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segunda-feira, maio 21, 2012

PRELÚDIO SOBRE O ESTATUTO DO ARTISTA


 “A palavra estatuto significa, por um lado, a consideração para com os artistas, numa sociedade […] e, por outro lado, o reconhecimento das liberdades e dos direitos, incluindo os direitos morais, económicos e sociais, aos quais os artistas têm direito.”
UNESCO – Recomendaçtions concerning the Status of the Artist. October 1980. In. 1. Definitions.

Introdução

É certo que a consideração pelos artistas na sociedade e o reconhecimento dos seus direitos e liberdades é uma questão que não se esgota na atribuição e definição de um Estatuto do Artista. O condicionamento que a ideologia, as classes dirigentes e as grandes produtoras impõem à comunidade artística é matéria para várias teses e não vamos, aqui, tratá-la em todas as suas implicações mas apenas referir que, ao longo da história, esses condicionalismos impediram, por vezes, a Arte, em geral, de ir mais longe e de criar comunidades vivas. Falamos aqui de um campo de estudo que tem vindo a tomar a forma de pesquisa “motivacional” nas teorias da Arte Contemporânea. Tais pesquisas não estão porém isentas de contradições e, como explica Dickie (2008): por oposição a esta tendência a crítica mais recente na história da arte tende a aproximar o mundo da Arte dos «processos de informação e comunicação». Outra tendência oposta é aquela que faz uso de conceitos culturais, ou seja, a de dar explicações que caracterizam a natureza da Arte em termos de fenómenos culturais. Estas duas últimas linhas metodológicas servem, aqui, de base à nossa interpretação do mundo da Arte e dos seus praticantes.

A Arte

Antes de mais, importa saber o que é a Arte em toda a sua dimensão. Read (2007), um dos estudiosos mais proeminentes neste campo de análise, pilar fundamental na área de comunicação e expressões artísticas integradas, entende a arte como um mecanismo orientador sem a qual «a civilização perde o seu equilíbrio e cai no caos espiritual e social.». Também a religião se pode enquadrar nesta perspectiva, a diferença é que a arte integra os aspectos religiosos e aprofunda-os ao nível da percepção estética. O problema reside, por isso, em definir a Arte em termos precisos funcionais que sirvam à sociedade e aos governos. Para Read (2007) o problema da justa definição deste ramo da actividade e do pensamento humano deve-se ao facto da arte ter sido tratada, antes, invariavelmente, como um conceito metafísico, quando se trata, fundamentalmente, de um fenómeno orgânico e mensurável.”(Read, 2007: pp. 27). Este autor aproxima a Arte da ciência e afasta-o da metafísica dada a presença da Forma e da Matéria presentes no mundo da Arte; e é enquanto fenómeno orgânico e mensurável que a Arte pode ser estudada e sistematizada nos seus aspectos estético, político e religioso.

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