MArtin Scorces ganha, por fim, o oscar, mais que merecido, de Melhor Realizador. Eu que sou cinéfilo estou estranhamente feliz.
TEMAS
terça-feira, fevereiro 27, 2007
segunda-feira, fevereiro 26, 2007
Oscares 2007: A Hora de Martin Scorcese
quinta-feira, fevereiro 22, 2007
APOCALYPSE NOW!
Apocalypse Now – Francis Ford Coppolla
Em 1979 F. Coppolla realiza Apocalipse Now e ganha a Palma de Ouro, ex-aequo com o Tambor de Volker Schloendorff no Festival de Cannes. O filme obteve ainda nesse mesmo ano o Oscar para Melhor Fotografia com Vittorio Storararo e Oscar de Melhor Som para Walter Murch, Max Buzer, Richard Beggs e Nat Boxer.
Em plena guerra de Vietname as autoridades militares americanas encarregam o Capitão Willard de reencontrar e eliminar o Coronel Kurtz que, depois de uma secessão com alguns fieis refugia-se na fronteira cambodjana num reduto inacessível, em pleno coração da selva. O Coronel Willard parte na companhia de uma pequena patrulha de soldados em direcção ao coração da guerra. Trata-se de serpentear um rio num meio hostil até chegar ao misterioso Kurtz, cuja voz Willard vai ouvindo numa cassete.
Diversos encontros ritmam o filme. Enfim, Willard chega ao ultimo reduto do Coronel Kurtz. O confronto entre os dois homens deixa logo perceber a sua profunda cumplicidade. Num longo monólogo carregado de conotações literárias e filosóficas Kurtz confessa-se a Willard de quem espera alguma expiação. Willard trá-lo com a morte – numa sequência no qual o carácter místico está sublinhado pela montagem paralela com o sacrifício de um boi.
A iluminação do filme pauta-se por um azul/branco artificial, estridente como uma dissonância, brutal como uma agressão, principalmente na cena em que os soldados de excêntrico Coronel Kilgore transformam o campo numa sala de espectáculo.
A trajectória que conduz Willard á Kurtz em Apocalypse Now é marcada pela solidão: á medida que Willard progride em direcção á Kurtz o vazio se faz á sua volta; as pessoas morrem, as trevas avançam. Kurtz, ele próprio, está só, no seu poder e na sua loucura e o confronto final é antes de tudo o confronto entre duas solidões.
Brando, soberbo mais uma vez, está como um encenador que dá indicações a um actor; ele envolve Willard pela sua palavra charmosa e acariciante. Investe-se da sua própria obsessão como um encenador que se descobre em actor.
O que diferencia Apocalypse Now de outros filmes de guerra é a visão surreal e alucinante que Coppolla conduz como um espectáculo, no qual as mesmas pessoas que fazem a guerra procuram esquecê-la. Neste aspecto o filme é, talvez, mais realista do que aquilo que parece á primeira vista, uma vez que mostra bem como a consequência da guerra depende de quem o faz.
Em 2002 Coppolla regressa de novo com uma nova versão na qual incluiu cenas que foram cortadas por imperativos da Productora. A sequência completa tem mais 50 minutos e chamou-se Apocalypse Now Redux. Inclui a famosa cena francesa que muito custou a F. Coppolla ver cortada na versão original.
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
Touro Indomável
Rodado por altura em que o próprio Scorsese travava uma luta pessoal para se livrar do vício da cocaína o filme se, analisado de forma superficial, transmite a ideia de que é a intenção do realizador é meramente fazer com que o protagonista Jake (Robert De Niro) desconte nos outros as surras que a vida lhe dá. Mas o que acaba por sobressair durante o longa não são os combates dentro do ringue, magistralmente filmados por Scorsese, mas sim, as constantes derrocadas de Jake fora dele.
“Touro Indomável” é um retrato demolidor do que pode acontecer a um ser humano quando se deixa consumir pela paranóia e, por essa razão, passa a não confiar naqueles que o rodeiam e zelam pelo seu bem.
Apesar de se tornar rico e famoso, ter um irmão e uma namorada que o amam, duas perguntas vêm à tona constantemente no decurso do filme: por que é que a vida familiar de Jake é um inferno permanente quando tem tudo para ser de outra forma? É possível ajudar alguém que não reconhece que precisa de ajuda? É no processo de construção das respostas para estas questões que reside o grande trunfo e lição do filme: um homem pode cair num ringue e se levantar, mas quando começa a cair por dentro de si mesmo pronto, o caminho da auto-destruição está encontrado.
Ao longo do filme que, conta com uma direcção impecável de actores, acabamos por perceber que para Jake a luta mais difícil não é aquela que ele trava contra os seus adversários que vai destroçando, um a um no ringue, com seu talento.
Ela é essencialmente contra os fantasmas derivados de seus complexos psicológicos (que o levam a pensar que é capaz de resolver tudo sozinho e à sua maneira) e sexuais (que o levam a agredir violentamente o próprio irmão por supor que ele anda a seduzir sua amada). E Jake acaba por pagar um pesado tributo nesta sua luta inglória contra inimigos sem rosto: passa da degradação moral à física e, de Ícaro que um dia chegou perto do sol, termina seus dias como contador de piadas em casas nocturnas.
“Touro Indomável” é definitivamente uma lição de boxe e de vida, um soco no estômago na ilusão da auto-suficiência humana. Aliás, Scorsese defende que “o maior dos pecados é o orgulho”.
sexta-feira, fevereiro 16, 2007
E assim S. Kubrick criou a maior ficção científica de sempre!
A música é especial. «Danúbio Azul» de Johan Strauss, para as valsas espaciais; «Also Sprache Zaratrusta» de Richard Strauss e Gyorgy Ligety e Aran Khatchaturian. Mas o que torna o filme tão fascinante independentemente da sua beleza visual e sonora? Trata-se sem dúvida do seu mistério central, do seu leitmotiv, que comanda as personagens e as conduz ao seu destino: o monolito negro.
O que é esse monolito, essa «abstracção concreta» que perturba e revoluciona? Várias explicações já foram avançadas por milhões de espectadores. Mas Kubrick não aponta definitivamente para nenhuma feliz ideia, o que dá ao filme essa abertura total em termos de conclusões. Stanley Kubrick diz que não se trata de uma mensagem que alguma vez tenha querido formular em palavras. Segundo o cineasta - «2001-Odisseia no espaço» é uma experiência não verbal: nas duas horas e dezanove minutos do filme, há um pouco menos de quarenta minutos de diálogo. Tentei criar uma experiência visual que superasse a sistematização do verbo penetrando directamente no inconsciente através de uma matéria emocional e filosófica.»
Stanley Kubrick não abusa de forma indiscriminada dos meios técnicos de que dispunha. O que é espectacular – no verdadeiro sentido da palavra – é a contenção que o cineasta revela nesta obra: os planos do seu filme são de uma calma inquietante e de uma estranha frieza. O filme possui um clima que raras vezes foi atingida nos «filmes de espaço» até hoje.
Fez-se uma versão restaurada de “2001 – Odisseia no Espaço» que foi apresentada no Festival de Berlim tendo sido projectada em 70 mm com som digital a 7 de Março de 2000, assinalando o aniversário da morte de Stanley Kubrick.
quinta-feira, fevereiro 15, 2007
terça-feira, fevereiro 13, 2007
Eisenstein - o Inventor da Montagem
É na montagem que residiu a maior novidade de Couraçado Potemkine. Está construído em forma de uma composição musical, em que cada um dos cinco episódios em que se divide corresponde a um andamento preciso, na qual a montagem deixa de ser a simples ligação de planos numa narrativa e transformar-se num ritmo cinematográfico de tipo novo.
Nos filmes de Eisenstein o espectador é levado a uma poderosa confrontação entre imagem e som mediante uma montagem intelectual, com tempos fortes e simbólicos numa história sempre clara, cheia de paixão, de tensões, de humor, de humanidade e de violências. Tudo ao serviço de uma estética marxista na qual a ideia comanda a forma, num grau de perfeição que raramente será depois igualado. Eisenstein criou ainda uma montagem de atracções na qual se junta, numa sequência, planos mais ou menos analógicos tomados em tempos e espaços diferentes para fazer com que eles signifiquem mais do que a sua simples aparência.
Um dos momentos mais citados do tipo de montagem que Eisenstein desenvolve neste filme é a dos leões de pedra, em Couraçado Potemkine, que parecem ganhar vida fruto de uma montagem sequência acelerada.
Enquanto David Grifith, outro criador fundamental do cinema, via a montagem como um processo de «construção», de colocação dos «tijolos», de uma ponta a outra, Eisenstein tentou concebê-la de uma forma teoricamente mais sofisticada. Para ele era da «colisão» de planos independentes e opostos que o significado nascia no espírito do público, isto é, pela dialéctica.
Como refere Gilles Deleuze [«Imagem Movimento»] Eisenstein elabora, na sua montagem, uma espiral , na qual num segundo instante adquire um novo poder, depois de se constatar o primeiro. Da tristeza á cólera, da duvida á certeza, da resignação á revolta. Concebeu, assim, planos antagónicos de forma quantitativa (um soldado, muitos soldados; um navio - uma frota); qualitativa (água-terra), intensiva (trevas-luz), dinâmica (movimento ascendente e descendente, da direita á esquerda e inversamente), como na famosa cena da Escadaria de Odessa.
No decorrer da sua carreira Eisenstein iria demonstrar uma muito profunda consciência dos recursos do cinema e a capacidade de lhes encontrar a mais perfeita tradução.
Sites para amantes de cinema
Joseph Mankiewiscz
www.imdb.com/ - site poderoso de pesquisas e compras dos mais recentes DVD nos mercados internacionais*
www.ifilm.com/ - um site extremamente completo com as últimas que iluminam a grande tela branca; pode ainda registar-se e ver filmes via web, para além dos "trailers" de filmes antigos, que são sempre uma pérola para os mais nostálgicos
www.cinema2000.pt Um site luso que vale bem a pena; e as referências não são para menos: Eurico de Barros, João Lopes, Nuno Henrique Luz e Vasco Câmara são os críticos de cinema que assinam as opiniões sobre os filmes que estão para estrear, já estrearam e ainda mais umas crónicas pelo meio. Pena é que os cibernautas só possam ficar a conhecer o rosto do jovem Vasco... Lá vão muitos continuar a pensar eternamente que os críticos são refugiados de Marte...)
www.screenwritersutopia.com - um site completíssimo sobre uma das partes mais importantes de um filme: o argumento; com opiniões de profissionais do meio, críticas a alguns argumentos e, melhor de tudo, com antevisões por vezes com 6 meses de antecedência de algumas das "bombas" que estão para estrear - um site para profissionais, amadores avançados que gostam de cinema, curiosos espevitados ou simples navegantes que estejam interessados em algo mais do que em fotogramas dos "blockbusters".
www.screenwriting.about.com - um site absolutamente imprescindível para cinéfilos, guionistas ou amadores apaixonados pelo guionismo; dicas, críticas, opiniões, chats, forums, há de tudo aqui, até a famosa lista dos 100 melhores filmes de sempre; só terá de perder algum tempo no início, para "ficar a conhecer os cantos à casa", mas a partir daí... uma jóia!
www.sensesofcinema.com - um site que se dedica á crítica apresentando uma galeria de cineastas como David Lynch, François Truffaut, etc.
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Shakespeare Sonnet-A-Day
Which I by lacking have supposed dead,
And there reigns love and all love's loving parts,
And all those friends which I thought buried.
How many a holy and obsequious tear
Hath dear religious love stol'n from mine eye
As interest of the dead, which now appear
But things removed that hidden in thee lie!
Thou art the grave where buried love doth live,
Hung with the trophies of my lovers gone,
Who all their parts of me to thee did give;
That due of many now is thine alone:
Their images I loved I view in thee,
And thou, all they, hast all the all of me.