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quarta-feira, março 21, 2007

No mundo do Cinema a megalomania tem um só nome: Orson Welles

Em 1941 um meteoro rebenta no céu mais ou menos sereno de Hollywood. Chama-se Orson Welles, uma personagem fora de comum que se impõe á opinião pública americana em 30 de Outubro de 1938 com o escândalo de uma emissão radiofónica. Tratou-se de uma adaptação não muito realista de A Guerra dos Mundos, de um outro senhor chamado Wells.

Esta emissão – uma invasão simulada de extraterrestres - provocou pânico e feridos nas ruas de Nova York. O acontecimento chama a atenção para esse jovem de 23 anos, que já tinha provocado outros escândalos. Dezoito meses depois, em Julho de 1940, Welles assina um contrato fabuloso com a companhia cinematográfica RKO e começa a filmar, em 1941, o que irá ser Citzen Kane (tradução portuguesa - O Mundo A Seus Pés) uma obra prima escrita e realizada por ele.

A rodagem leva nove meses. Em Abril de 1941 o filme estala como uma bomba nas salas de cinema. Ao contar a vida movimentada de um patrão da Imprensa megalómano vítima do seu próprio egocentrismo, Orson Welles não se contentou apenas em acertar contas com a moral do meio profissional – a comunicação social e o dinheiro. Fez ao mesmo tempo a análise do itinerário sentimental do protagonista: um ser frustrado de infância que nunca se restabelece.
A vida do cidadão Kane, o magnata da imprensa, é apresentada como a procura de sentido para a sua ultima palavra na hora da morte: Rosebud. Talvez uma simples prancha que o protagonista detinha quando era miúdo. Algo que não se confirma nem se desmente pelos variados testemunhos duvidosos ou sinceros das segundas personagens.

Trata-se, no fundo, de uma reflexão sobre a felicidade e uma meditação sobre a existência. Este filme inaugurou o cinema moderno contrariando o princípio, tacitamente admitido pelo classicismo reinante em Hollywood, nos anos 40, de que o estilo devia passar desapercebido e apagar-se perante a história a contar. Contra a corrente, Orson Welles redescobriu o cinema com esta obra insólita, rica e ambígua.
Eric Von Stroheim, outro cineasta escreveu na altura « O Mundo a seus pés é um grande filme e ficará na história do Cinema. Plenos Poderes a Welles» Jorge Luís Borges, escritor argentino atribui-lhe estas linhas «Ouso prever, no entanto, que O Mundo a Seus Pés durará como «duram» certos filmes de Griffith, de que ninguém nega o valor histórico, mas que ninguém é capaz de ver novamente. Sofre de gigantismo, de pedanteria, de enjôo. Não é inteligente, é genial: no sentido mais sombrio e mais alemão da palavra.»
Fonte 1: Excerto de memória bibliográfica e fílmica adquirida pela frequência e aprovação nas cadeiras semestrais de História de Cinema e Filmologia na Universidade Nova de Lisboa.
Fonte 2: Autodidacta desde os 14 anos de idade.

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