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terça-feira, fevereiro 27, 2007

Finalmente, Martin Scorcese !!!

MArtin Scorces ganha, por fim, o oscar, mais que merecido, de Melhor Realizador. Eu que sou cinéfilo estou estranhamente feliz.

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Oscares 2007: A Hora de Martin Scorcese

Finalmente a Academia agraciou Martin Scorcese com um oscar nas duas categorias que já merecera inúmeras vezes: melhor realização e melhor filme (para os produtores), por «The Departed» («Entre Inimigos»). Esta era de facto a sua ultima oportunidade, em termos simbólicos, uma vez que neste seu ultimo filme reuniu tudo o que conseguira desenvolver outrora, com filmes como Taxi Driver, Tudo Bons Rapazes e Touro Enraivecido): o estilo, o método de narração, a atmosfera neo-realista dos filmes de L. Visconti (que ele adorava), o assunto da mafia, a fluidez e a expressividade da câmara. Se a a Academia não o tivesse premiado seria uma ofensa para a arte cinematográfica como o foi o facto de José Luis Borges nunca ter sido Premio Nobel da Literatura só porque escrevia novelas. Teria sido o exacto equivalente disso no mundo do cinema uma vez que os temas escolhidos por Scorcese para filmar, por alguma razão nunca tiveram o agrado dos membros da Academia).
Oscars 2007 irá, por certo, revitalizar a industria cinematográfica, que tem estado a abandonar a mística que originalmente o caracterizava. Nota, ainda, para Forest Whitaker como Melhor Actor em «O Ultimo rei da Escócia» (biopic sobre o ditador ugandês Id Amin Dada); e também para Jennifer hudson (salve-se) para Melhor Atriz Secundária, a aumentar o lote de actores negros já aclamados pela Academia.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

APOCALYPSE NOW!


Apocalypse Now – Francis Ford Coppolla

Em 1979 F. Coppolla realiza Apocalipse Now e ganha a Palma de Ouro, ex-aequo com o Tambor de Volker Schloendorff no Festival de Cannes. O filme obteve ainda nesse mesmo ano o Oscar para Melhor Fotografia com Vittorio Storararo e Oscar de Melhor Som para Walter Murch, Max Buzer, Richard Beggs e Nat Boxer.

Em plena guerra de Vietname as autoridades militares americanas encarregam o Capitão Willard de reencontrar e eliminar o Coronel Kurtz que, depois de uma secessão com alguns fieis refugia-se na fronteira cambodjana num reduto inacessível, em pleno coração da selva. O Coronel Willard parte na companhia de uma pequena patrulha de soldados em direcção ao coração da guerra. Trata-se de serpentear um rio num meio hostil até chegar ao misterioso Kurtz, cuja voz Willard vai ouvindo numa cassete.

Diversos encontros ritmam o filme. Enfim, Willard chega ao ultimo reduto do Coronel Kurtz. O confronto entre os dois homens deixa logo perceber a sua profunda cumplicidade. Num longo monólogo carregado de conotações literárias e filosóficas Kurtz confessa-se a Willard de quem espera alguma expiação. Willard trá-lo com a morte – numa sequência no qual o carácter místico está sublinhado pela montagem paralela com o sacrifício de um boi.

A iluminação do filme pauta-se por um azul/branco artificial, estridente como uma dissonância, brutal como uma agressão, principalmente na cena em que os soldados de excêntrico Coronel Kilgore transformam o campo numa sala de espectáculo.

A trajectória que conduz Willard á Kurtz em Apocalypse Now é marcada pela solidão: á medida que Willard progride em direcção á Kurtz o vazio se faz á sua volta; as pessoas morrem, as trevas avançam. Kurtz, ele próprio, está só, no seu poder e na sua loucura e o confronto final é antes de tudo o confronto entre duas solidões.

Brando, soberbo mais uma vez, está como um encenador que dá indicações a um actor; ele envolve Willard pela sua palavra charmosa e acariciante. Investe-se da sua própria obsessão como um encenador que se descobre em actor.

O que diferencia Apocalypse Now de outros filmes de guerra é a visão surreal e alucinante que Coppolla conduz como um espectáculo, no qual as mesmas pessoas que fazem a guerra procuram esquecê-la. Neste aspecto o filme é, talvez, mais realista do que aquilo que parece á primeira vista, uma vez que mostra bem como a consequência da guerra depende de quem o faz.

Em 2002 Coppolla regressa de novo com uma nova versão na qual incluiu cenas que foram cortadas por imperativos da Productora. A sequência completa tem mais 50 minutos e chamou-se Apocalypse Now Redux. Inclui a famosa cena francesa que muito custou a F. Coppolla ver cortada na versão original.

Touro Enraivecido - Martin Scorcese

UMA VIAGEM AO LADO MAIS OBSCURO DO CORAÇÃO HUMANO.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Touro Indomável

Exuberante. Sensacional. Espectacular! Estes têm sido alguns dos adjectivos utilizados para qualificar “Touro Indomável”, considerado o melhor filme dos anos 80 e que se baseia num livro auto-biográfico sobre a vida do boxeur Jake La Motta.

Rodado por altura em que o próprio Scorsese travava uma luta pessoal para se livrar do vício da cocaína o filme se, analisado de forma superficial, transmite a ideia de que é a intenção do realizador é meramente fazer com que o protagonista Jake (Robert De Niro) desconte nos outros as surras que a vida lhe dá. Mas o que acaba por sobressair durante o longa não são os combates dentro do ringue, magistralmente filmados por Scorsese, mas sim, as constantes derrocadas de Jake fora dele.

“Touro Indomável” é um retrato demolidor do que pode acontecer a um ser humano quando se deixa consumir pela paranóia e, por essa razão, passa a não confiar naqueles que o rodeiam e zelam pelo seu bem.

Apesar de se tornar rico e famoso, ter um irmão e uma namorada que o amam, duas perguntas vêm à tona constantemente no decurso do filme: por que é que a vida familiar de Jake é um inferno permanente quando tem tudo para ser de outra forma? É possível ajudar alguém que não reconhece que precisa de ajuda? É no processo de construção das respostas para estas questões que reside o grande trunfo e lição do filme: um homem pode cair num ringue e se levantar, mas quando começa a cair por dentro de si mesmo pronto, o caminho da auto-destruição está encontrado.

Ao longo do filme que, conta com uma direcção impecável de actores, acabamos por perceber que para Jake a luta mais difícil não é aquela que ele trava contra os seus adversários que vai destroçando, um a um no ringue, com seu talento.

Ela é essencialmente contra os fantasmas derivados de seus complexos psicológicos (que o levam a pensar que é capaz de resolver tudo sozinho e à sua maneira) e sexuais (que o levam a agredir violentamente o próprio irmão por supor que ele anda a seduzir sua amada). E Jake acaba por pagar um pesado tributo nesta sua luta inglória contra inimigos sem rosto: passa da degradação moral à física e, de Ícaro que um dia chegou perto do sol, termina seus dias como contador de piadas em casas nocturnas.
“Touro Indomável” é definitivamente uma lição de boxe e de vida, um soco no estômago na ilusão da auto-suficiência humana. Aliás, Scorsese defende que “o maior dos pecados é o orgulho”.
Texto de Jorge Garcia

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

2001: Odisseia no Espaço

O rigor e a matéria filosófica em imagens.

E assim S. Kubrick criou a maior ficção científica de sempre!

Em 1968 chega ás salas de cinema o clássico dos clássicos de ficção científica 2001- Odisseia no Espaço realizado por Stanley Kubrick que escreveu o argumento em parceria com Arthur Clarke a partir de um conto deste último «TheSentinel».

É no campo das imagens e dos efeitos especiais fotográficos que mais se nota o rigor e a capacidade inventiva de Stanley Kubrick como cineasta. Ainda, hoje, passados 36 anos (desde 1968), o filme deixa a todos surpreendidos, pela forma como põe os actores a andar de cabeça para baixo trocando as voltas a quem pensa ter descoberto o segredo deste ou daquele truque. Uma das criações máximas de «2001-Odisseia no Espaço» é o computador HAL 9000, concebido como imitação dos processos lógicos de raciocínio cerebral ambientado numa nave espacial em viagem até Júpiter. Mas esse computador não resistirá ao confronto com o seu criador.
A música é especial. «Danúbio Azul» de Johan Strauss, para as valsas espaciais; «Also Sprache Zaratrusta» de Richard Strauss e Gyorgy Ligety e Aran Khatchaturian. Mas o que torna o filme tão fascinante independentemente da sua beleza visual e sonora? Trata-se sem dúvida do seu mistério central, do seu leitmotiv, que comanda as personagens e as conduz ao seu destino: o monolito negro.
O que é esse monolito, essa «abstracção concreta» que perturba e revoluciona? Várias explicações já foram avançadas por milhões de espectadores. Mas Kubrick não aponta definitivamente para nenhuma feliz ideia, o que dá ao filme essa abertura total em termos de conclusões. Stanley Kubrick diz que não se trata de uma mensagem que alguma vez tenha querido formular em palavras. Segundo o cineasta - «2001-Odisseia no espaço» é uma experiência não verbal: nas duas horas e dezanove minutos do filme, há um pouco menos de quarenta minutos de diálogo. Tentei criar uma experiência visual que superasse a sistematização do verbo penetrando directamente no inconsciente através de uma matéria emocional e filosófica.»
Stanley Kubrick não abusa de forma indiscriminada dos meios técnicos de que dispunha. O que é espectacular – no verdadeiro sentido da palavra – é a contenção que o cineasta revela nesta obra: os planos do seu filme são de uma calma inquietante e de uma estranha frieza. O filme possui um clima que raras vezes foi atingida nos «filmes de espaço» até hoje.
Com o rigor e precisão com que concebeu «2001: Odisseia no Espaço» Stanley Kubrick elevou definitivamente a ficção científica a um género maior.

Fez-se uma versão restaurada de “2001 – Odisseia no Espaço» que foi apresentada no Festival de Berlim tendo sido projectada em 70 mm com som digital a 7 de Março de 2000, assinalando o aniversário da morte de Stanley Kubrick.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Couraçado Potemkin -Sergei Eisenstein

A famosa cena do massacre da Escadaria de Odessa.

terça-feira, fevereiro 13, 2007

Eisenstein - o Inventor da Montagem

Em 1925 Sergei Eisenstein realiza O Couraçado Potemkine, em plena era Estaline. Depois deste filme o cinema nunca mais seria o mesmo. O Couraçado Potemkine ainda hoje desperta paixões e aparece sempre na lista dos «Melhores Filmes de Sempre» desde 1952. Em conjunto com Citzen Kane de O. Welles e O Nascimento de Uma Nação de D. Griffith, trata-se de um dos momentos fundamentais da história do cinema, um daqueles em que a linguagem deu um salto qualitativo de dimensões gigantescas.
É na montagem que residiu a maior novidade de Couraçado Potemkine. Está construído em forma de uma composição musical, em que cada um dos cinco episódios em que se divide corresponde a um andamento preciso, na qual a montagem deixa de ser a simples ligação de planos numa narrativa e transformar-se num ritmo cinematográfico de tipo novo.
Nos filmes de Eisenstein o espectador é levado a uma poderosa confrontação entre imagem e som mediante uma montagem intelectual, com tempos fortes e simbólicos numa história sempre clara, cheia de paixão, de tensões, de humor, de humanidade e de violências. Tudo ao serviço de uma estética marxista na qual a ideia comanda a forma, num grau de perfeição que raramente será depois igualado. Eisenstein criou ainda uma montagem de atracções na qual se junta, numa sequência, planos mais ou menos analógicos tomados em tempos e espaços diferentes para fazer com que eles signifiquem mais do que a sua simples aparência.
Um dos momentos mais citados do tipo de montagem que Eisenstein desenvolve neste filme é a dos leões de pedra, em Couraçado Potemkine, que parecem ganhar vida fruto de uma montagem sequência acelerada.
Enquanto David Grifith, outro criador fundamental do cinema, via a montagem como um processo de «construção», de colocação dos «tijolos», de uma ponta a outra, Eisenstein tentou concebê-la de uma forma teoricamente mais sofisticada. Para ele era da «colisão» de planos independentes e opostos que o significado nascia no espírito do público, isto é, pela dialéctica.

Como refere Gilles Deleuze [«Imagem Movimento»] Eisenstein elabora, na sua montagem, uma espiral , na qual num segundo instante adquire um novo poder, depois de se constatar o primeiro. Da tristeza á cólera, da duvida á certeza, da resignação á revolta. Concebeu, assim, planos antagónicos de forma quantitativa (um soldado, muitos soldados; um navio - uma frota); qualitativa (água-terra), intensiva (trevas-luz), dinâmica (movimento ascendente e descendente, da direita á esquerda e inversamente), como na famosa cena da Escadaria de Odessa.

Sergei Eisenstein concebeu, igualmente, aquilo a que se pode designar de montagem tonal, em que o movimento é percepcionado num sentido mais lato abrangendo todos os efeitos dos frames da montagem. Como por exemplo na montagem de «sequência do nevoeiro» os planos são montados com base na qualidade de luz, num jogo entre a névoa e a luminosidade.
No decorrer da sua carreira Eisenstein iria demonstrar uma muito profunda consciência dos recursos do cinema e a capacidade de lhes encontrar a mais perfeita tradução.

Sites para amantes de cinema

"A única diferença entre um filme e a vida real, é que o filme tem que fazer sentido!"

Joseph Mankiewiscz

www.7arte.com/ - Este site permite-lhe dar os primeiros passos no mundo do cinema. não é um site genial, mas tem pelo menos uma informação actualizada relativamente às últimas estreias e aos filmes em cartaz por todo o país; a informação sobre os filmes a passar na TV também vale a pena.

www.imdb.com/ - site poderoso de pesquisas e compras dos mais recentes DVD nos mercados internacionais*

www.ifilm.com/ - um site extremamente completo com as últimas que iluminam a grande tela branca; pode ainda registar-se e ver filmes via web, para além dos "trailers" de filmes antigos, que são sempre uma pérola para os mais nostálgicos

www.cinema2000.pt Um site luso que vale bem a pena; e as referências não são para menos: Eurico de Barros, João Lopes, Nuno Henrique Luz e Vasco Câmara são os críticos de cinema que assinam as opiniões sobre os filmes que estão para estrear, já estrearam e ainda mais umas crónicas pelo meio. Pena é que os cibernautas só possam ficar a conhecer o rosto do jovem Vasco... Lá vão muitos continuar a pensar eternamente que os críticos são refugiados de Marte...)

www.screenwritersutopia.com - um site completíssimo sobre uma das partes mais importantes de um filme: o argumento; com opiniões de profissionais do meio, críticas a alguns argumentos e, melhor de tudo, com antevisões por vezes com 6 meses de antecedência de algumas das "bombas" que estão para estrear - um site para profissionais, amadores avançados que gostam de cinema, curiosos espevitados ou simples navegantes que estejam interessados em algo mais do que em fotogramas dos "blockbusters".

www.screenwriting.about.com - um site absolutamente imprescindível para cinéfilos, guionistas ou amadores apaixonados pelo guionismo; dicas, críticas, opiniões, chats, forums, há de tudo aqui, até a famosa lista dos 100 melhores filmes de sempre; só terá de perder algum tempo no início, para "ficar a conhecer os cantos à casa", mas a partir daí... uma jóia!

www.sensesofcinema.com - um site que se dedica á crítica apresentando uma galeria de cineastas como David Lynch, François Truffaut, etc.
Existe ainda uma infinidade de outros sites criados para saciar a sua obsessão pela 7.ª arte.

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Shakespeare Sonnet-A-Day

Thy bosom is endeared with all hearts,
Which I by lacking have supposed dead,
And there reigns love and all love's loving parts,
And all those friends which I thought buried.

How many a holy and obsequious tear
Hath dear religious love stol'n from mine eye
As interest of the dead, which now appear
But things removed that hidden in thee lie!

Thou art the grave where buried love doth live,
Hung with the trophies of my lovers gone,
Who all their parts of me to thee did give;

That due of many now is thine alone:
Their images I loved I view in thee,
And thou, all they, hast all the all of me.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Pele Negra, Máscaras Brancas

Apreciei o artigo da Margarida Fontes n' Os Momentos, que aborda a velha questiúncula Santiago/S.Vicente, recentemente despoletada pelas afirmações do Sr. Moacyr Rodrigues e do Presidente da Câmara de S.Vicente. Quanto a mim esta dicotomia já se torna deplorável: revela sempre em nós, caboverdianos, as feridas da colonização. Insistir nesta história já rondará os limites da psicopatologia social. Eu sugeria a esses ilustres de S.Vicente a rever a obra «Peaux Noires, Masques Blancs» de Frantz Fanon. Sem ofensa.

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

O Grotesco no Sentir Caboverdiano

Com tanta autocomplacência e auto elogio o sentir caboverdiana está a chegar aos limites do grotesco. Começamos a ver figuras esguias e distorcidas sobre uma decoração política e social cinzenta. Essas figuras chegam muitas vezes a ser tão coloridas que acabam por dar origem ao cómico, dado os efeitos que suscitam naqueles que nada mais têem a oferecer senão a compreensão. Um país em que aprendemos a comer pedras com as cabras torna-se criminoso haver tanta vaidade e ostentação. Um país que começa a produzir autoelogios, e a inventar histórias e que, em vez de paradas militares faz, hoje, paradas culturais e elitistas para a simples contemplação estética, sem mérito nem desmérito, sequer. Estamos, em termos ontológicos, exactamente no percurso sensológico que levou Nero a incendiar Roma só para admirar a forma e a proporção das chamas. Não estou a exagerar: ... foi mesmo a impressão que me passaram uns quantos neo-conservadores que ainda graçam (passe o neologismo) no mundo da política e da arte caboverdianas.