TEMAS

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

APOCALYPSE NOW!


Apocalypse Now – Francis Ford Coppolla

Em 1979 F. Coppolla realiza Apocalipse Now e ganha a Palma de Ouro, ex-aequo com o Tambor de Volker Schloendorff no Festival de Cannes. O filme obteve ainda nesse mesmo ano o Oscar para Melhor Fotografia com Vittorio Storararo e Oscar de Melhor Som para Walter Murch, Max Buzer, Richard Beggs e Nat Boxer.

Em plena guerra de Vietname as autoridades militares americanas encarregam o Capitão Willard de reencontrar e eliminar o Coronel Kurtz que, depois de uma secessão com alguns fieis refugia-se na fronteira cambodjana num reduto inacessível, em pleno coração da selva. O Coronel Willard parte na companhia de uma pequena patrulha de soldados em direcção ao coração da guerra. Trata-se de serpentear um rio num meio hostil até chegar ao misterioso Kurtz, cuja voz Willard vai ouvindo numa cassete.

Diversos encontros ritmam o filme. Enfim, Willard chega ao ultimo reduto do Coronel Kurtz. O confronto entre os dois homens deixa logo perceber a sua profunda cumplicidade. Num longo monólogo carregado de conotações literárias e filosóficas Kurtz confessa-se a Willard de quem espera alguma expiação. Willard trá-lo com a morte – numa sequência no qual o carácter místico está sublinhado pela montagem paralela com o sacrifício de um boi.

A iluminação do filme pauta-se por um azul/branco artificial, estridente como uma dissonância, brutal como uma agressão, principalmente na cena em que os soldados de excêntrico Coronel Kilgore transformam o campo numa sala de espectáculo.

A trajectória que conduz Willard á Kurtz em Apocalypse Now é marcada pela solidão: á medida que Willard progride em direcção á Kurtz o vazio se faz á sua volta; as pessoas morrem, as trevas avançam. Kurtz, ele próprio, está só, no seu poder e na sua loucura e o confronto final é antes de tudo o confronto entre duas solidões.

Brando, soberbo mais uma vez, está como um encenador que dá indicações a um actor; ele envolve Willard pela sua palavra charmosa e acariciante. Investe-se da sua própria obsessão como um encenador que se descobre em actor.

O que diferencia Apocalypse Now de outros filmes de guerra é a visão surreal e alucinante que Coppolla conduz como um espectáculo, no qual as mesmas pessoas que fazem a guerra procuram esquecê-la. Neste aspecto o filme é, talvez, mais realista do que aquilo que parece á primeira vista, uma vez que mostra bem como a consequência da guerra depende de quem o faz.

Em 2002 Coppolla regressa de novo com uma nova versão na qual incluiu cenas que foram cortadas por imperativos da Productora. A sequência completa tem mais 50 minutos e chamou-se Apocalypse Now Redux. Inclui a famosa cena francesa que muito custou a F. Coppolla ver cortada na versão original.

Sem comentários: