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sexta-feira, dezembro 12, 2008

«O GRANDE SILÊNCIO» - PETER GRÕNIG

Um colosso de documentário realizado quase como uma profissão de Fé. Se este género audiovisual alguma fez sentido é com este este trabalho prodigioso de Philip Grõnig, que esperou 15 anos para finalmente ter autorização de entrar no santuário dos ascetas de um mosteiro, a norte de Grenoble, em França. Realizado com toda a paciência do mundo, é o primeiro filme sobre a casa-mãe da Ordem dos Cartuxos.
Fala-nos da presença do absoluto e a vida dos homens que aí dedicam a sua existência a Deus. Seduz ,pelo rigor, na escolha dos momentos de rezas, rituais e confissões e tambem pela subtileza com que revela um modo de vida, apartir de um subtexto donde emana a própria ideia da ascese. Utilizando interítulos como «Senhor tu me seduziste e eu me deixei seduzir por Ti» ou Se não és capaz de largar tudo e vires então não és meu discípulo» Philip Grõnig quis sublinhar o sentido de todo o trabalho de ascese praticado nesse mosteiro. Querendo perseguir o Absoluto, conduz-nos, ao longo de duas horas e meia de absoluta contemplação, com planos memoraveis da Natureza e dos rostos dos ascetas. A mim nunca o céu me pareceu tão pleno de sentido no cinema como agora. Aliás, só por acaso é que o filme termina porque na verdade não chegamos a apercebermo-nos disso: este filme é a arte da contemplação no seu auge e revela que o artista é, na verdade, mais parecido com um asceta, algo que não chegamos a entrever noutros trabalhos. Imprescindível para quem quer entender o porquê e para quê se fazem documentários.

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