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Este plano inicial é um dos raros planos de autor que fundaram o cinema contemporâneo. Coppolla regista-o no mesmo instante em que começa o filme. Pela sua densidade cerebral e codificação do tempo aproxima-se daquilo que Gilles Deleuze categoriza de cinema of the brain, igualmente presentes na arte de Stanley Kubrick ou de Alain Resnais. O tempo cinematográfico que decorre entre o início e o final de cena é na verdade um tempo hiper real; excede a própria encenação.
A cena é soberba: iluminação cuidada, movimento calculado da câmara, assombrosa interpretação de Marlon Brando - um «monstro sagrado» de Hollywood, saído do Actor’s Studio.
Saliente-se que o olhar de Coppolla é um olhar fascinado pela organização, pelo código de honra e pelo exercício do poder que estão na base das famosas vendettas sicilianas. O seu estilo cinematográfico encontra as raízes no universo dos grandes cineastas italianos como Visconti, Fellini e De Sica. Junte-se a isso meticulosidade, precisão, hiperrealismo e teremos a exacta medida da sua obra.
«O Padrinho», realizado em 1972, recebeu nesse ano os Oscares de Melhor filme, Melhor Actor para Marlon Brando e Melhor Cenário. O argumento foi adaptado do romance homónimo de Mario Puzo que também é co-autor na escrita do cenário do filme. O filme é considerado como um clássico da sétima arte e uma obra prima absoluta de um dos mais explorados géneros cinematográficos - o gangster. «O Padrinho» é também, sem exagero, um dos ícones da cultura ocidental.
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