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Mas, pé na têra, em Cabo Verde - pelo menos a ultima vez que dei uma olhada no decreto-lei do país relacionado com as medidas do nosso Ministério da Cultura - disponibilizava-se 500 contos caboverdeanos diluídas, em termos de sector visado, para a arte em geral e activismos culturais. Nada que contemplasse, especificamente, criações no domínio das artes audiovisuais. Não podemos desculpar-nos por sermos um país pobre. O dinheiro consegue-se em parcerias nacionais e internacionais. Não há vontade nem disponibilidade por parte do governo em por mãos á obra para um sector que simboliza, em qualquer parte do mundo, «o album de familias nacional». Nesse particular só estou mesmo a falar em elevar o audiovisual ao domínio da artes e na importância da criação individual *. Só assim teremos verdadeiros cineastas caboverdeanos.
É sabido que uma obra de arte ou uma iniciativa cultural só se pode concretizar com apoios financeiros, logísticos e morais. Mas, se quisermos a excelência, será preciso transcender isso em direcção á um movimento estético, a um conhecimento crítico da realidade e isso é da responsabilidade dos nossos ilustres intelectuais da praça e das instâncias governativas que detêem o dinheiro, bem como o controlo dos diferentes práxis lobbiesticas. [Ma é ta bira um grândi makakada si es «lobbie stétiku» traze se traz kel lobbie regionalista do tipo sampadjudu vs. badiu ou pior ainda um lobbie gay de kontornus mal definidus]..
Xam toma benson de Herbert Marcuse, que defendia a função cognitiva da arte: é possivel que os homens do poder vejam na arte de um determinado artista a força normativa que eles advogam para si mas na mesma linha podem torcer o nariz a qualquer obra criativa que lhes sussure ao ouvido «as coisas têem que mudar». Bem, é que aí não há mesmo dinheiro para ninguem. A máquina ideológica não lhe responderá: a esse segundo.
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* Só a título de exemplo, neste momento em Portugal (um pequeno país da UE) a PT Multimedia em colaboração com o Governo criou um fundo de 83 milhões de euros que foi colocada sob a égide do ICA (Instituto do Cinema e Audiovisual) para os próximos 5 anos de produção de documentários e ficção portuguesas ( aes també es kópia kel mudelu li di otos paízis europeu y dja ki nu ta stá só nas ses kadera, n'é?). De ressalvar que neste momento o ICA já disponibiliza 10.000 euros só para o capítulo de desenvolvimento de um projecto de documentário de criação.
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