TEMAS

sexta-feira, março 30, 2007

Abraão Vicente vs Germano Almeida: luta de Carnaval ou Wrestling ?

Germano Almeida deveria acolher Abraão Vicente como um novo valor, diria mesmo como um filho, que até tentou escrever como ele. Poderia ter a cortesia de dizer «Abrãao, entendo a tua preocupação, mas tens que ter paciência. Ainda és jovem. Eu até gosto dessa rebeldia sã. Mas há coisas que vais acabar por compreender um dia». Mesmo esse paternalismo seria melhor do que a leve impresão de mei tiston ka tem troco. É assim que se engrossa o capital humano de um país ? Ignorando valores novíssimos? Quanto á Abraão Vicente é a face que se quis afirmar enquanto exemplo de experimentação e que se tornou, afinal, um exemplo de estilo. Será isto um falhanço?


Penso que a sociedade terá que se renovar em Cabo Verde de forma a permitir ao indivíduo manter-se vivo. È isto que interessa e não a destruição que é , espasme-se, apenas um código superficial. Por trás do texto de Abrãao está uma explosão criativa. Isso é um aspecto que deve ter escapado ao Sr. Germano Almeida. Talvez por não ser um verdadeiro artista mas, antes, uma espécie de designer de civilização.



Esta «luta de carnaval», um wrestling simpático, que põe frente a frente Germano «O Civilizador» Almeida vs. Abraão «Dá'a cara» Vicente vai, por certo, terminar em beleza, para que ninguem saia ferido, não é?



Post-Joking:


Já agora como existe uma galeria inesgotável de possibilidades nominativas no wrestling americano cá vão outras cromos para os fanáticos.


Germano «o Adão» Almeida vs Abraão «L'Eva» Vicente

Don G «the Civilizator» Almeida « vs Abraão «N' Monte Cara» Vicente

Sir Germano « Almeida, The Esquire vs. Abraão «The Irish» Vicente


etc , etc

Tito Paris Acústico:: um recital de caboverdianidade

O álbum Tito Paris - Live Greatest Hits, gravado num live realizado a três anos atrás, com a String Orquestra, é uma preciosidade. Acompanhado por uma orquestra que está lá para elevar e dar uma maior coloração aos movimentos da alma, Tito Paris escolheu um repertório dos mais populares e significativos na música de Cabo Verde. «Sôdade», «Febre de Funaná», «Galo Bedjo», ou «Nha Sina» (Luis Lima e Paulino Vieira) - um dos momentos mais sublimes do live, no qual qualquer caboverdeano acaba por se rever, caso se sinta, por algum revés, em terras estranhas.

quinta-feira, março 29, 2007

Leia-se: «È SÓ UM PEQUENO ARBUSTO»


Os nossos desgraçados favoritos. Isso, a propósito de uma ida ao Centro Comercial

Em todos os bairros existe sempre uma pessoa que é o «desgraçado favorito» de todos. Falamos daquele tipo melancólico, livresco, esguio, algo bizarro, de vestes desengonçadas, e olhar sinistro que assusta as crianças ou tambem daquele gordo, voluntarioso, beberão, que fala alto, e que diverte as crianças. Antes, esses pobres desgraçados eram os «excomungados» pela Igreja; nos dias que correm são os «banidos« da lógica do capitalismo e consumo.


Segundo Peter Slodenijk, filósofo alemão, herdeiro de Nietzche e «próximo» de Jean Baudrillard: tal como a religião, o capitalismo cria um espaço interior que busca a sua totalização e a abolição do exterior; não busca a aventura mas sim a segurança. Na práctica, cria grandes centros comerciais, com tudo lá dentro, [os japoneses e os alemães já têm centros comerciais com neve e ski] e como o exterior não lhes interessa deixa-os aos que são suficientemente pobres e miseráveis. Se os antigos desgraçados atiravam pedras aos santos de barro agora atiram pedras filosofais contra as vitrines e montras dos grandes centros comerciais.



Ainda bem que a tecnologia instaurou uma zona intermédia de significação e formas representativas permitindo aos nosso desgraçados favoritos encontrar o elo que lhes .faltava, metamorfoseando-se em bandas de rock n' roll, de rap/hip hop, e de criadores de cinema underground / indie.


Mas assim que são ncorporados, sob a bandeira do lucro , pelo capitalismo que os rejeitou, no princípio, acabam por perder a alma. Pelo menos a maior parte deles. Somente não perdem a alma os que são do calibre de: Ferro Gaita (na verdade, estão umbilicalmente ligados Txadinha Riba, o seu bairro e á Praia); Bob Marley (demasiado espiritual para ser enganado); Ben Harper (de rock e griffes assassinos de guitarra agarrou-se aos hiper-folklóricos Alabamas Boys); Tom Waits (especialista em detectar barbaridades do capitalismo); Jim Morrison (que gastava todo o seu dinheiro nas beberagens com os amigos, que levava aos estúdios de gravação para irritação dos produtores), Terence Malick (que aprendeu a apresentar só o essencial, aparecendo de quatro em quatro anos); Jim Jarmusch (intragável pela máquina capitalista por ser um tipo porreiro); ... e a lista não termina aqui.


Estes são, por agora, os meus desgraçados favoritos.

quarta-feira, março 28, 2007

Blogues caboverdianos: Enclaves Íntimistas e, por vezes étnico

A blogosfera caboverdiana padece de relativismo crónico. Nunca convencemos ninguem e não é pelos argumentos que se leva o cesto á vindima. É mais misterioso do que isso: Só chegamos uns aos outros quando nos convertermos na própria mensagem. Sou eu, não é o que eu digo. Ès tu, não é o que tu dizes. Formamos, amiúde, circuitos fechados, mudos, inexpugnáveis, e tudo o que é inexplicável. Parece haver fios invisíveis que ligam uns aos outros mas são tão subtis e frágeis que ao mais leve sussuro desparecem no tempo. Esse mundo parece ser o mais verdadeiro na blogosfera caboverdeana: enclaves intimos e, por vezes, étnicos.
Senão vejamos:
O meu leitorado há de perguntar para que serve a crónica. Sem muita certeza, direi que talvez sirva para atestar que nunca me curvei diante dos deuses pés descalços, nem dos palanqueiros de serviço. Queria ter alguma isenção, mas não padeço de neutralidade. Daí não ser indiferente aos ataques que me fazem. Et pour cause, esse aspirante a intelectual, merece pena e complacência. Há distúrbios herdados, pelos quais não temos culpa, ficando Freud para os explicar. Agora certo analfabetismo, não se compreende, nem se desculpa…
Há coisa mais hermética do que isto? Por favor, Filinto Elísio diz-nos que cabeça rolou neste teu texto. Nós, os bloguistas caboverdianos estamos ansiosos por saber. Pode ser que conheçamos e acabemos de vez com ele. Que tal?

O Nascimento de Uma Nação (1914)- D.W. Griffith





Este filme é único na história do cinema porque estão lá todos os requisitos, em estado puro, daquilo que consideramos, hoje, cinema: a exploração hábil da montagem paralela, trabalho sobre a relação tempo - espaço, fabricação de certos tipos de suspense, codificação da noção de ritmo, vontade de construções mais elaboradas, a nível da planificação e da montagem.

terça-feira, março 27, 2007

O Nascimento de Uma Nação (1914) e Intolerância (1916)- D.W. Griffith



O Nascimento de Uma Nação de DAVID WARK GRIFFITH é o nascimento do cinema tal como a conhecemos hoje. Cem mil dólares de orçamento ( muito dinheiro na altura), dezasseis semanas de rodagem nos arredores de Hollywood, uma plêiade de actores conhecidos ou que virão a sê-lo, de que resultou uma obra singularmente liberta do romance a partir do qual fora adaptada. A Guerra da Secessão, o assassinato de Lincoln, a libertação dos Negros foram apresentados através de uma história de amor impossível, num contexto humanitário bastante frágil e contraditório.
O filme provoca escândalo. As origens sulistas de Griffith levaram-no a reflexões morais de natureza racista, tendo mesmo elogiado o Ku Klux Khan. Um escândalo. Apesar do racismo flagrante que há no filme, o espectador é apanhado pela beleza das imagens, pela perfeição absoluta da montagem destas imagens.Este filme é único na história do cinema porque estão lá todos os requisitos, em estado puro, daquilo que consideramos hoje cinema: a exploração hábil da montagem paralela, trabalho sobre a relação tempo - espaço, fabricação de certos tipos de suspense, codificação da noção de ritmo, vontade de construções mais elaboradas, a nível da planificação e da montagem.
«O Nascimento de Uma Nação» de Griffith conseguiu satisfazer as mais elevadas ambições morais e ideológicas precedendo a um período fabuloso de realização de obras cinematográficas cujo alto nível de inspiração só é comparável ao dos anos 40 /50.

Se O Nascimento de Uma Nação inaugura o cinema enquanto linguagem, o filme Intolerância inaugura o cinema enquanto arte. Intolerância é na verdade o primeiro filme que faz pensar. Nele a perspectiva de um humanismo frágil e contraditório é desenvolvida de forma aprofundada por Griffith. Medindo a força deste novo meio de expressão, o cineasta decidiu dar um sentido á sua obra. Quatro (4) episódios da história do mundo montados em paralelo a partir de um tema - a história de uma injustiça judiciária; alguns momentos da vida de Cristo; o massacre de S. Bartolomeu e. por último, a queda da Babilónia.
Consciente da responsabilidade do artista Griffith serve-se do ecrã como de uma tribuna para ensinar as multidões, criando, com isso a função pedagógica no cinema. Saiba mais com Paulo Marcelo Tavares em http://www.planoaplano.com.br/suplemento/nascimento.htm





David Wark Griffith - O Primeiro Cineasta

David Wark Griffith é o primeiro nome na escala de realizadores de cinema ao longo da história.

Nasceu a 22 de Janeiro de 1875 em Floydsjork (hoje Crestwood) morreu a 23 de Julho de 1948 em Hollywood. Desempenhou profissões varias entre as quais a de actor. Entre 1908 a 1913 escreveu e realizou cerca de umas 450 curtas metragens.

O cinema deve a este realizador norte-americano de origem judia, a eficiência da câmara móvel, a montagem narrativa, o insert descritivo, o flash back ou a representação de um imaginário.




Os seus principais títulos são: Judite de Betúlia (1913), o Nascimento de Uma Nação (1914), Intolerância (1916), O Lírio Quebrado (1919), As Duas tormentas (1920), As Duas Órfãs (1922), Sally, a Filha de Circo (1925), A Batalha dos Sexos (1928) e The Struggle (1931).

Desafios de Àfrica

Analfabetismo, SIDA, crianças-soldado, corrupção, desemprego, escravatura, traumas do colonialismo, tráfico de armas ... a Àfrica, ela própria.

O Desafio da Europa

«Depois da II Guerra Mundial a Europa sofreu as concequências da sua política de autodestruição que marcou a primeira metade do século XX. A Europa perdeu a influência e, com a descolonização, deixou de ser o centro do mundo. A ideia profunda da situação actual é esta: como reformular uma certa grandeza, como voltar a ser um actor importante no teatro do mundo, em termos políticos e económicos, sem cair nos maus hábitos da tradição imperialista? »
Peter Sloterdijk - filósofo alemão (professor na Universidade de Karlshure)

segunda-feira, março 26, 2007

O Melhor Português é António O. Salazar?!


António de Oliveira Salazar, seguido de Álvaro Cunhal e Aristides Sousa Mendes, foi eleito o melhor dos «Grandes Portugueses» através de um concurso televisivo promovido pelo canal público RTP originando com isso uma situação embaraçosa para a consciência dos portugueses. As interpretações destes resultados por vários historiadores e sociólogos parece ser o de minimizar as concequências históricas deste concurso televisivo.

Uns poderão ver nisso o génio terrível do povo português que provavelmente quis com este voto de protesto alertar o país para os seus reais problemas ou simplesmente como algo que se escondia nos escombros de uma consciência hipócrita.

Seja como for, com este voto no A.O. Salazar, naquilo que parece ser apenas um passatempo, o povo português trai-se a si mesmo de forma vil. Pelo menos os que votaram (41%) perderam de vista o essencial da história portuguesa e da imagem que conquistou no mundo. Camões, Pessoa, 25 de Abril, Zeca Afonso, foram preteridos. O resultado revela ainda uma grande contradição com Alvaro cunhal, arauto do 25 de Abril, no 2.º lugar da tabela seguido do Aristides Sousa o salvador dos judeus na 2.ª Guerra Mundial e, provavelmente, um dos casos mais enternecedores na questão (muito actual) dos refugiados.


Um amigo meu, que estuda na Faculdade de Letras nformou-me que uma das listas candidatas à Associação de Estudantes é de extrema direita. Com isto assim, vou aconselhar-lhe que seja cauteloso e consulte novamente a obra de Amilcar Cabral. Antes que a chama seja ateada para os lados dos «manos».

sexta-feira, março 23, 2007

Simpósio sobre o Movimento Claridoso: Corações em chamas.

Fico com o coração em chamas por causa desta onda de soberba que assola o meio cultural e intelectual caboverdianos. Porque é que um simples Simpósio sobre Movimento Claridoso na cidade da Praia despoleta tantas tintas na imprensa?! Porque é o efeito iceberg: esconde-se uma imensa massa gelada por baixo. Não preciso citar os nomes dos que embarcaram nessa polémica. È muita gente, não se trata apenas daqueles que chegam á imprensa.



Qualquer jovem caboverdeano (seja badio ou sampadjudo) já teve, por certo, a sensação de ser excluído quando o assunto é «Movimento Claridoso» ou «Claridade». Parece que te estão sempre a dizer que têem um bem que tu ainda não conseguiste almejar ou, pior ainda, que essa é a sua vida essencial e que por conseguinte não podes tê-la para ti.


Isso deixa-me preocupado. Porque sempre que eu faço um esforço em perceber qual a importância desses homens na vida «real» dos caboverdeanos só consigo ver um grupo de escritores que aprenderam com a literatura brasileira um tipo de narrativa e abordagem etnologista e cultural no romance. Alguns deles encontraram mesmo verdadeiras almas gémeas no Brasil. Li «Chiquinho« de Baltazar Lopes quando tinha 14 anos e li «O menino de Engenho» de José Lins do Rego, já adulto, com olhos bem abertos. «Uauu!! Não é que os dois se parecem!!» sussurei, na altura, p'ra mim. Bem, seja como for, eu não tenho muitos conhecimentos da literatura dos claridosos. Na verdade nem os sinto no meu coração. Os meus problemas existenciais são outros e a minha geração é bem diferente da deles.


Até aqui ainda vou tirando o chapéu quando entro no altar dos claridosos mas não garanto que continue a fazê-lo se continuarem a soprar na minha direcção miudezas sussurantes e cínicas do tipo: badio que viestes da escravatura só conheces o batuque e o tam tam da tabanka. É que senão grito a plenos pulmões para esse altarzinho de palimpsesto e fakes:





Vós que fostes, outrora, mulatos finórios de Mindelo e S.Nicolau,
sois agora praticantes fariseístas de uma postura pós-colonialista,
Só conheceis o galanteio ao homem branco e a aquiesciência das vossas cortesãs

quando proferis palavras que não estão nos vossos corações.


Si ka txiga's, pamode nha português stá mal faladu ou pamóde N ka ninguem, N ta lê's kusé ki

Pantera skrebe di fundu di kurason :


Dj' es panha Padre Duarte

kela gó nada a ver ka tem

Dj' es faze discurso bunitu, ahn

Mas li na txon ki nu stá.





Acerca do engrossar das polémicas sobre as datas, local ou, quiçá, a quem pertence a legitmidade da realização do Simpósio sobre o Movimento Claridoso até se compreende: não temos muitos acontecimentos no nosso pequeno país (sabe bem levantar algum apupo de vez em quando). Ainda bem que quando as chamas da ira sobem em Cabo Verde é com soberba, malícia e inveja e não com barbaridades, bombordeamentos e sangue.

Off Record:



[Caro Sr«Padre Duarte» será que Praia e Mindelo estão separados «nos seus corações»? Esta poderá ser a nossa versão bílblica de Caim e Abel, em remake crioulo. Pelo menos tem em si os mesmos ingredientes: inveja, soberba e malícia. Falando em ingredientes apeteceu-me comer agora um bolo de chocolate. espero não me engasgar por causa desta estória, Sr. «Padre Duarte»].







  • Veja outras posições em relação á este assunto no Albatrozberdiano e em Momentos. Pode ler ainda no www.asemana.cv o texto em PDF (102) de Abrãao Vicente que, por sua vez, atacou Germano Almeida em relação á alguns pontos.








quinta-feira, março 22, 2007

O SOL é mais violento do que pensávamos

A NASA tornou públicas imagens inéditas dos efeitos das forças magnéticas no Sol. As fotos publicadas mostram que a superfície solar é mais activa e violenta do que se pensava.
Segundo os cientistas da NASA, na imagem se aprecia uma erupção vertical numa área de forte magnetismo na superfície solar assim como a natureza filamentosa do plasma que conecta zonas de diferentes polaridades magnéticas. As fotos foram captadas pela sonda 'Hinode'.
In El País Imagem: NASA

Indie Lisboa 2007

Lisboa vai ser contagiada, apartir de 19 de Abril, pela 4.ª edição do Indie Lisboa (o 2.º maior festival de cinema em Portugal; o 1.º é o Fantasporto). Numa programação que será formada por cerca de 250 filmes de várias cinematografias o Indie Lisboa escolheu, para uma das partes da edição Herói/Independente, o novo cinema alemão. São os filmes que foram rodadas entre 1995 e 2005 e realizados por Romuald Karmakar, Thomas Arelan e Valesca Grisebach. Será exibido, ainda, o filme vencedor do Oscar para Melhor Filme Estrangeiro: A Vida Dos Outros. Destaca-se ainda Low Profile de Cristoph Hochhaustler, um filme que é o reflexo da Escola de Berlim cuja estética peculiar está marcada pelo quotidiano. Estará ainda presente, em pessoa, o cineasta japonês Shinji Aoyama, que verá exibidos 14 dos seus filmes. Outro cineasta a estar presente no festival é o conhecido realizador americano Hal Hartley, que apresentará o filme “Fay Grim”.
O Festival Indie Lisboa foi criada em 2004 pela antiga Associação Zero em Comportamento, que realizava na década de 90 as famosas sessões alternativas no Cine 222. O endereço do site é www.indielisboa.com.
Fonte: Jornal «O Público»

quarta-feira, março 21, 2007

Advinhando a palavra passe dos bloguistas caboverdianos

O Albatrozberdiano é literatura quanto baste mas sempre atento ás mudanças na temperatura polemizante da blogosfera caboverdeana. Palavra Passe: Ojo carnal .
Lantuna, meio distraído, ainda consegue sempre chegar a tempo de nos surpreender com uma novidade. Palavra Passe: Keep in touch
Son Di Santiagu é o blogue das odes: ode á musica, ode á este, ode áquele, ode á Praia, óde aos festivais, e pressentimos sempre alguma elegia e auto-comiseração a rondar os posts. Palavra Passe: bastião.
O blogue Os Momentos é já aquela base: nunca destoa de um jornalismo sério ou da imparcialidade mesmo quando quando quer ser opinativo. Palavra Passe: newspaper.
O blog Sopafla da Kamia é, na blogosfera caboverdeana, o mais pessoal. Pressente-se que é ela que está aí: alguem que conhecemos mesmo sem nunca a termos encontrado pessoalmente. Dás-nos muitos mimos, Kamia. Nós bloguistas sentimos esse teu carinho especial. És mesmo a estrela da blogosfera caboverdiana. Parodiando o título do teu blog diria agora ao jeito do passa-palavra: Mi-Ki-Fla.

"Citzen Kane" - Orson Welles (1941)

Porquê é que se considera Citzen Kane [O Mundo a seus pés] uma Obra Prima? Por duas razões: 1.º porque foi o mesmo homem que dirigiu todos os momentos do filme, que o interpretou e que escolheu os segundos papéis entre os artistas de um grupo que conhecia bem.; 2.º porque ste filme marca, ao mesmo tempo, o fim de todo um cinema clássico e o começo de um cinema moderno. Welles inovou a narrativa e explorou a banda sonora de forma original (com ajuda dos seus amigos negros do jazz, como Duke Ellington). Tornou, ainda, a montagem mais complexa e desenvolveu, de forma inédita, a profundidade de campo e os planos–sequência.

Toda a revolução introduzida por Welles está na profundidade de campo não habitual nas outras produções. Enquanto a objectiva da câmara clássica focava sucessivamente diferentes partes da cena, a de Orson Welles engloba com igual nitidez todo o campo visual.

Os efeitos dramáticos foram obtidos assim, não pela montagem, mas com a deslocação de actores no enquadramento, escolhido de uma só tomada de vista. Sem cortes, ficando a câmara imóvel.
A planificação clássica que começara com David Grifith, no Nascimento de Uma Nação, descompunha a realidade numa série de pontos de vista sobre um acontecimento. Mas Orson Welles resolveu apostar na continuidade de cena, isto é, já não é a planificação que escolhe para o espectador o que ele deve ver.

André Bazin, crítico francês, chamou esse novo cinema de realismo espacial no qual «o espírito do espectador se vê obrigado a interpretar o drama particular da cena», uma «qualidade fundamental da realidade» uma vez que nós não vemos a realidade por cortes sucessivos mas numa só tomada de vista. O máximo que podemos fazer é confrontar ou aproximar as várias experiências do olhar, isto é, a nossa memória visual e afectiva.



Citzen Kane é um puzzle de imagens e de sons, um carrossel a alta velocidade com uma frase escrita em neons por Orson Welles: «A tragédia não é senão o espectáculo da desintegração de uma bela alma.»

No mundo do Cinema a megalomania tem um só nome: Orson Welles

Em 1941 um meteoro rebenta no céu mais ou menos sereno de Hollywood. Chama-se Orson Welles, uma personagem fora de comum que se impõe á opinião pública americana em 30 de Outubro de 1938 com o escândalo de uma emissão radiofónica. Tratou-se de uma adaptação não muito realista de A Guerra dos Mundos, de um outro senhor chamado Wells.

Esta emissão – uma invasão simulada de extraterrestres - provocou pânico e feridos nas ruas de Nova York. O acontecimento chama a atenção para esse jovem de 23 anos, que já tinha provocado outros escândalos. Dezoito meses depois, em Julho de 1940, Welles assina um contrato fabuloso com a companhia cinematográfica RKO e começa a filmar, em 1941, o que irá ser Citzen Kane (tradução portuguesa - O Mundo A Seus Pés) uma obra prima escrita e realizada por ele.

A rodagem leva nove meses. Em Abril de 1941 o filme estala como uma bomba nas salas de cinema. Ao contar a vida movimentada de um patrão da Imprensa megalómano vítima do seu próprio egocentrismo, Orson Welles não se contentou apenas em acertar contas com a moral do meio profissional – a comunicação social e o dinheiro. Fez ao mesmo tempo a análise do itinerário sentimental do protagonista: um ser frustrado de infância que nunca se restabelece.
A vida do cidadão Kane, o magnata da imprensa, é apresentada como a procura de sentido para a sua ultima palavra na hora da morte: Rosebud. Talvez uma simples prancha que o protagonista detinha quando era miúdo. Algo que não se confirma nem se desmente pelos variados testemunhos duvidosos ou sinceros das segundas personagens.

Trata-se, no fundo, de uma reflexão sobre a felicidade e uma meditação sobre a existência. Este filme inaugurou o cinema moderno contrariando o princípio, tacitamente admitido pelo classicismo reinante em Hollywood, nos anos 40, de que o estilo devia passar desapercebido e apagar-se perante a história a contar. Contra a corrente, Orson Welles redescobriu o cinema com esta obra insólita, rica e ambígua.
Eric Von Stroheim, outro cineasta escreveu na altura « O Mundo a seus pés é um grande filme e ficará na história do Cinema. Plenos Poderes a Welles» Jorge Luís Borges, escritor argentino atribui-lhe estas linhas «Ouso prever, no entanto, que O Mundo a Seus Pés durará como «duram» certos filmes de Griffith, de que ninguém nega o valor histórico, mas que ninguém é capaz de ver novamente. Sofre de gigantismo, de pedanteria, de enjôo. Não é inteligente, é genial: no sentido mais sombrio e mais alemão da palavra.»
Fonte 1: Excerto de memória bibliográfica e fílmica adquirida pela frequência e aprovação nas cadeiras semestrais de História de Cinema e Filmologia na Universidade Nova de Lisboa.
Fonte 2: Autodidacta desde os 14 anos de idade.

segunda-feira, março 19, 2007

Skrito na Pedra Fônti

Ba Fonti bebe kel âgu sábi na madrugada
Kel o-mesmu Ki Nhor Diôs dá antes de tudu tempu
Ki Cabral defende na mato di Guiné
Ki Katchass kirsi ku técnika y ritmo

Sim. Kel o-mesmu âgu sábi ki Pantera torna devolve-nu más puro inda.

quarta-feira, março 14, 2007

God, Inc - Episódio 1

Imagina que os problemas relacionados com Deus fossem resolvidos, não por uma questão de Fé ou de Paraíso Prometido, mas sim por meras formalidades burocráticas e de escritório. Este é primeiro episódio da série GOD,Inc. Aguarde pelo segundo.

segunda-feira, março 12, 2007

Madrid * Atocha: 11 de Março

Come and see the blood in the streets, come and see the blood in the streets, come and see the bloodin the streets!

[Pablo Neruda, I explain a Few Things]
-------------------------------------------------------------
Why this sudden bewilderment, this confusion?
(How serious people’s faces have become.)
Why are the streets and squares emptying so rapidly, everyone going home lost in thought?
Because night has fallen and the barbarians haven’t come.
And some of our men just in from the border saythere are no barbarians any longer.
Now what’s going to happen to us without barbarians? Those people were a kind of solution.
[C.P: Cavafy, Waiting For The Barbarians]
-------------------------------------------------------------

sexta-feira, março 09, 2007

BUSH NÃO PASSA NO BRASIL.

O MUNDO JÁ ESTÁ FARTO DESTE HOMEM. GEORGE W. BUSH JÁ É O PRESIDENTE MAIS IMPOPULAR DA HISTÓRIA DOS EUA. NÃO HÁ POVO MAIS ALEGRE PARA AFIRMAR ISSO. COMO AQUI SE VÊ.

quinta-feira, março 08, 2007

TCV II: jornalismo e razões técnicas

Todos temos um certo carinho pela TCV, por ser nosso. Gostamos de odiar a sua disfiuncionalidade, os gaffes dos apresentadores, o vedetismo, por vezes, mal disfarçado dos seus funcionários. Já é sabido de todos que a sua funcionalidade é cíclica: há alturas em que parece dar voz a sociedade civil ( a única razão porque deve existir uma televisão pública) e outras em que lhe dá uma amnésia: é quando deixa de fazer um jornalismo sério e só partcipa da dinâmica dos lobbies políticos e culturais, sem os desmascarar. Tal amnésia não se desculpa com o estado da democracia caboverdiana porque, no fundo, é o jornalista que faz a democracia (seja da TCV d'A Semana ou do CV Liberal On Line). Não compreendo porquê é que se faz uma entrevista a um lider de um partido político e só se lhe questiona, a maior parte do tempo, sobre cadernos eleitorais!! Parece-me que a lógica do «quando e como pensam ir ao bolo do poder?» tornou-se uma espécie de subtexto na postura mental dos jornalistas caboverdianos: ele agora é um político?! . Há excepções, é claro: há quem define e defenda, ainda, a sua agenda setting.
A TCV, regra geral, refugia-se sempre nas «razões técnicas e funcionais» (como fez agora o seu Director da Informação no caso da ANMCV) e isso já se sabe é como desligar o micro a quem vai fazer uma intervenção pública para depois dizer que não tinha pilha. Razões e Desculpas?! Sinceramente, até aqui já não vejo muita diferença entre uma razão e uma desculpa formulada ( esta última é que costuma «chamar» demasiado tarde e ás vezes nem chega).
O senso comum diz simplesmente: têem que defender o seu tacho. Mas a questão é outra bem mais complicada: estão cheios de medo que lhes tirem o tacho e a colher da boca?

terça-feira, março 06, 2007

TCV: Lobbies, Muita Pressa e Tugafobia

Há algo de absurdo e apressado na forma como o programa «Nha Terra, Nha Cretchéu» foi cancelado. Dos dois programas que passavam na RTP África esse era o único que tinha melhor conteúdo e qualidade.: informações bem analisadas e fundamentadas sobre a realidade politica, social e económica de Cabo verde. Enfim, o tipo de programa capaz de passar em canais internacionais. "Um exemplo de serviço público" como referiu Cristina Fontes. Apelidado de «programa dos tugas» por João Pires, director da TCV, a razão do cancelamento parece ter razões do tipo surreal e que se prende, em certa medida, com o nacionalismo exacerbado de um certo lobbie politico cultural caboverdiano. Ironicamente, a ultima edição do programa tinha um convidado : o primeiro ministro José Maria Neves. Nem a figura do chefe do Governo passou por esse crivo da razão distorcida ( é que nem o fim de contrato justifica tal falta). «Vá, sai, depressa».

Esta segunda-feira foi assinado um protocolo de colaboração com a televisão pública de Cabo Verde. Os dois canais vão cooperar em áreas como a formação de jornalistas ( os mesmos de sempre) e a produção de informação. Parece-me que no protocolo celebrado, está previsto também a concretização de troca de programas, sobretudo de produção nacional Que programa vai a TCV oferecer a TVI. "«Nha Terra, Nha Cretcheu». Oh não!!!, esse já foi cancelado. È fazer um!! Depressa!!. Afinal temos meios para fazer um programa igual, não é? Não, melhor, oferecemos aqueles dos antigos porque não temos equipa suficiente agora. A propósito, onde é que está o Sicrano da montagem? Já chegou alguma das câmeras que sairam para reportagem? ». «Dê-pressa

O recente website da TCV é a prova da pressa e da insensatez que sempre acompanhou a televisão pública de Cabo Verde: foi feita sobre os joelhos. A imagem que passa é de uma televisão pública pobre que não consegue manter-se nas fileiras da criatividade e inovação. Cabo Verde está, para já, mal representado, no conjunto dos programas da RTP- Àfrica, e pior está na www, com um site pouco criativo que parece ter sido criado por um estagiário da Web Designer ou por algum profissional que, á revelia de todos, «despachou» um projecto. Á pressa.

Toda esta estória da Televisão de Cabo Verde faz pareja com a analogia (recem-inaugurada por Guillermo Del Toro) de uma árvore que nunca cresce porque há, no subsolo, um sapo gordo e obsoleto, que está sempre a comer-lhe as raízes. Á pressa.