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Mais uma vez não há respostas definitivas quanto áquilo que se deduz do filme e só a própria experiencia de quem vê, interessa. «Basta sentir», refere sempre, David Lynch. Desta vez o cineasta brinca mesmo com essa preocupação contínua das pessoas em querer explicar os seus filmes ao introduzir a sitcom do casal de coelhos cujos diálogos absurdos, acompanhados de risadas, indiciam incompreensão, vaticinios, dúvidas. A certa altura a mulher-coelho aparece a tenta colocar no cenário exiguo do teatro umas luzes que leva na mão (laughing). Talvez por haver um canto da nossa mente em que estamos constantemente a questionar, Lynch o tenha assinalado dessa forma? Ou poderá ser apenas uma simples sitcom de coelhos, nada mais ? Sem pretensões de ordem alguma? Por ser apenas divertido pôr umas criaturas, meio humanos, com cabeças de coelho a proferirem palavras descontextualizadas? Só por ser intrigante!! Bem, só mesmo ele poderá responder a essas perguntas e, como todos os aficcionados da sua obra sabem, isso nunca irá acontecer.
Podemos, pelo menos, descortinar algumas marcas na obra deste cineasta: a sua fixação por bruxas, pelos bastidores do mundo do cinema, por mulheres absurdamente belas e por aquilo (algo sempre hediondo) que se esconde nas traseiras dos edifícios e nos rostos das pessoas aparentemente normais e inocentes. È isso que exerce o fascínio nas películas de Lynch sempre coroadas com uma banda sonora melíflua e uma rara plasticidade das imagens.
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