Pensei numa proposta de Lei, que faça de Cabo Verde um paraíso para os criadores audiovisuais: funda-se um Instituto vocacionada para a cinematografia e artes audiovisuais que dependeria não de um Ministério da Cultura mas sim de um ministério da educação, ciência e tecnologia (penso que de deveria juntar a ciência e tecnologia á educação). Esse ministério proclamaria, então, uma espécie de lei de fomento e promoção de cinematografia e de sector audiovisual que contemplaria ajudas automáticas que se poderiam obter em percentagens adjudicadas pelas grandes empresas que actuam em Cabo Verde e que por seu turno obteriam incentivos fiscais por parte do governo. Com as convocatórias anuais que o nosso Ministério fizer para projectos de novos realizadores, filmes de carácter experimental ou documentários, as pequenas produtoras audiovisuais, que já existem no país, em vez de centrar os seus esforços apenas na publicidade institucional poderiam optar pela exploração da ficção e documentário. Teria ainda que haver, por parte dos intelectuais de esquerda no país, alguma vontade de premiar obras experimentais de decidido conteúdo artístico e cultural nas áreas de escrita de guiões, de realização de curtas e longas metragens de ficção e documentário. Cada convocatória fixaria o número de projectos fílmicos a serem beneficiados, assim como a sua quantia. Sim: isso seria o paraíso para qualquer criador na área das artes audiovisuais.
Mas, pé na têra, em Cabo Verde - pelo menos a ultima vez que dei uma olhada no decreto-lei do país relacionado com as medidas do nosso Ministério da Cultura - disponibilizava-se 500 contos caboverdeanos diluídas, em termos de sector visado, para a arte em geral e activismos culturais. Nada que contemplasse, especificamente, criações no domínio das artes audiovisuais. Não podemos desculpar-nos por sermos um país pobre. O dinheiro consegue-se em parcerias nacionais e internacionais. Não há vontade nem disponibilidade por parte do governo em por mãos á obra para um sector que simboliza, em qualquer parte do mundo, «o album de familias nacional». Nesse particular só estou mesmo a falar em elevar o audiovisual ao domínio da artes e na importância da criação individual *. Só assim teremos verdadeiros cineastas caboverdeanos.
É sabido que uma obra de arte ou uma iniciativa cultural só se pode concretizar com apoios financeiros, logísticos e morais. Mas, se quisermos a excelência, será preciso transcender isso em direcção á um movimento estético, a um conhecimento crítico da realidade e isso é da responsabilidade dos nossos ilustres intelectuais da praça e das instâncias governativas que detêem o dinheiro, bem como o controlo dos diferentes práxis lobbiesticas. [Ma é ta bira um grândi makakada si es «lobbie stétiku» traze se traz kel lobbie regionalista do tipo sampadjudu vs. badiu ou pior ainda um lobbie gay de kontornus mal definidus]..
Xam toma benson de Herbert Marcuse, que defendia a função cognitiva da arte: é possivel que os homens do poder vejam na arte de um determinado artista a força normativa que eles advogam para si mas na mesma linha podem torcer o nariz a qualquer obra criativa que lhes sussure ao ouvido «as coisas têem que mudar». Bem, é que aí não há mesmo dinheiro para ninguem. A máquina ideológica não lhe responderá: a esse segundo.
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* Só a título de exemplo, neste momento em Portugal (um pequeno país da UE) a PT Multimedia em colaboração com o Governo criou um fundo de 83 milhões de euros que foi colocada sob a égide do ICA (Instituto do Cinema e Audiovisual) para os próximos 5 anos de produção de documentários e ficção portuguesas ( aes també es kópia kel mudelu li di otos paízis europeu y dja ki nu ta stá só nas ses kadera, n'é?). De ressalvar que neste momento o ICA já disponibiliza 10.000 euros só para o capítulo de desenvolvimento de um projecto de documentário de criação.
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