
Com tanta autocomplacência e auto elogio o sentir caboverdiana está a chegar aos limites do
grotesco. Começamos a ver figuras esguias e distorcidas sobre uma decoração política e social cinzenta. Essas figuras chegam muitas vezes a ser tão coloridas que acabam por dar origem ao cómico, dado os efeitos que suscitam naqueles que nada mais têem a oferecer senão a compreensão. Um país em que
aprendemos a comer pedras com as cabras torna-se criminoso haver tanta vaidade e ostentação. Um país que começa a produzir autoelogios, e a inventar histórias e que, em vez de paradas militares faz, hoje, paradas culturais e elitistas para a simples contemplação estética, sem mérito nem desmérito, sequer. Estamos, em termos ontológicos, exactamente no percurso sensológico que levou Nero a incendiar Roma só para admirar a forma e a proporção das chamas. Não estou a exagerar: ... foi mesmo a impressão que me passaram uns quantos neo-conservadores que ainda
graçam (passe o neologismo) no mundo da política e da arte caboverdianas.
Sem comentários:
Enviar um comentário