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segunda-feira, maio 28, 2012

PRELÚDIOS SOBRE O ESTATUTO DO ARTISTA (5)

Van Gogh (1889) Auto-Retrato

O Reconhecimento do Artista

Apesar de aplicada ao contexto do multiculturalismo, a tese sobre a política de reconhecimento que Taylor (1993) escreveu esclarece, igualmente, para a Arte, a questão de «identidade» e de «reconhecimento», termos que ele diferencia como sendo duas realidades distintas: a primeira deriva de um conceito moderno que implica troca e a segunda resulta de um conceito pré-moderno, que carrega consigo a noção de distinção. Para esse autor apesar da «identidade» ser um processo interior e original ela não é alvo de um reconhecimento a priori, mas, sim, algo que deve conseguir-se através da troca, caracterizada pela avaliação sócio – afectiva. Deste modo, a sua tentativa é susceptível ao falhanço, ou seja, para Taylor «o que a idade moderna tem de novo não é a necessidade de reconhecimento mas sim as condições que podem levar uma tentativa de reconhecimento ao fracasso» (Taylor: pp. 55). Trata-se de um processo que ele descreve como tendo a seguinte lógica:

                    identidade ---» distorções ---» denúncia de distorções ---» reconhecimento

Ainda que consiga entrar nessa «festa dos artistas» para ganhar o Estatuto o indivíduo terá que passar por esse crivo moderno e, caso consiga isso, para não ser «rusga de certeza», terá, ainda, que responder pelo ideal de «autenticidade». Trilling (1969) , citado por Taylor (1993), escreve sobre isso em “Sincerity and Autenticity”e as explicações que este autor dá a propósito do ideal moderno de «autenticidade» podem traduzir-se, para este caso, numa simples questão: [eu, que sou artista] «consigo encontrar um modelo tal que me permita viver comigo mesmo de modo original num acto de introspecção a que S. Agostinho chama de «auto-consciência que ajuda a encontrar Deus»? (Entende-se Deus, aqui como esse lugar privilegiado que existe na nossa consciência: o princípio da criação). A resposta positiva a esta questão é, ainda, e só, um auto-reconhecimento. Uma vez que não existe Arte solipsista, e para que haja reconhecimento, é necessário haver um público, o tal «grupo de apresentação», que reconheça a obra e em relação ao qual se pode aplicar essa sinopse de Read (2007): “o caminho para uma apreciação autêntica da Arte passa pela Educação

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