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segunda-feira, março 16, 2009

A propósito da Feira do Livro na Biblioteca Nacional (descaracterizado)

"Adaptation" (2002). Spike Jonze



Quem escreve é aquele que trabalhou uma ideia, que tem uma especialidade, que tem alguma coisa para dizer, ou que é convidado a escrever pela sua cor ideológica. Há quem escreva porque é inocente ou foi inocentado de todas as culpas; que tem uma consciencia limpa, o que não significa uma consciencia vazia. Há quem escreve para se ater a uma virtude e cultivá-la; há quem escreve para desbravar novos terrenos, novas linguagens; há quem escreve porque não tem nenhum outro talento; há quem só sabe escrever aforismos; há quem só apenas apetece escrever fragmentos; há quem escreve e não diz nada; há, tambem, quem se debruce sobre a escrivaninha e pensa na moral e na ética de todos os dias... sem escrever uma única palavra.



Mas nunca ouvi alguem dizer «eu escrevo como um mercenário, só o faço quando me pedem». Para esse a escrita está despojada de um dos seus atributos essenciais: o desejo. E quem poderá dizer: «escrevo para não ter desejos incontroláveis»? Poderá ele escrever o desejo, (o que não significa descrevê-lo)? O desejo não realiza a escrita, actua em paridade. Isso tudo sem falar do caso em que escrever cria desejo.




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