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quarta-feira, junho 21, 2006

Os Seis de Shangai vs. Ocidente

Há cinco anos que Rússia e China promoveram a criaçäo da chamada Organizaçäo para a Cooperaçäo de Shangai com o o objectivo de criar um instrumento de coordenaçäo das suas políticas e interesses na Ásia Continental, com aliados menores, e tentar formar uma força para contrariar a influência dos EUA e da NATO na regiäo. Esta nova organizaçäo intergovernamental surgiu de uma iniciativa mais ligeira, surgida há dez anos no Grupo dos Cinco de Shanghai.
Pequim e Moscovo contaram, desde o princípio com a cooperaçäo, com os membros das repúblicas ex soviéticas de Kirguizistäo, Tadjikistäo e Kazakistäo, a qual se uniu Uzbekistäo, e puderam assim planear uma aliança depois do vazio criado pelo final da guerra fria.

Mas, prácticamente assegurada a lealdade dos países referidos, o principal interesse dos grandes patronos da organizaçäo se centra, provavelmente, nos países que aderiram a Organizaçáo de Shangai com o estatuto comprometedor de observadores, de entre os quais estäo, nada mais nada menos, que Índia , Pakistäo e Iräo, ou seja, de potências nucleares autoproclamadas.

O problema é que a India (a maior democracia do mundo) que acabou de firmar históricos acordos de cooperacäo com Washington e Pakistäo, com seu regime militar absolutamente dependente dos EUA, difícilmente vai deixar-se seduzir por projectos antiocidentais.

segunda-feira, junho 19, 2006

Quando a escuridäo cria beleza


Porquê é que a tendência em buscar o belo no escuro só se manifesta com mais força entre os orientais?! No Ocidente explora-se esse factor (no cinema e nas artes em geral) mais no sentido do fantástico, do grotesco, do qual o ponto extremo säo esses cartoonistas que fazem um reductio ad eternum dos edifícios e dos automóveis das grandes cidades até transformarem os seus holofotes em olhos vivos e as janelas em algo patético e misterioso. Descobrir o belo no seio da sombra ou utilizar a sombra para criar efeitos estéticos mediante a criaçäo de luzes indirectas só se compreende se se considerar uma dada realidade como um enigma. A escuridäo só revela o que é maravilhoso, como o ouro ou a aurora. É por essa razäo que na cultura oriental ancestral se criou o hábito de pintar de ouro as estatuetas Budas para que na escuridäo tenham um prazer estético de primeira ordem.

A única coisa que sei sobre ZEN

Seita budista originária da China (tchan) que se espalhou pelo Japäo desde os finais do sec. XII.

Dicas do meu Mestre

Näo há nenhum acidente nas nossas escolhas criativas. É que todas as nossas fontes já estäo relatadas.

sábado, junho 17, 2006

Mundial

Ainda é cedo para prognósticos mas a minha aposta para campeäo vai para Argentina do napoleónico Messi, contando com a presença demiúrgica de Maradona nas bancadas. Ave "El Pibe"

quarta-feira, junho 07, 2006

Sim, chorei...

É quase impossível filmar um desporto violento com tanta ternura. Clint Eastwood o conseguiu com Million Dollar Baby. No final da película tinha lágrimas nos olhos e fingi que era um cisco. Lembrei-me do filme porque há três semanas atrás vi uma das filhas de Muhammed Ali ganhar um combate practicamente massacrando uma adversária. Logo depois vi o mítico Cassius Clay subir ao ringue e beijar a filha. Que película daria isso. Sim, chorei ... com a ficcäo e com tudo o que de real ela traz. Desculpem-me, sou um choramingas ...


terça-feira, junho 06, 2006

Quem escreve assim...

Coisas "Down"
"Mortes aqui, mortes ali e também Syriana(2005, Stephen Gaghan).
E uma pessoa pergunta-se porque chatear-se só porque passou o fim de semana a armar um guarda-fatos. Já agora, é grave que tenham sobrado parafusos e porcas?"
Chissana Magalhäes (Kamia) é seguramente um talento na escrita. Um estilo sóbrio, impregnado de humildade e ao mesmo tempo de orgulho. Fragmentos de escrita que mais parecem montagem da qual a imaginaçäo se opera nos cortes de sentido de que faz uso. O facto de ter recebido o Premio de Revelaçáo "Orlando Pantera" pela AEC a mim näo me surpreende em nada. Com ela gostava de partilhar esta frase de Serge Daney: "On raconte ou on montre une histoire, (mais) ce n'est ni le même rôle, ni le même ton."

domingo, junho 04, 2006

Quem pinta assim...

Devo ter sido a primeira pessoa a escrever uma crítica acerca da arte de Abräao Vicente, numa folha académica dos estudantes caboverdianos em Lisboa. Estávamos ainda nas lides académicas. Lembro-me de ter ficado ensimesmado com o facto de näo ver na sua arte sinais de uma cultura ancestral africana até ele me mostrar uma tela com a temática Raboita de Rubon Manel e aí calei-me porque era na verdade elucidativo nas cores e linhas de força que demonstrava quando investia na ideia de uma África profunda no interior de Santiago. Pensei "quem pinta assim deve tê-lo no lugar". Näo sei como é o seu recente trabalho fotográfico “Rituais de Vida e Morte” mas é claro que ele investiu novamente na temática africana. Isso valeu-lhe a exposição/projecto “Nouvelles Africaines” (Notícias de África), a realizar-se em Setembro e Outubro, em Paris, integrando o lote especial de fotógrafos africanos. Mais caminhos para quem já conhece muitas outras paragens.
Yeah, Abräao: black flower.

sábado, junho 03, 2006

Paul Auster, Príncipe das Astúrias

Paul Auster (New Jersey, 1947) foi galardoado em Oviedo, Espanha, com o Prémio Príncipe de Asturias das Letras 2006. O Jurado destacou a sua "exploracäo de novos âmbitos da realidade". O autor de "Leviatan" (1992) superou a Philip Roth e Amos Oz. ¨Com a sua exploracäo de novos âmbitos da realidade, Auster conseguiu atrair jóvens leitores ao dar um testemunho estéticamente muito valioso dos problemas individuais e colectivos do nosso tempo", escreveu-se na acta dos jurados. Outros dois finalistas foram Philip Roth e o esraelita Amos Oz.
Para além da sua faceta literária, Auster está desenvolvendo uma interessante carreira no cinema. Em 1995 escreveu o guiäo de 'Smoke', dirigida por Wayne Wang, com quem codirigiu nesse mesmo ano 'Blue in the face'. Em 1998 se colocou atrás da câmara como máximo responsável de 'Lulu on the bridge'. Nos últimos meses está rodando 'A vida interior de Martin Frost', baseada na sua própia novela. Actualmente vive em Brooklyn com a sua esposa, tambem escritora, de origem norueguês Siri Hustvedt.
Auster é o último de uma insigne lista de premiados com o prémio Príncipe de Asturias das Letras da qual fazem parte, tambem, Mario Vargas Llosa, Günter Grass, Camilo José Cela, Arturo Ulsar Pietri, Alvaro Mutis, Claudio Rodríguez, CarmenMartín Gaite, Miguel Delibes, Angel González, Juan Rulfo, Carlos Fuentes, Augusto Monterroso, Doris Lessing e Arthur Miller. No ano passado foi premiada a escritora brasileira Nélida Piñón.