Bang na nova economia americana.



Depois da aprovação pelo Senado Americano «stimulus package» de Obama o governo norte-americano pode agora energizar a economia. Esse novo pacote, na quantia módica de $ 800.000.000.000 consiste basicamente em novas obras públicas e investimentos em áreas básicas, como saúde e educação. Tambem parte do bolo irá beneficiar pequenas e médias empresas o que significa que deverá haver um ressurgimento de ideias novas, pequenas produções de qualidade e diversificação de ofertas. "So, Buy American". Melhor ainda: como disse Bruce Springsteen "I want My America Back". É a «pimbalhada» geral.



É sobejamente conhecido o chavão americano "it's economy, stupid!", talvez uma resposta lendária dado por um camone a um transeunte qualquer que não compreende porque a sua vida não sai dos mesmo "sítio", mas que serve perfeitamente para aquele que só admite esperança, o que chega a ser ridículo quando não se age. Daí aquele novo chavão que saiu da cartola de palavras mágicas de Obama: "I believe in Hope but I do believe in Action, too!" .



Aposto, aqui, que Hollywood irá tambem aumentar o seu pacote de blockbusters (vulgo «pimbalhada») para acompanhar a nova onda de esperança e determinação trazido pelo actual protagonista de cena.



Com este bloody good number, todos vão paparicar e papaguear Obama. "So, Action, Mr Obama".


Não importa quem realize. O número fala por si.


segunda-feira, fevereiro 09, 2009

RETRATOS (III): CHÃ DAS CALDEIRAS (FOGO)

"Last Days"(2005). Gus Van Sant



Chã das Caldeiras (Fogo). 2 de Abril de 1995. 05 h da madrugada. Enquadramento: um homem está sentado numa cadeira de ferro simples. Está de tronco nú e apenas vestido com uma calça de ganga coçada donde desponta os pés nus. Ao fundo do enquadramento, do outro lado da parede uma janela deixa ver, em profundidade, o Vulcão e a sua cratera apontando para o céu. O corpo do homem está muito suado e treme. Tem uma faca na mão que maneja nervosamente na mão esquerda. Com frémito, tensão e nervosismo aproxima a faca do pulso. Nesse instante ouve-se um burburrinho que parece vir das entranhas da terra. Em milésimos de segundo guinchos de sangue saltam do pulso do homem ao mesmo tempo que, pela janela, as lavas incandescentes irrompem na cratera do vulcão como um fogo de artifício. À medida que se ouve aumentar os gritos no exterior o sangue vermelho escorre pelo solo e mistura-se, lentamente, com o vinho manecon que sai por entre os cacos de vidros da garrafa que a violenta irrupção acabara de partir.

BLOG JOINT: TURISMO E AMBIENTE [Decreto Lei nr. 3 / 2003 de 24 de Fevereiro]



"The 11.th Hour"(2007). Nadia Conners, Leila Conners Petersen



O Decreto Lei nr. 3 /2003, de 24 de Fevereiro, declara a baia da Murdeira como Reserva Natural Parcial Marinha, o que dá margens legais para se fazer construções turísticas e hoteleiras por se considerar haver um impacto reduzido a nivel ambiental (as mesmas considerações iniciais que estão a levar ao degelo o Polo Artico: é porque fica lá longe, imune ao sobreaquecimentos da atmosfera, não é?). Eu só acho que é altura de se ver as orlas marítimas com as mesmas convicções que levaram a que existissem Parques Naturais em Cabo Verde, fortemente protegidos pela Lei, isto é, com cientificidade e amor á terra e sem parcialidades. Leia a seguir o que diz a malta do blog joint:


sábado, fevereiro 07, 2009

PORQUÊ TER UM BLOGUE?

''Uma consciência sem escândalo é uma consciência alienada.''

Georges Bataille

RETRATOS (II): INTERIOR DE SANTIAGO

"Sarabanda" (2003). Ingmar Bergman



Interior de Santiago. Enquadramento: Numa casa rustica louças e tachos velhos e gastos estão a ser recuperados pela mão hábil e paciente de um funileiro. Durante cerca de cinco minutos vemos o homem a trabalhar de forma exímia e concentrada uma caçarola velha, até a recuperar de todo. Numa única cena-sequencia o homem desloca-se com a peça já trabalhada (a caçarola) e dirige-se a uma outra divisão para chegar ao terreiro da casa humilde e modesta. Está lá uma mulher com as mãos no queixo a olhar para um ponto incerto na baia costeira. Apercebendo-se da presença do homem levanta a cabeça. Trocam o olhar por breves instantes. O homem entrega-lhe a caçarola. A mulher devolve-lhe um sorriso largo e de cumplicidade. Ele estaca-se por uns instantes á frente dela, dá-lhe uma piscadela de olho e volta para dentro de casa. Ao lado da mulher uma gaita e um ferrinho «descansam» encostados á parede da casa, na ponta leste do terreiro.

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

RETRATOS (I): MINDELO

«Lola»(1981) - Rainer Werner Fassbinder




MINDELO - No enquadramento vemos apenas um violino em cima de uma cadeira. Ouve-se conversas fora do enquadramento «Oh, minis…b’sôt … oiá...(ruído)». Entra um casal que se põe a dançar mas só vemos as suas coxas e as pernas. Os corpos se inclinam numa coladeira e as mãos se insinuam nas coxas um do outro. Saem do enquadramento. Continuamos ainda a ouvir as vozes e os murmúrios. Um jovem rapaz entra (vemos pernas e coxas), logo seguido de um outro que lhe apalpa a bunda ... um momento de hesitação (nas pernas) e saem de cena. Ouve-se uma voz insistente «... dond’ê bsôt koloká kel violin, ahn?». Ouve-se ainda murmúrios e passos de gente saindo de um um compartimento para outro. Entra um terceiro jovem no enquadramento que se dirige em direcção ao primeiro plano onde está a nossa cadeira com o violino (que está sempre em primeiro plano). Agarra no violino e sai do enquadramento enquanto murmura «Es minin’s já ka ten kabesa!».

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

TIDE JOINT THE BLOG

Dou as minhas boas vindas a Tide , talvez o tipo mais kriolu, autóctone, no universo das ideias da blogosfera destas ilhas.

CHEGA DE MISTÉRIOS (I)

"Uma História Simples" (1999). David Lynch




Uma das peripécias cinematográficas mais notáveis é a que foi protagonizada por David Lynch com o seu filme «Uma História Simples». Fê-lo, talvez, para contrariar uma certa crítica cinematográfica de que os filmes dele são meras «pancas pessoais», «charadas», e que aqueles mistérios não tinham como ser resolvidos pelo espectador, como se fosse essa a verdadeira razão de ser do cinema: um quebra-cabeças.



Neste «Straight Story», um senhor, Alvin Straight, (Richard Farnsworth), já velho e caduco, resolve fazer uma viagem de uma ponta a outra dos EUA, num cortador de relva para se encontrar com o seu irmão que já não via há dezenas de anos, depois de se terem zangado. O objectivo final da viagem é simples: sentar-se lado a lado com o seu velho irmão e verem juntos as estrelas no céu, á noite, como costumavam fazer na sua infância.



Está nesse filme uma verdadeira sabedoria porque se baseia numa estória verdadeira. Assim, se quiser acabar com os mistérios na sua vida, faça uma simples viagem e no final traga algo simples de recordar: mesmo que seja uma concha pequena colhida num mar algures no Pacífico Sul. Basta que faças dessa pequena concha o teu único mistério, caro amigo.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

KRESEBACK ROCHA (III)

"O Sabor da Cereja" (1997). Abbas Kiarostami





Mais uma vez estou aqui


Aqui vou eu mais uma vez
Estou vivendo mais um dia,
Sem piedade desta vez,
Não existe piedade pra mim,
Eu sou a esperança, o sofrer e a dor
E não existe pra mim o perdão,
Enterra-me quando eu for,
Ensina-me se eu voltar deste chão
Tão depressa quanto eu viver


E depois é tempo de desaparecer…
Eu fui…

Eu fui-me pela estrada fora




Kreseback Rocha









segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Blogosfera Nossa

"Underground" (1995). Emir Kusturica



Eu escrevo o meu blogue porque gosto. Não o escrevo para tirar benefícios pessoais, influenciar pessoas, liderar opiniões. Nao penso nisso em momento algum. Eu estou aqui para me divertir. Dá-me gozo postar coisas sérias como cenas perfeitamente triviais. Não levo a vida demasiado a sério. Não gosto da política nem dos políticos, apesar do peso que ela exerce na minha vida e a chatice do túnel de sentido único em que nos querem insistentemente meter. Gosto de ar livre e quando, numa ou outra ocasião, a nossa blogosfera parece esse «campo livre e bravio» fico satisfeito.


Tambem não estou contra quem escreve blogues e tem únicamente como referência a vida política nacional (é isso o exercício da cidadania) mas isso é porque essa política é aquela que uma certa personalidade política afirmou que está, até, numa simples escova de dentes comprada num minimercado qualquer.


Não acredito que a blogosfera é só palmadinha nas costas, umbiguismo e va lá. Há aqui gente muito bem informada, responsável, e que fazem o pleno exercício de cidadania. Gente que inspira respeito. Acho que é preciso ter alguma cautela quando se refere áquilo que nós fazemos nesse espaço. O culminar desse processo todo talvez seja a actual página impressa num jornal da capital «A Nação». Respeitinho!



Tambem não acho que a nossa blogosfera seja uma masturbação colectiva ou um antro de egos inflamados... é mais aquela coisa rock de dizer: não nos escondam a verdade .... em vez desse tom monocórdio do poder do tipo ... eu posso... eu posso...eu posso...eu posso...eu posso... eu... eu ... eu... eu... eu... eu...eu...eu...eu...


Nós, os bloguistas, somos uma ilha nesse imenso www.