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terça-feira, julho 19, 2011

LITERACIA MEDIÁTICA E OS EXPEDICIONÁRIOS DA VIDEOSFERA (2)

Segundo James Potter (2004) os construtores de conhecimento são motivados pela necessidade de obter informações particulares que deverão fazer parte de um corpus de conhecimentos pré-adquiridos. Uma vez satisfeita essa necessidade específica não fica nenhuma outra motivação em voltar novamente ao mesmo tipo de mensagens, quase nunca se expondo, de modo ritualizado, ao carácter degradante de alguns programas de mau gosto. Os “futuros expedicionários”, nesta categoria, não estarão preocupados com o facto de puderem encontrar coisas que entrem em desacordo com a sua visão do mundo. Pelo contrário, preferirão deparar-se com mensagens que contradizem essa visão fortalecendo, deste modo, a sua posição de desafio em reconciliar e sintetizar informações. Objectos audiovisuais polémicos e arrojados poderão resultar desse tipo de motivações.

Os conformistas ritualizados são, no entender desse autor, motivados por rituais, focalizando-se em determinadas narrativas. Eles se apoiam apenas em mensagens que apoiam a sua crença, visão do mundo e posições políticas. Prevenidos, raramente encontram mensagens que vão de encontro à sua necessidade e sentem que nunca é demais estarem expostos às mensagens que apoiam as suas crenças. A sua capacidade de produção crítica é, como tal, limitada.

Os redutores da dissonância são motivados apenas por narrativas que contribuam para reduzir uma certa carga negativa ou uma incerteza ocasional. Não se sentem impelidos a voltar novamente àquele tipo de narrativas que costuma apoiar as suas posições. Uma vez resolvida uma certa dissonância na sua visão das coisas já não resta aquela motivação em obter outros inputs visionários. Aquele que decidisse trilhar os caminhos da criação audiovisual e cinematográfica colocar-se-ia, imediatamente, na esfera de influenciador e estaria capacitado a elaborar produtos audiovisuais mais seguros e lúcidos do que a maioria.

Os géneros “junkies” são, por sua vez, motivados por necessidades ritualistas de atender à vários tipos de mensagens ou narrativas, tais como, novos programas. Regra geral, vêem um canal de desporto todas as tardes de sábado, por exemplo. A sua devoção vai mais no sentido de estarem bem com qualquer tipo de mensagem mesmo que isso lhes cause dissonância. Nesta esfera estão os crónicos seleccionadores de filmes e documentários submergidos numa lógica de consumo inexorável, o que impede, relativamente, a emergência de um espírito crítico e de produção de outras narrativas que deveriam, em princípio, reforçar a memória e o saber já existentes. Consoante o grau de consciência dos nossos expedicionários assim se torna a sua atitude mental e a propensão face ao material visionado: do consumo passivo à busca activa e produção efectiva.

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